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Do colo da mãe à primeira vez ao vivo: show de Roberto Carlos mobiliza gerações em Salvador; confira

Apresentação na Boca do Rio reuniu fãs que herdaram o amor pelo artista dentro de casa

  • Foto do(a) author(a) Larissa Almeida
  • Larissa Almeida

Publicado em 26 de dezembro de 2025 às 23:08

Roberto Carlos em Salvador Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Do eu te amo mais profundo à lição de que é preciso saber viver, Roberto Carlos cantou, ao longo da carreira, todas as coisas que só podem ser sentidas com o coração. Nesta sexta-feira (26), foi a vez dele receber de volta toda a paixão que mobilizou e ainda mobiliza em gerações de fãs soteropolitanos, bem como em visitantes de outras cidades baianas, que não mediram esforços para ver o Rei, na Arena O Canto da Cidade, na Boca do Rio.

Quando o artista subiu no palco, às 21h25, a constatação da grandiosidade do momento veio através de música. Cantando Emoções, ele saudou o público na capital baiana vestido com um terno branco e ostentando um sorriso como resposta ao calor da plateia. Quando encerrou a primeira canção, fez questão de estender a conversa. “É cantando que digo o que sinto, o que penso, e tenho a chance de perguntar como vai você”, disse, dando sequência ao show.

Roberto Carlos mobiliza e emociona fãs durante show em Salvador por Arisson Marinho/CORREIO

Com um repertório de sucessos, incluindo Como É Grande O Meu Amor Por Você e Esse Cara Sou Eu, o cantor também trouxe músicas que tinham significados especiais para quem estava na plateia. Foi o caso de Lady Laura, que lembrou as irmãs Mariana Matos, 28 anos, e Ana Luiza Matos, 16, da mãe que mora em Lapão, na Chapada Diamantina, e não pôde ir ao show.

“Somos apaixonadas por Roberto Carlos desde pequenas, porque ouvimos nossa mãe cantando as músicas de todos os discos. Isso nos foi passado com muito amor. Quando ele canta Lady Laura e sobre a mulher de 40, é ela quem vem na mente. É por conta dela que estamos aqui e é por conta dele que minha irmã veio de Lapão. É um amor que quero passar para meus filhos e para as outras gerações”, afirmou Mariana.

Para a mãe e filha Jaqueline, 40, e Maria Eduarda da Silva Magalhães, 17, a música que marcou foi Cama e Mesa, por lembrar a elas do pai e avô, respectivamente. “Acabei gostando de Roberto Carlos por conta da minha mãe e do meu avô. Minha memória mais antiga é no carro do meu avô, quando ele colocou Roberto Carlos para tocar Cama e Mesa, e acabei me apaixonando pela voz. Hoje, estamos aqui para ver o primeiro show dele ao vivo e são tantas emoções. Um misto de felicidade, êxtase, ineditismo e saudade”, elencou Maria Eduarda.

Emoção que mobilizaDo colo da mãe à primeira vez ao vivo:

Antes mesmo das 19h, horário em que os portões foram abertos, já era possível ver centenas de pessoas nas filas e tantas outras chegando em caravanas. Em comum, o tom de azul na roupa, na maquiagem e até no cabelo confundia os mais desavisados, que facilmente poderiam confundir a ocasião com a festa para Iemanjá.

A aposentada Vera Lúcia Dantas, 69 anos, que tingiu o cabelo de azul pela primeira vez na vida, foi rápida em esclarecer as motivações por trás da predileção da cor. “Tudo é em homenagem ao rei Roberto Carlos. Admiro as músicas, o lado romântico, que é o que sempre me aproximou dele. Eu sempre dizia que no dia que ele viesse eu viria vê-lo, e foi o que fiz. Assim que anunciou o show, pensei na roupa azul, unhas azuis, o cabelo. Comprei o camarote e vim, sozinha”, contou.

Nos assentos que foram vendidos para o show, as aposentadas Acácia Maria Dias, 65 anos, Maria Délia Silva, 71, e Érica Dias, 30, já aguardavam a aparição do artista uma hora e meia antes do horário previsto. Tudo isso porque Maria Délia, a maior fã dentre as três, não estava se contendo de ansiedade. “Estou com taquicardia”, brincou, colocando a mão sobre o peito.

“Sou a mais velha das três, irmã de Acácia e madrinha de Érica. Para mim, é um sonho realizado estar aqui hoje. Vim de Jequié passar o Natal e aproveitar o show. Sou fã desde a adolescência e ainda me lembro quando ganhava do meu pai os vinis dele. No meu quarto, tinha pôsteres com fotos dele. É uma paixão antiga”, ressaltou.

Mesmo datada de décadas, a paixão se manteve viva a ponto de contagiar a irmã. Segundo Acácia, ambas criaram a tradição de sempre assistir o especial de Natal com Roberto Carlos juntas. Já a afilhada, a psicóloga Érica, estava ali para realizar o sonho da tia e madrinha. “Gosto muito dele, mas nada se compara ao amor delas”, admitiu.

Dentre as fãs mais empenhadas, estava a enfermeira Helenita Estrela, 62, que, dispensando faixas, toalhas ou camisas personalizadas, chegou cedo com um casal de amigos, por volta das 16h30, para garantir o local mais próximo da grade. Ela relatou que teve a vida marcada pelo amor dedicado a Roberto Carlos.

“Já fui atrás dele no Rio de Janeiro, São Paulo, Aracaju, Minas Gerais e, uma vez, dirigindo debaixo de um temporal para Vitória, com paredões e buracos na estrada, e eu só sentindo medo de perder o horário do show. Tudo isso porque, desde a infância, via fotos dos meus pais colocando os discos dele pra tocar e me ninando com as músicas. Lembrar disso me arrepia e considero estar aqui hoje um presente de Natal, porque é o primeiro show de Roberto Carlos que assisto de graça”, disse.

O amor pelo rei foi usado como tática de conquista do marido de Helenita, que a presenteava com flores e discos do artista. No casamento, foi a música dele que tocou e que segue tocando nos aniversários da união, que já dura 43 anos. E, como em uma dinastia, são as canções do rei que também embalaram o casamento da filha caçula da enfermeira, e, no que depender dela, seguirá encantando gerações.