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Maria Raquel Brito
Publicado em 7 de novembro de 2025 às 11:06
Entre os dias 3 e 30 deste mês, o Quilombo do Coqueiro Grande, em Cajazeiras, será sinônimo de criação, aprendizado e troca de saberes. O motivo é a segunda edição da Residência Artística iAMO, que promove um intercâmbio cultural entre artistas do Brasil e da Diáspora Africana. Com o tema “Tempo: sentido das frestas que vazam”, a residência propõe um mês de imersão, pesquisa e experimentação em torno das relações entre arte, ancestralidade e tempo. >
Realizada pelo Instituto Audiovisual Mulheres de Odun (iAMO), essa jornada terá uma programação especial, aberta ao público, até o dia 9 de novembro: conferências, rodas de conversa, exibições de filmes e sets com DJs, reunindo artistas, curadores, pesquisadores e realizadores de diferentes países. “Essa etapa da residência reforça o caráter internacional da iniciativa e o compromisso do iAMO com a criação de redes de colaboração entre o Brasil e a diáspora africana”, diz o instituto.>
Residência artística iAMO
A programação aberta teve início nesta quinta-feira (6), com atividades guiadas pelo tema "Feminismos, arte e memória". A primeira foi a conferência “Tempo: sentidos que vazam das frestas do feminismo aplicado às artes”, ministrada pela artista, curadora e educadora Barby Asante, do Reino Unido. Em sua obra, Barby investiga as políticas de lugar, espaço, memória e as marcas persistentes da escravidão e do colonialismo, a partir de metodologias feministas negras e decoloniais. >
O primeiro dia teve ainda a roda de conversa “Tempo: sentido das frestas que vazam do movimento azulado à flexibilidade do ferro”, com Juliana Oliveira Gonçalves, Inaê Moreira e o multiartista Sérgio Soarez (presente na 36ª Bienal de São Paulo) e mediação do curador e crítico de artes visuais João Victor Guimarães, e a exibição do filme “Criadas”, da cineasta negra e queer Carol Rodrigues, premiada no Festival do Rio e na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. >
Toda essa articulação internacional é resultado das conexões promovidas pela cineasta e gestora cultural Viviane Ferreira, diretora do iAMO e idealizadora da residência. No primeiro semestre de 2025, Viviane realizou uma série de intercâmbios em Londres, onde estabeleceu parcerias com instituições, artistas e curadores da diáspora africana. >
“A residência nasce no quilombo e se projeta como um espaço global de pensamento e criação. É um gesto de diálogo entre territórios negros do mundo”, afirma.>
Dia 07/11 – Pintura, som e resistência>
No dia 7 de novembro, às 14h30, a artista Phoebe Boswell (Quênia/Reino Unido) conduz a conferência “Tempo: sentidos que vazam da pintura aplicada às radicalidades sensoriais”, com mediação da curadora Janaina Oliveira. Boswell é reconhecida por entrelaçar desenho, vídeo, instalação e som, explorando temas como migração, corpo negro, feminilidade e memória em uma poética sensível e rigorosa.>
Às 17h, a roda de conversa “Tempo: sentidos das frestas que vazam dos sons das cidades” reúne o DJ Raíz (Ministereo Público Sound System) e a arquiteta e pesquisadora Maria Luiza de Barros, com mediação de Gabriela Leandro Gaia, do Acervo da Laje. A mesa propõe uma escuta sensível das paisagens urbanas, refletindo sobre cidade, som e corpo.>
Encerrando o dia, às 19h30, acontece a Mostra de Cinema Queer Chinês, em parceria com o Beijing Queer Film Festival, com presença do curador Guo Gao e do cineasta Popo Fan, com mediação de Darwin Marinho. A mostra exibe filmes que desafiam a censura e afirmam o cinema como gesto de resistência, entre eles “I Am Going to Make a Lesbian Porn”, sobre desejo, corpo e autonomia feminina.>
Dia 08/11 – Multiplicidades e ancestralidades>
O sábado, 8 de novembro, abre com a conferência “Tempo: sentidos que vazam das frestas da multiplicidade artística”, às 14h30, com Karina Griffith e Nyancho NwaNri, artistas da diáspora africana cujas obras atravessam performance, visualidades e memória. As artistas fazem parte do programa de residência Vila Sul do do Goethe-Institut Salvador. A mediação é de Viviane Ferreira, diretora do iAMO.>
Às 17h, a roda de conversa “Tempo: sentido das frestas que vazam da ancestralidade” traz Urânia Munzanzu, Rodrigo Antônio e Chica Andrade, também com mediação de Viviane Ferreira. A atividade propõe um diálogo sobre as continuidades e transformações das matrizes afro-brasileiras nas práticas artísticas contemporâneas.>
Às 19h30, acontece a sessão especial “Saison France Brésil 2025 – Nouveaux Regards & FICINE Arquipélago de Cinemas: Filmes Contemporâneos do Caribe”, com curadoria de Wally Fall e mediação de Janaina Oliveira. A Sessão Arquipélago de Cinemas celebra produções do Caribe e busca atualizar os fronts estético-políticos dos filmes desse território-mar. >
O programa é composto por quatro filmes que dialogam com a inventividade e opacidade desse grande arquipélago que é o Caribe. Entre eles os filmes: “O último elo” de Jepherson Guilaume, Yannis Alexis, Thierry Angerville; “Sereias” de Sarah Malléon, Pays Martinique, Genre Drame; “Rizoma” de Célia Dejoux, Laura Edouard, Aubane Nesty, Fabrice Celony, Mathieu Castard, Dylan Ceprika, e “Tropeçar é viver (Mantjé Tonbé Sé Viv)” com direção de Wally Fall.>
Dia 09/11 – Palavras, imagens e despedidas>
Encerrando a programação aberta ao público, o domingo (9) começa às 14h30 com a leitura de roteiro “Lélia Gonzalez: a intérprete do Brasil”, com Thalma de Freitas, Raoni Garcia, Hugo Martins e Jamile Cazumbá.>
Às 18h30, o projeto Literatura Transmídia promove um encontro com Fábio Mandingo e Cidinha da Silva, seguido de sessão de autógrafos e mediação de Jairo Pinto.>
A programação se encerra às 19h30, com a reprise da sessão da Mostra de Cinema Queer Chinês.>
Serviço>
O quê: Residência Artística Audiovisual iAMO 2025 – “Tempo: sentido das frestas que vazam”>
Quando: Residência: 3 a 30 de novembro de 2025 | Programação aberta ao público: 6 a 9 de novembro de 2025>
Onde: Quilombo do Coqueiro Grande – Avenida Aliomar Baleeiro, 15 – Km 10,5, Fazenda Grande 4, Cajazeiras, Salvador – BA>