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Estadão
Publicado em 6 de junho de 2025 às 13:39
Campeã olímpica em Paris-2024, a argelina Imane Khelif desistiu de disputar a Copa do Mundo de boxe, em Eindhoven. A atleta, alvo de polêmica durante os Jogos Olímpicos, não se inscreveu a tempo de competir na Holanda. Uma semana antes, a World Boxing havia anunciado testes obrigatórios de gênero para todos os boxeadores. >
"A decisão de excluir Imane não é nossa. Lamentamos isso", disse o diretor de mídia da competição, Dirk Renders, em entrevista à agência Associated Press.>
Khelif pretendia retornar às competições internacionais em Eindhoven neste fim de semana, antes que a World Boxing anunciasse sua nova política de testes de sexo na última sexta-feira. O órgão regulador mencionou especificamente a atleta de 26 anos, argumentando que ela teria que aprovada no exame para lutar em qualquer evento futuro, incluindo a Copa do Mundo, em Eindhoven.>
A decisão polêmica gerou repercussão até mesmo fora do mundo esportivo. O prefeito de Eindhoven, Jeroen Dijsselbloem, criticou o anúncio da World Boxing. "No que nos diz respeito, todos os atletas são bem-vindos a Eindhoven. Excluir atletas com base em 'testes de gênero' controversos certamente não se encaixa nisso", escreveu Dijsselbloem em uma carta endereçada à Federação Holandesa de Boxe e à Federação Internacional de Boxe. "Estamos expressando nossa desaprovação a essa decisão hoje e pedimos à organização que admita Imane Khelif, afinal.">
Khelif conquistou a medalha de ouro na Olimpíada de Paris-2024 em meio a um escrutínio internacional sobre ela e Lin Yu-ting, de Taiwan, outra medalhista de ouro. O órgão regulador anterior do boxe olímpico, a Associação Internacional de Boxe (IBA), dominada pela Rússia, desclassificou as duas lutadoras do Mundial de 2023, alegando que elas não passaram em testes de elegibilidade.>
Mas a IBA foi banida por décadas de irregularidades e controvérsias. O Comitê Olímpico Internacional (COI) organizou os dois últimos torneios olímpicos de boxe em seu lugar e aplicou as regras de elegibilidade de sexo usadas nas Olimpíadas anteriores. Khelif e Lin eram elegíveis para competir sob esses padrões.>
Desde então, a World Boxing foi provisoriamente aprovada como organizadora do boxe nos Jogos de Los Angeles-2028 e tem enfrentado pressão de boxeadores e suas federações para criar padrões de elegibilidade de sexo. Seu presidente, Boris van der Vorst, pediu desculpas depois que Khelif foi destacada no anúncio do órgão regulador na semana passada.>
Khelif planejava defender sua medalha de ouro no peso meio-médio nos Jogos de Los Angeles, mas alguns boxeadores e suas federações já se manifestaram contra sua inclusão. A argelina conquistou o ouro no evento de Eindhoven no ano passado, derrotando a australiana Marissa Williamson-Pohlman na final - em uma preparação para a Olimpíada de Paris-2024.>