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Da Redação
Publicado em 22 de agosto de 2010 às 14:50
- Atualizado há 2 anos
Nilma Gonçalves|Redação CORREIO>
Longe da televisão desde 2007, quando fez a série O Sistema, Selton Mello retorna agora como o misterioso e denso Dimas Bevilláqua, em A Cura. Na minissérie exibida às terças-feiras pela Globo/TV Bahia, ele exercita sua veia dramática, depois de uma sequência de personagens cômicos - provando que transita com desenvoltura entre os dois gêneros e entre o popular e o cult.>
Nascido em Passos, Minas Gerais, Selton é tranquilo, fazendo jus à fama de mineiro, não sendo visto em festas badaladas da capital carioca, onde mora. Reservado também quando o assunto é relacionamento, o rapaz que namorou Danielle Winits e teve um affair com Luana Piovanni está solteiro já há um bom tempo.>
Sem barriga de tanquinho e nem status de galã, Selton prova que não é desses artistas fabricados em série, nas oficinas de interpretação da moda e nos reality shows da vida. Com 37 anos de idade, ele faz parte de um seleto grupo de atores brasileiros que pode comemorar 30 anos de carreira. O currículo impressiona: são 30 papéis na TV, mais de 25 no cinema, além de peças de teatro, dublagens e direção de videoclipes e filmes. Daqui a cinco anos, poderia muito bem se aposentar por tempo de serviço, mas ao que tudo indica, isso está bemlonge de acontecer. >
Inquieto, Selton já tem pela frente diversos projetos. Como diretor, atividade que lhe dá mais prazer do que atuar, se prepara para a estreia de O Palhaço, seu segundo longa (o primeiro foi Feliz Natal, de 2008), que chega aos cinemas no ano que vem. Além de dirigir, ele também protagoniza o drama, ao lado do veterano Paulo José. >
Em entrevista ao CORREIO, Selton Mello reafirma porque é considerado - com o aval da atriz Fernanda Montenegro - o melhor ator de sua geração. >
Em O Palhaço, o ator é Pangaré, um palhaço que entra em crise de identidade>
Sabendo que você é um ator movido pela inquietude, acredito que tenha aceitado o papel de Dimas por ser um personagem diferente, denso... Como você descreveria ele?>
Como um personagem ambíguo, instigante. Aliás, muitos personagens da série têm essa característica e isto torna a história ainda maisinteressante. A dúvida faz parte do enredo de A Cura. >
Como foi voltar à TV, depois de três anos afastado dela e após afirmar que não tinha mais interesse em trabalhar na televisão? O que te fezmudar de ideia?>
Esse afastamento não foi algo planejado. As coisas caminharam como minha intuição pediu. Não sei o que farei nos próximos tempos, mas estava com saudades da TV e ando muito afastado do teatro também. Às vezes, sinto vontade de mudar o rumo das coisas. Nunca disse que não voltaria para a TV, estou sempre interessado em bons personagens e boas histórias, seja em TV, cinema ou teatro. Estou bem feliz com a resposta que estamos tendo do público que está acompanhando A Cura.>
Pode-se dizer que com A Cura você faz as pazes com a televisão? Existe a possibilidade de fazer uma novela ou esse tipo de produção não te interessa mais?>
Pretendo sim, o que gosto na verdade é de poder variar sempre. Terminei de viver um palhaço em meu novo filme como diretor, que estreia em 2011, e entrei de cabeça na complexidade do Dimas de A Cura. É muito saudável poder mesclar os gêneros e veículos.>
Em A Cura, você voltou às suas raízes mineiras. Como foi isso? Você preserva essa identidade mineira no seu dia a dia?>
Foi maravilhoso começar a gravar A Cura em Diamantina e mergulharnaquela atmosfera de mistério. Minha família é toda mineira, sou bastante ligado às minhas origens.>
Você acha que A Cura é uma série hermética, que atinge um público mais específico, ou é uma atração abrangente?>
Acho uma história incrível, que tem capacidade de cativar todo tipo de público. Já consigo sentir isso nas ruas, a série tem se comunicado muito bem.>
Você consegue fazer drama, comédia, ser popular e ser cult, tudo ao mesmo tempo agora. Como é ser tantos? O que mais te satisfaz entre todos esses?>
(Risos) Como eu falei, gosto de variar. Mas o que mais tem me dado prazer ultimamente é ficar atrás das câmeras, dirigindo. Isso deve se acentuar cada vez mais nos próximos tempos.>
O que acha do momento atual do cinema brasileiro? Que atores da sua geração você considera realmente talentosos? >
Um belo momento de criatividade e um momento nem tão bom assim nacomunicação com o público. Esse foi um dos motivos da minha volta para a TV, poder me expressar para um número grande de espectadores. Fico triste de nossas produções serem tão pouco vistas. O preço do ingresso para filmes brasileiros poderia ser um caminho, mas não sei se resolveria. É um tema complexo, não sei a solução. Dos atores da minha geração que admiro destaco Wagner Moura, Caio Blat e Daniel de Oliveira.>
Você é uma pessoa reservada e quase não se vê Selton Mello na mídia, a menos que seja para o lançamento de algum projeto. Como você consegue manter a privacidade? Se esforça muito para isso?>
Sou um mineiro típico (risos). É a melhor resposta que posso te dar. Não faço esforço nenhum para me manter preservado. Está cravado no meu DNA o talento para não chamar a atenção quando não é preciso (risos).>
Até por ser um cara mais low profile, como lida com o assédio dos fãs? Te incomoda?>
O assédio que tenho dos fãs é algo muito bonito de se sentir. Não tem histeria e sim respeito e admiração pelas minhas escolhas. Tenho uma relação muito saudável com as pessoas que admiram o que faço. Sou muito grato, sobretudo pela atenção que o público oferece aos meus personagens. Muito grato mesmo.>
Quando estreia o filme O Palhaço? Como foi atuar e dirigir neste filme? E como foi atuar ao lado de Paulo José?>
Ainda tenho muito trabalho pela frente com o filme, meu segundo longa-metragem como diretor, que me proporcionou uma alegria imensa. Dirigir e atuar ao mesmo tempo foi algo bastante natural. Foram três meses de convivência com Paulo José, e essa experiência com um ator que tanto admiro, eu vou guardar para sempre. Estreia em 2011. Espero que muitas pessoas possam ver nosso filme, que está ficando lindo.>
Tem algum ator com quem você ainda deseja trabalhar?>
Sim! Ainda não tive o privilégio de atuar com Fernanda Montenegro. Adoraria fazer algo em teatro com a Mariana Lima, atriz que respeito muito. >
É verdade que você vai fazer par romântico com Grazi Massafera em um filme que está a caminho? Como será a trama? Já começaram as filmagens?>
Esse é um filme que ainda está em preparação e não posso falar sobre ele ainda.>
Quais são os seus próximos projetos no cinema, no teatro e na TV?>
Depois das gravações de A Cura, me dedico totalmente ao filme O Palhaço. Quero que o filme fique à altura do público que curte o que faço e vou trabalhar com muita calma na finalização dele.>