Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Tharsila Prates
Publicado em 14 de julho de 2025 às 23:16
Uma entrevista do novo diretor da base do Flamengo, o português Alfredo Almeida, deu o que falar nesta segunda-feira (14). O dirigente foi questionado sobre uma declaração do diretor de futebol do time, José Boto, a respeito da formação de jogadores no Brasil e uma suposta perda de talento em detrimento de tentar copiar o modelo praticado na Europa. >
"O que o atleta brasileiro tem, provavelmente, não há em mais nenhuma parte do mundo. Tem a ver com o dom, a magia, a irreverência, a relação com a bola. Isso não existe em quase nenhuma parte do mundo. Depois, existem outras zonas do globo que têm outras valências", disse Almeida na coletiva. >
Nesse momento, o diretor exemplificou o que estava querendo dizer, afirmando que atletas do continente africano têm "valências físicas" como sua principal característica, enquanto os da Europa se destacam pela "parte mental".>
"Por exemplo, a África tem valências físicas como em quase nenhuma parte do mundo. Na parte mental, temos que ir a outras zonas da Europa e do globo. E há uma realidade do Brasil em que pensaram que o europeu vinha ao Brasil comprar força, atletas altos, grandes, fortões. Se formos a realidade do Brasil, existe regra e exceção. Exceção nós temos o Ronaldo Fenômeno, que tinha tudo. Mas a regra é termos os Neymares da vida. Jogadores franzinos, mas que a bola faz parte do corpo, que descobrem soluções em campo como ninguém", continuou.>
Após a divulgação da fala polêmica, o jornal O Globo procurou a assessoria do Flamengo, e o português se retratou, em nota. Ele disse que tentou fazer uma explanação "sobre os diferentes perfis de atletas ao redor do mundo e as valências que costumam ser observadas por clubes no processo de formação e recrutamento".>
"Um trecho específico da minha fala, isolado do contexto geral, acabou gerando interpretações que em nada refletem meu pensamento. Por isso, peço desculpas se a forma como me expressei causou qualquer desconforto. Não houve, em momento algum, a menor intenção de soar discriminatório", afirmou o diretor da base do Flamengo. Confira a nota enviada ao jornal:>
Durante a entrevista coletiva de minha apresentação como diretor da base do Flamengo, fiz uma explanação mais ampla sobre os diferentes perfis de atletas ao redor do mundo e as valências que costumam ser observadas por clubes no processo de formação e recrutamento.>
Um trecho específico da minha fala, isolado do contexto geral, acabou gerando interpretações que em nada refletem meu pensamento. Por isso, peço desculpas se a forma como me expressei causou qualquer desconforto. Não houve, em momento algum, a menor intenção de soar discriminatório.>
Tenho total consciência de que há atletas com grande capacidade tática no futebol africano, assim como existem jogadores europeus com enorme talento criativo e brasileiros com impressionante força física. As características dos jogadores não se limitam à sua origem geográfica.>
Reforço meu respeito a todas as culturas, povos e escolas do futebol. Sigo comprometido com o trabalho de formação no Flamengo, pautado por valores como inclusão, diversidade, ética e desenvolvimento integral dos nossos atletas.>