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Treinador da seleção brasileira cobrou punições exemplares das autoridades
Estadão
Publicado em 25 de março de 2024 às 15:29
O técnico Dorival Júnior tomou as dores de Vinicius Jr. para si e pediu um basta, não apenas na Espanha, mas ao mundo. Vendo uma de suas jovens estrelas sofrendo por causa do racismo nos gramados espanhóis, o treinador da seleção brasileira cobrou punições exemplares das autoridades e fez uma apelo para que o planeta "seja mais igual e humano."
O atacante do Real Madrid chorou na coletiva desta segunda-feira antes do amistoso com a Espanha no Santiago Bernabéu e revelou que sente cada vez "menos vontade de jogar futebol." Um dos principais nomes da seleção brasileira, o jogador tem somente 23 anos e o jogo foi marcado justamente para mandar uma mensagem que não há espaço para discriminação e racismo no futebol.
"Acho que espanhóis e brasileiros se respeitam demais, são povos extremamente amigáveis, receptivos e fazem da cordialidade seu caminho para uma aproximação. Mas é lamentável o que temos visto, fiquei sabendo da entrevista, o que está acontecendo com um garoto ainda, um jovem finalizando sua formação e que infelizmente tem de passar pelos momentos que passou", lamentou o treinador, pedindo punições mais rígidas.
"Sabemos que é uma minoria, pessoas que vão com problemas internos e que jogam para cima de um garoto todo aquele ódio e rancor que possuem. Sinto muito por isso. Se houve um crime, e constatado pela Justiça, tem de ser punido em todos os aspectos, doa a quem doer, estejamos onde estivermos", cobrou. "Aconteceu, tem de ser averiguado e punido, senão vai perdurar por tempos e tempos criando uma animosidade ainda maior. Tem de respeitar o próximo sempre, em qualquer situação e espero que isso aconteça no jogo e seja um divisor na vida desse garoto em um país tão especial como é a Espanha."
Apesar de o amistoso ter sido marcado para transmitir uma mensagem ao planeta, Dorival prega que seja disputado em clima harmonioso e sem sentimento de vingança. "A emoção não pode extrapolar. Com isso, perdemos a razão. Temos um sentido na vida que é o respeito aos nossos semelhantes, sempre. Não podemos levar isso a campo", pediu Dorival Júnior. "Viemos para um compromisso esportivo. Do outro lado são atletas e companheiros de profissão que se respeitam e farão de tudo para termos um grande espetáculo", seguiu, garantindo que a culpa pelo racismo não vem de dentro de campo.
"São companheiros de trabalho e não têm responsabilidade sobre isso (racismo). Mas é um apelo ao mundo. O mundo precisa ser um pouco mais igual e humano. Isso é um fato natural", apelou o comandante verde e amarelo, ciente que a mensagem tem de se fazer valer a todos.
Sobre o jogo, o técnico garante que o peso do resultado não pode interferir em uma largada de trabalho e, mesmo após ganhar da Inglaterra em Wembley por 1x0, sábado, pede calma pois a seleção brasileira sob sua direção dá apenas os primeiros passos
"Acredito sempre no trabalho para que encontremos resultados. Não acredito no imediatismo. Futebol não se queima etapas, ainda estamos em processo inicial, por isso qualquer resultado que aconteça, quer seja vitória, não nos tirará do caminho, uma derrota tampouco", afirmou, evitando euforia desnecessária e, ao mesmo tempo, possíveis cobranças antes da hora.
"São duas equipes que se conhecem, se respeitam, e naturalmente lutarão pelo melhor resultado possível. Mas não quer dizer que teremos problemas agravados para um ou outro lado caso não aconteça um resultado positivo. Temos de ter equilíbrio na profissão, pois o nível de exigência é muito alto. O que conseguirmos realizar, e ficará marcado um dia na seleção, demandará tempo, paciência, trabalho e repetições. Esses itens e fatos nos levarão à excelência, sempre".