Ator baiano Evaldo Macarrão será o novo rosto de Jupará

Remake de Renascer estreia na próxima segunda (22)

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Publicado em 15 de janeiro de 2024 às 06:00

O ator baiano Evaldo Macarrão na pele de Jupará
O ator baiano Evaldo Macarrão na pele de Jupará Crédito: Fabio Rocha/TVGlobo

Revelado para o Brasil no filme Capitães da Areia (2011), de Cecília Amado, o baiano Evaldo Macarrão, 32, acabou enveredando pela comédia. Fez sua estreia na TV em A Grande Família, interpretando a versão mais jovem do Pajé Murici, papel que era de Luís Miranda. Depois, passou quase dois anos - entre 2019 e 2020 - no Zorra, nas noites de sábado. Fez também as séries Humor Negro e o Bar do Gogó, ambas exibidas no Multishow e hoje no Globoplay.

Agora, Evaldo tem um desafio duplo no remake de Renascer, que estreia na próxima segunda (22). O obstáculo inicial é enfrentar um papel dramático, que, segundo Evaldo, tem leves pinceladas cômicas. O segundo desafio é interpretar Jupará de uma maneira autêntica e original, desvinculada da imagem que o público tem de Gésio Amadeu na versão original, de 1993.

Jupará é um fiel escudeiro de José Inocêncio, vivido por Humberto Carrão na fase jovem e depois interpretado por Marcos Palmeira. Ao lado de Deocleciano (Adanilo), Jupará ajuda também no manejo das roças de cacau do patrão. É um homem trabalhador e tímido, que se esforça para conquistar Flor (Julia Lemos), uma das moças da casa de Jacutinga (Juliana Paes).

Sabedoria popular

Quando definiu com a Globo que estaria em Renascer, Macarrão chegou até a assistir aos primeiros capítulos da antiga versão, para observar como Gésio atuava: “Mas, resolvi parar, porque lembrei de algo que Carla Lopes [que foi diretora de teatro de Evaldo em Salvador] me dizia: ‘a gente faz arte para alguém e não é só para a gente’. Se ele abriu este espaço para mim, vou retornar com elegância e criar minha versão de Jupará para homenagear Gésio”.

Em relação ao papel dramático, o ator diz que está disposto ao desafio: “Eu vinha fazendo muito humor na TV e queria fazer um drama, para mostrar ao público uma outra vertente minha. Muita gente não acredita que eu, em Salvador, no início da carreira, fiz Barrela no teatro, uma tragédia de Plínio Marcos”.

Barrela é passada numa cela e Macarrão vivia o preso chamado Bahia. Ali, os detentos dividiam seus dias, suas histórias, problemas e frustrações. Mas o ator reconhece que sua veia cômica, muito natural, estará presente em Jupará: “Os personagens de Renascer caem num lugar de leveza, então têm uma pincelada cômica. Não tem como minha veia cômica não aparecer”.

Jupará, segundo Evaldo, cultiva a sabedoria popular e, por isso, o ator compara a personagem à sua própria bisavó, Vicença, que viveu até os 104 anos em Terra Nova, a 75 quilômetros de Salvador. “Jupará é aquele senhor que olha pro céu e sabe logo se vai chover ou não. Sabe dizer a hora certa sem precisar olhar pro relógio, como minha bisa fazia. A gente perguntava a hora e ela dizia logo: ‘cinco e meia’. E quando a gente ia conferir, ela tinha dito certinho”, revela, com orgulho.

Na primeira fase de gravações, em outubro do ano passado, o elenco da novela veio à Bahia e ficou na mesma fazenda onde foi gravada a primeira versão, em Ilhéus. Macarrão tinha pouca intimidade com o ambiente rural, mas quando mais jovem ia à roça da bisa, em Terra Nova. “Ia às plantações com ela, via pé de carambola, jaca, banana... tudo isso ela plantava e colhia”, lembra. Foi ali também que ganhou algumas habilidades para montar a cavalo, uma das destrezas de Jupará. “Me considero bom montador”, diz.

letramento ancestral

Evaldo começou a carreira de ator quase acidentalmente, num grupo de teatro ligado ao CRIA - Centro de Referência Integral de Adolescentes, que até hoje existe no Pelourinho. Na época, há cerca de 16 anos, estava mais interessado na bolsa que recebia do que em seguir carreira. O valor, de R$ 60, equivale hoje a não mais que R$ 300: “E ainda recebia tíquete e vale-transporte! Quis entrar também porque ia ajudar minha mãe a botar o pão em casa”.

Embora nascido em família ‘não letrada’, como o próprio Evaldo define, a educação sempre foi valorizada em casa. “Temos nossa riqueza e o 'letramento ancestral', que para mim é muito mais valioso que qualquer outra coisa. Meu pai, que morreu em 2020, exigia muito e minha mãe, Aninha, também era muito atenta aos estudos”, lembra. E a persistência de seu pai, conhecido como Edvaldo do Repique, deu resultado: hoje, além de ator global, ele é também pedagogo, formado em 2018.

“Quando dei uma entrevista para o CORREIO, em 2019, meu pai andava com o jornal para todo lado, mostrando a todo mundo. Acho que ele ficou mais feliz em me ver dando entrevista que ao me ver na Globo”, lembra.