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Da Redação
Publicado em 27 de janeiro de 2018 às 16:50
- Atualizado há 2 anos
O estudante David Sousa Oliveira, de 22 anos, teve uma surpresa durante sua festa de formatura no curso de Direito, na noite da última quinta-feira (25), quando dois amigos chegaram com uma faixa bem sincera com os dizeres "Parabéns David!!! Mas lembre-se: doutor é quem tem doutorado".>
Ele conta que encarou a mensagem como uma brincadeira e também como um incentivo, pois pretende seguir a carreira acadêmica. Ele foi aprovado na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) antes de terminar o curso e diz que não faz questão de ser chamado de doutor.>
"Não faço questão [de ser chamado de doutor], acho que o fato de você chamar alguém de doutor afasta um pouco as pessoas. Prefiro que me chame pelo nome. Porque sou igual a todo mundo. Nem se tiver doutorado vou fazer questão", comentou, em entrevista ao G1 de Tocantins.>
Recém-formado na Universidade do Tocantins (Unitins), o jovem diz que pretende advogar e se especializar para trabalhar como professor no futuro. Em 2017, David Sousa conseguiu ajuda o amigo Felipe de Almeida Pinheiro, homem trans, a mudar o antigo nome feminino para um masculino. Aquela foi a primeira decisão do tipo no estado.>
O processo em que ajudou o amigo, inclusive, foi a área de pesquisa para o trabalho de conclusão de curso do bacharel em direito. Ele conta que pretende trabalhar ajudando as pessoas e não se vê fazendo outra coisa.>
"Quando fui escolher o curso, escolhi meio com medo porque a gente não sabe direito o que quer da vida. A gente dá um tiro do escuro, mas no meio do curso vi que não me vejo fazendo outra coisa. E como a minha intenção é trabalhar com pessoas eu quero mantê-las perto e não longe, por isso não faço questão de ser chamado de doutor".>
Doutor ou não?>
Segundo a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a cultura de se chamar os advogados de doutores remonta ao contexto do Brasil império. Isso porque teria sido um dos primeiros cursos criados no país, ao lado de medicina, e um decreto determinava que os formados nestas áreas fossem chamados de doutores.>
O decreto que atribui aos advogados a prerrogativa desse tratamento nunca foi revogado oficialmente, mas atualmente muitos advogados não fazem questão do título. Segundo a Academia Brasileira de Letras, os primeiros cursos superiores no Brasil foram Medicina, em 1808 e Direito em 1827. As primeiras cidades a ter o curso de Direito foram Olinda (PE) e São Paulo (SP).>