Exposição promove imersão na natureza e nos saberes ancestrais indígenas com realidade virtual

Ao adentrar 'Floresta Encantada' mantenha os olhos e ouvidos bem atentos para explorar a fauna, flora e a herança ancestral indigena brasileira. Com auxílio da realidade virtual, paisagens e sons da natureza se materializarão nas salas da CAIXA Cultural Salvador e prontas para serem descobertas pelo público. A partir desta quarta-feira (21), às 19h, o espaço recebe a exposição 'Floresta Encantada', do duo paulistano VJ Suave, que funde tecnologia, natureza e cultura. A mostra tem entrada gratuita e fica em cartaz até o dia 28 de abril, com visitação de terça-feira a domingo, das 9h às 17h30.

“A Floresta Encantada é uma exposição imersiva que utiliza realidade virtual para transportar os visitantes para um universo mágico inspirado na natureza, fauna e flora brasileira, além da cultura indígena. A temática foi pensada para criar uma conexão profunda entre o espectador e a natureza, utilizando estética e sonoplastia que remetem ao ambiente natural e místico das florestas”, conta a artista visual Ceci Soloaga.

Ela e Ygor Marotta formam o duo VC Suave desde 2009, iniciativa que une os dois artistas digitais em trabalhos com projeção e realidade virtual. Seu carro chefe é o “Suave Ciclo”, triciclo audiovisual que conta com um projetor, uma caixa de som e uma bateria. Com ele a dupla explora as ruas de São Paulo, projetando imagens em movimento. A dupla já esteve em Salvador em 2018 no Festival SSA Mapping, onde projetaram no Fórum Ruy Barbosa o trabalho “Roda de Força”, um tributo ao Mestre Moa do Katendê.

De volta à capital baiana pela primeira vez com uma exposição, Ceci explica que o processo de pesquisa até a Floresta Encantada ganhar vida foi longo. Além do aprendizado e estudo nos elementos culturais que seriam representados, foi necessário o desenvolvimento de tecnologias imersivas para uma experiência completa. O resultado apresenta animações 3D, games interativos e sons espaciais, que pretendem transportar o público para esse ambiente e onde será possível escolher caminhos e ações. "A ideia é utilizar as novas mídias e tecnologias de última geração como ferramentas para disseminar conhecimentos pertencentes ao patrimônio cultural imaterial brasileiro", pontua Ygor.

Com óculos de realidade virtual, os visitantes poderão interagir com uma fogueira, uma onça-pintada e com o Pajé Txuã, poderoso curandeiro que conduz as pessoas pelo caminho do autoconhecimento a partir das plantas sagradas. Ceci Soloaga destaca que unir tecnologia com saberes dos povos indígenas foi uma parte fundamental do processo criativo. O duo convidou Txuã Pakamayte, uma das lideranças do o Povo Huni Kuin da região do Rio Envira, no Acre, para gravar as vozes do Pajé da Floresta Encantada.

“É dele que vem a mensagem de mãe natureza. 
Acreditamos que a arte pode ser uma ponte entre diferentes formas de conhecimento, e ao incorporar os saberes indígenas em nossa instalação, buscamos enriquecer as experiências audiovisuais. A inspiração para produzir a mostra vem da valorização da natureza e da vontade de criar diálogos entre a contemporaneidade tecnológica e as tradições ancestrais”, afirma a artista digital.

Em seus trabalhos, o VJ Suave busca a conexão com a temática da natureza e da cultura indígena, refletindo uma valorização dos saberes ancestrais e da conservação ambiental. E dessa vez dão mais um passo adiante com uma experiência sensorial completa. Ceci destaca que para o público, essa exposição pode ressoar não só no aprendizado dos elementos expostos, mas também através da própria riqueza cultural e da diversidade ambiental da região, incentivando reflexões sobre a importância da natureza e da preservação das culturas tradicionais.