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Roberto Midlej
Publicado em 7 de novembro de 2024 às 03:00
Criado em Nova York, em 2005, o festival Afropunk surgiu para dar mais espaço aos negros na cultura punk, onde eles não se viam representados. Com o passar dos anos, o evento passou a ser realizado em outras cidades - como Paris e Londres -, distanciou-se do punk e se tornou muito mais diverso musicalmente. >
A edição que acontece em Salvador neste sábado e domingo é uma demonstração dessa diversidade rítmica: vai desde o samba tradicional de Jorge Aragão até o pagodão de Léo Santana; do rap do Planet Hemp, surgido nos anos 1990, à revelação recente do trap baiano, Duquesa.>
Há ainda uma atração internacional, há muito tempo desejada pela curadoria do festival: Erykah Badu, que mistura soul, jazz, hip-hop e R&B. A cantora americana de 53 anos vem ao Brasil para se apresentar em Salvador, São Paulo e Petrópolis-RJ. Quando foi revelada, nos anos 1990, Erykah chegou a ser comparada a Billie Holiday e Bessie Smith e é considerada uma das responsáveis pela reinvenção da música soul.>
Em agosto, a cantora se apresentou na edição nova-iorquina do Afropunk e um dos curadores da edição baiana, Ismael Fagundes, esteve lá. “Fui lá para conhecer o festival e Erykah Badu era a grande atraçã da noite, fez dois shows para celebrar os 20 anos do Afropunk. Pude perceber que há semelhanças entre o público daqui e o de lá. Tanto lá como aqui, é um espaço de celebração dos corpos negros. Essa é a bandeira, onde quer que o festival aconteça”, diz Ismael.>
Ismael, que faz a curadoria junto com Potyra Lavor e João Gabriel Mota, diz que o Afropunk, quando seleciona as atrações internacionais, não se atém a nomes já consagrados, como Erykah Badu. Ele lembra que em 2022, veio a dupla colombiana Dawer x Damper e no ano passado, foi a vez de Victoria Monét. >
“Os colombianos, mesmo sendo desconhecidos no Brasil, arrebataram o público. Victoria Monét era conhecida por uma parcela do público, mas era uma aposta. Depois, acabou ganhando Grammies. Nós queremos trazer grandes nomes, mas também queremos apostar”, diz Ismael.>
Neste ano, destacam-se também três shows realizados em duplas: Ilê Aiyê convida Virginia Rodrigues, Lianne La Havas convida Liniker e Larissa Luz convida Edcity. “Não é uma regra do festival realizar essas apresentações em dupla, mas temos feito isso. O ‘feat’ de Edcity com Larissa foi proposto pela própria Larissa. Ilê com Virginia é uma homenagem a primeiro bloco afro brasileiro, que está completando 50 anos. E Virginia é uma grande artista que faz poucos shows em Salvador”, diz Ismael. Já a reunião entre Lianne La Havas e Liniker foi uma sugestão da curadoria do festival.>
A diretora de produção do Afropunk, Ana Cristina Santa Rosa, ressalta que o festival mantém uma estrutura para promover inclusão: “Oferecemos cadeira de rodas gratuitamente a quem te algum dificuldade de locomoção e pessoas preparadas para atender o público autista. Há também uma área para quem tem mobilidade reduzida assistir ao evento de forma reservada. A área prioritária recebe gestantes, pessoas com deficiência, idoso e obesos que tenham dificuldade de se locomover”.>
Há ainda um “espaço de acolhimento”, com psicóloga e advogado para atender o público em caso de assédio ou outros tipos de transtorno.>
Segundo Ana Cristina, há também diversidade gastronômica, com opções veganas e vegetarianas, além do cardápio tradicional, na área conhecida como Arena. No lounge, há opções preparadas por chefs convidados, como Jorge Washington, que dispõe de comida afroindígena, segundo Ana Cristina. >
A diretora de produção ressalta ainda uma a Praça das Baianas: “O acarajé é um patrimônio cultural da Bahia, então é natural termo uma espaço dedicado a elas”. >
Afropunk Brasil 2024. Parque de Exposições (Avenida Paralela). Sábado (8) e Domingo (9). Ingressos: R$ 170 | R$ 85 (Arena) e R$ 380 | R$ 190 (Lounge). Clube CORREIO: desconto de 18%>