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Marina Branco
Publicado em 7 de março de 2025 às 21:10
Quadros psicológicos como ansiedade e depressão pós-parto dificultam muito a qualidade de vida de quem sofre com eles, e busca qualquer alternativa para melhorar seu dia a dia. Entre remédios, terapia e outras soluções, muitas vezes a prática de exercícios físicos é deixada de lado, mas pode ser a grande saída para muitos pacientes. >
Apenas 80 minutos por semana praticando algum esporte moderadamente já ajuda muito a aliviar sintomas de depressão e ansiedade para mulheres que se tornaram mães recentemente. É possível até mesmo atuar de maneira preventiva, evitando quadros de depressão pós-parto quando praticado desde antes do nascimento do bebê. >
As descobertas foram feitas por um estudo feito por cientistas da Universidade de Alberta, no Canadá, e publicado no British Journal of Sports Medicine. De acordo com a pesquisa, atividades físicas devem ser tratadas cada vez mais como possíveis soluções para quadros clínicos. >
É o que comenta o psiquiatra Elton Kanomata, do Hospital Israelita Albert Einstein: “A atividade física é uma das formas de tratamento não farmacológico com maiores níveis de evidência, sendo fortemente recomendada em quadros depressivos ou ansiosos leves, ou, ainda, associada ao tratamento farmacológico”.>
A pesquisa revisou 35 estudos, originados de 14 países diferentes. Neles, 4.072 mulheres foram avaliadas para chegar à conclusão de que a prática esportiva em pelo menos quatro dias da semana durante os três primeiros meses pós parto atua diretamente na redução do risco de desenvolver depressão pós-parto. >
A queda na probabilidade chega a 45%, e afeta também sintomas de depressão e ansiedade. Simples caminhadas, passeios de bicicleta ou ioga já são suficientes para aliviar os casos, e quanto mais prática acontece, mais benefícios surgem e menos sintomas são percebidos. >
O único cuidado a ser tomado é em relação à liberação do ginecologista ou obstetra que acompanhou a gestação e o parto da mãe, obedecendo ao momento certo de retomar atividades físicas. Também é interessante o acompanhamento psicológico, já que no período pós-parto as mulheres precisam lidar com mudanças hormonais, novas responsabilidades e privação de sono.>
“Os benefícios colhidos não são somente pela atividade física em si, mas também por ser um momento reservado para a individualidade dessa mulher, além de socialização e circulação por diferentes ambientes”, comenta Kanomata.>
A depressão pós-parto não é o único transtorno psicológico que pode ser enfrentado por mulheres que se tornaram mães recentemente. Existe também o quadro de baby blues, com alterações emocionais leves e não patológicas, derivadas dos hormônios, falta de sono e mudanças intensas. >
Em casos de baby blues, os principais sintomas são choro fácil, alterações rápidas de humor, ansiedade, irritabilidade, cansaço físico e mental e sensação de sobrecarga. Comumente, os sintomas diminuem sozinhos com poucas semanas, ao contrário da depressão pós-parto. >
Nesses casos, os sintomas chegam a ser clínicos e persistem mesmo após a fase inicial de vida do bebê. “Nesta situação, é importante que ela procure ajuda especializada para confirmar o diagnóstico e considerar o tratamento farmacológico”, afirma o psiquiatra.>
Casos de depressão pós-parto são mais comuns em mulheres que passaram por partos complicados ou tiveram altos níveis de estresse e privação de sono no início da vida do bebê. Outros agravantes podem ter origem genética, ou serem originados da própria personalidade da mãe, além de eventos traumáticos do passado da mulher, como isolamento, falta de suporte social, histórico de transtornos mentais e violência ou abuso de substâncias.>
O quadro afeta cerca de 19% das mulheres, mas a maioria delas nem mesmo chega a ser diagnosticada, colocando em risco não só a mãe, como também o bebê. Os principais sintomas são o humor deprimido além das duas semanas iniciais, falta de energia, pouca alegria, dúvidas em relação à própria capacidade de cuidar do recém-nascido, e até mesmo pensamentos sobre se machucar ou ferir o bebê.>