Empresas adotam novas políticas de redução de resíduos e geram mais oportunidades de negócio

Muito além da reciclagem: nova visão sobre economia circular fomenta inovação na indústria, comércio e serviços

  • Foto do(a) author(a) Priscila Natividade
  • Priscila Natividade

Publicado em 24 de maio de 2024 às 05:00

Novos rumos do conceito de economia circular estimulam empresas a inovar na gestão de resíduos
Novos rumos do conceito de economia circular estimulam empresas a inovar na gestão de resíduos Crédito: Elias Dantas/ Alô Alô

O conceito de economia circular vem passando por transformações ao longo das décadas e agora avança no sentido de significar novas políticas de redução de resíduos, aliadas a oportunidades de negócios para as empresas. O assunto foi tema do Painel ‘Impacto Social, Economia Circular e Políticas de Redução de Resíduos’ no ESG Fórum Salvador, evento que reuniu empresas, representantes dos principais segmentos da cadeia da indústria, comércio e serviços para debater caminhos que possam impulsionar e dar visibilidade às boas práticas ambientais, sociais e de governança dentro das organizações.

Mediado pelo editor e colunista do CORREIO e apresentador do programa Política & Economia, Donaldson Gomes, a mesa contou com a presença de André Sá, empresário e consultor na área de turismo e sustentabilidade, diretor da Rede de Hotéis Lazar; Giovanna Victer, secretária da Fazenda do Município de Salvador; Leana Mattei, diretora da Aganju ESG & Impacto Social; e Pedro Alban, arquiteto e fundador da Arquivo, empresa que estimula o reuso de materiais na construção civil.

No centro do debate, uma nova visão da gestão de resíduos que coloca a reciclagem em uma dimensão muito maior do que só catar latinhas ou trocar a embalagem de plástico pelo vidro. André Sá defende que hoje existe uma exigência muito real do consumidor com relação à minimização do desperdício e maximização da utilização dos seus recursos até mesmo no segmento de turismo. A economia circular está presente em vários aspectos do consumo. É cada vez maior uma cobrança e os empresários da área de turismo estão atentos. A economia circular é também energias renováveis, gestão hídrica, captação de água de chuva, reuso”.

"É cada vez maior uma cobrança e os empresários da área de turismo estão atentos. A economia circular é também energias renováveis, gestão hídrica, captação de água de chuva, reuso"

André Sá
 empresário e consultor na área de turismo e sustentabilidade

Giovanna Victer, concorda: “A economia circular não é só reciclagem. As pessoas estão presentes na economia circular desde o processo produtivo, da etapa de extração desse recurso. A produção precisa de pessoas, o consumo precisa de pessoas e o próprio descarte também. Quando a gente falava inicialmente de economia circular havia esse equívoco. Hoje, já se consegue incorporar uma visão mais integrada, sistêmica, trazendo as pessoas mais para o centro para essa economia”.

Inovação

Um exemplo inovador é a Arquivo Reuso de Materiais. A empresa fundada pelo arquiteto e artista visual Pedro Alban, é pioneira na desmontagem de imóveis e reutilização desses materiais. Diferente de reciclagem, a ideia é desmontar, recuperar e revender. “Reutilização é uma coisa diferente de reciclagem, eu não estou triturando nem derretendo material para fazer nada. Eu estou pegando uma coisa, como uma janela, uma porta e outros materiais, que vão para outras pessoas, desmontando e pensando a economia circular de uma forma diferente. Existe aí um potencial de geração de emprego enorme, porque a desmontagem ela emprega muito mais do que perder material e dinheiro”, explica.

"Existe aí um potencial de geração de emprego enorme, porque a desmontagem ela emprega muito mais do que perder material e dinheiro"

Pedro Alban
Arquiteto e fundador da Arquivo

Uma nova forma de pensar a economia circular também está no radar da administração pública. Na abertura do Fórum na noite de quarta-feira (22), o prefeito de Salvador, Bruno Reis, anunciou ações para o futuro sustentável de Salvador, entre elas, a migração da frota da prefeitura, que utiliza gasolina, para o uso exclusivo do etanol, a implantação de comitês de sustentabilidade, além do GT de emergências climáticas.

“O papel dos governos nessa agenda ESG é de coordenação, de integrar atores e instituições, fomentar parcerias, financiar essa agenda. Ou seja, ser também exemplo de iniciativas que podem ser tomadas por empresas, pessoas, condomínios, que podem estimular essa cultura de reaproveitamento, redução e uso sustentável de recursos”, destaca Giovanna Victer.

Ao final do painel, Donaldson Gomes reforçou a importância desse debate. “A coisa mais rica desse evento é o fato de reunir o poder público com a iniciativa privada. Trocar ideias, experiências, trazer sugestões. A gente tem um costume muito enraizado de olhar a atividade empresarial sempre por um viés negativo, de que o empresário é predador, é destruidor. E quando você faz um evento como esse e mostra ações positivas, estimula outras pessoas a adotarem boas práticas também”.

O III ESG Fórum Salvador é um projeto realizado pelo Jornal Correio e Site Alô Alô Bahia com o patrocínio da Acelen, Alba Seguradora, Bracell, Contermas, Grupo Luiz Mendonça - Bravo Caminhões e Ônibus e AuraBrasil, Instituto Mandarina, Jacobina Mineração - Pan American Silver, Moura Dubeux, OR, Porsche Center Salvador, Salvador Bahia Airport, Suzano, Tronox e Unipar; apoio da BYD | Parvi, Claro, Larco Petróleo, Salvador Shopping, SESC, SENAC e Wilson Sons; apoio institucional do Sebrae, Instituto ACM, Saltur e Prefeitura Municipal de Salvador e parceria do Fera Palace, Happy Tour, Hike, Hiperideal, Luzbel, Ticket Maker, Tudo São Flores, Uranus2, Vini Figueira Gastronomia e Zum Brazil Eventos.