Em show na Concha, Paralamas repassam quatro décadas de carreira

Apresentação será no domingo (14), às 19h

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  • Roberto Midlej

Publicado em 12 de julho de 2024 às 06:00

Bi Ribeiro, Herbert Vianna e João Barone
Bi Ribeiro, Herbert Vianna e João Barone Crédito: divulgação

A ligação dos Paralamas do Sucesso com a Bahia é antiga e o trio formado por Herbert Vianna (guitarra e voz), João Barone (bateria) e Bi Ribeiro (baixo) vem com frequência a Salvador, para a felicidade dos fãs baianos. Ainda celebrando o aniversário de 40 anos do grupo, completados em 2022, os três estão de volta à cidade neste domingo, às 19h, na Concha Acústica, com a turnê Clássicos.

No repertório, estão as canções que marcaram as quatro décadas de uma das bandas mais importantes da música brasileira, como Meu Erro, A Novidade e Melô do Marinheiro, além da sempre presente Alagados, que tem um dos riffs de guitarra mais marcantes do rock nacional. Nesta conversa com o CORREIO, Bi Ribeiro fala sobre a canção, cujo título faz referência ao bairro de Salvador que ficou conhecido pela sua favela formada por palafitas.

Bi também fala de momentos inesquecíveis que viveu no estado, como o casamento dele com a baiana Jaqueline Campos, na cidade de Amargosa, de onde ela é.

A amizade e a relação profissional com Carlinhos Brown também foi assunto do papo e o baixista fez muitos elogios ao colega baiano, autor de um dos maiores sucessos do Paralamas, Uma Brasileira, que, claro, também estará no show deste domingo.

Um dos maiores clássicos do Paralamas, Alagados, tem uma relação com a Bahia. Como surgiu a música?

Alagados foi inspirada no mote “a arte de viver dá fé, só não se sabe fé em quê”, que é a história de um cara que acorda num lugar sem saneamento, sem estrutura nenhuma, sem perspectiva de vida, de nada. Fizemos uma analogia a três lugares parecidos fisicamente, que eram casas em palafitas: Alagados, na Bahia; Favela da Maré, no Rio, que não existe mais; e Trenchtown, uma favela na Jamaica. Conhecemos [o local] Alagados em Salvador, quando fomos tocar no Clube Periperi e passamos por lá. Ficamos muito felizes porque, depois que a música saiu, o pessoal do Ara Ketu [ligado ao bairro de Periperi] nos chamou para uma homenagem.

Carlinhos Brown, que é baiano, tem uma relação próxima com os Paralamas. Como começou essa relação?

Nossa relação com Brown é muito antiga. No Carnaval de 1985, eu e João Barone viemos passar Carnaval aqui pela primeira vez na Bahia e conhecemos Brown tocando com Luiz Caldas, no trio. Um ano depois, ele foi ao Rio e tocamos juntos. Depois, veio a composição de Uma Brasileira [1995], que gravamos aqui em Salvador, no estúdio WR. Ele também deu duas músicas para a gente no disco Brasil Afora [2009]. Herbert fala que Brown é a maior expressão de genialidade com que cruzamos em toda a nossa estrada, porque é uma explosão de talento e ideias.

Vocês sempre vieram com frequência a Salvador, desde o início da carreira. Que lembranças inesquecíveis - profissionais e pessoais - vocês têm daqui?

A primeira vez que viemos aqui, em 2 de fevereiro de 1984, para abrir o show do Jimmy Cliff, no Bahiano de Tênis [clube social no bairro da Graça, que sediava shows]. Imagina: era 2 de fevereiro e a gente não conhecia Salvador, não tinha ideia de como era a festa de Iemanjá. Ficamos perplexos e a gente se apaixonou no primeiro dia. Outro momento inesquecível seria destacar um show, mas não consigo destacar só um. Então, todos os shows na Bahia e em Salvador são inesquecíveis, momentos únicos para tocar nesse estado e nessa cidade que a gente ama. E o último momento foi meu casamento: me casei no fim do ano passado em Amargosa.

Fala-se muito na “família” Paralamas. Depois do acidente de Herbert, vocês parecem estar ainda mais unidos. Você e Barone sentem-se no “dever” de cuidar dele?

Nós sempre fomos muito unidos e nunca foi um “dever” estar ao lado de ninguém aqui. É sempre um prazer. A gente quer estar junto, tocar junto, somos amigos, irmãos. E talvez essa unidade tenha parecido mais sólida depois do acidente, mas sempre foi a mesma coisa.

O Paralamas esteve no primeiro Rock in Rio, em 1985 e estará no próximo, em setembro. Qual a importância desse festival para vocês?

Qualquer artista que está escalado pra lá pensa a mesma coisa: um megafestival, a gente sente muito honrado em ser convidado mais uma vez, ainda mais porque é uma edição especial, de 40 anos. Vamos estar lá e pouca gente que participou do primeiro festival vai estar lá. Somos um dos representantes daquela edição. E naquele ano de 1985, o Rock in Rio foi a catapulta que a gente precisava para aparecer para todo o Brasil, porque já tínhamos algum sucesso entre Rio e São Paulo. E fomos tidos como a zebra daquele festival porque ninguém esperava nada.

Falou-se muito que a qualidade de som para as bandas brasileiras era inferior à oferecida às bandas estrangeiras.

A qualidade era a mesma para todo mundo, só que o equipamento que aparece no festival, todo vindo de fora, era um equipamento muito moderno e muita gente não soube lidar com aquilo, não soube operar. Então, foi mais falha humana que de equipamento. Ninguém limitou nada para ninguém, inclusive nosso som foi muito bom.

SERVIÇO

Paralamas do Sucesso. Domingo (14), às 19h. Concha Acústica. Ingresso: R$ 200 (terceiro lote. meia entrada esgotada). À venda no site Bilheteria Digital