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Agência Correio
Publicado em 23 de setembro de 2025 às 07:00
Entre os documentos mais intrigantes da antiguidade está o papiro que descreve um Egito mergulhado em tragédias. Ele fala de rios que parecem sangue, fome devastando a população, estrangeiros invadindo a terra e o choro dos que sofriam. O conteúdo guarda grande semelhança com os relatos bíblicos das pragas que teriam sido enviadas por Moisés. >
As 10 Pragas do Egito
Atualmente guardado na Holanda, o manuscrito é considerado uma cópia feita séculos depois de sua versão original, que teria circulado em um período ainda mais remoto. Mesmo assim, o texto continua sendo objeto de interesse acadêmico e religioso, já que pode representar um raro elo entre registros egípcios e a narrativa bíblica.>
As descrições contidas no papiro impressionam pela intensidade: sangue nas águas, fome sem precedentes, pragas e desordem social em toda a região. Esses pontos ecoam diretamente o que o livro do Êxodo relata sobre as pragas enviadas por Deus ao Egito.>
Apesar das coincidências, não há referências explícitas a Moisés, aos hebreus ou ao Faraó. A obra é estruturada de maneira poética, com linguagem figurada, o que exige cautela para evitar interpretações que tratem metáforas como registros históricos literais.>
Estudiosos afirmam que o manuscrito preservado remonta à XIX Dinastia, mas o texto base pode ser bem mais antigo, possivelmente anterior. Esse detalhe levanta hipóteses de que o documento seja contemporâneo de parte dos acontecimentos descritos na Bíblia.>
Porém, como aconteceu com muitos textos antigos, ele foi copiado e adaptado ao longo dos séculos, o que pode ter alterado trechos importantes. Essa incerteza impede a confirmação absoluta de que as passagens reflitam fatos ocorridos de forma literal.>
As passagens sobre sangue nas águas, pragas e lamentos lembram claramente os episódios do Êxodo. Para alguns pesquisadores, esse paralelo indica que os eventos bíblicos podem ter se inspirado em acontecimentos reais, preservados também por tradições egípcias.>
Entretanto, essas aproximações não garantem correspondência histórica plena. O manuscrito pode ser apenas um registro literário de períodos de instabilidade, sem relação direta com a saída dos hebreus do Egito.>
As diferenças entre os textos são relevantes. O papiro menciona invasões estrangeiras, algo ausente no relato bíblico, e não traz personagens ou detalhes centrais da narrativa do Êxodo. Essas lacunas são usadas como argumento por estudiosos que rejeitam a ideia de prova documental.>
Dessa forma, o papiro deve ser visto como uma fonte que levanta questões e possibilidades, mas não como evidência conclusiva. Ele continua sendo um objeto de estudo fascinante, mas que exige análise crítica e prudência em sua interpretação.>