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Moyses Suzart
Publicado em 7 de dezembro de 2025 às 18:03
O Vitória é aquele baiano que já entrou no cheque especial, está pedindo pix para familiares, mas estava lá na fila para comprar ingresso para ver o Guns N' Roses. O time baiano se recusa a ficar fora da festa. Mesmo com todas as dificuldades financeiras diante de clubes torrando grana, o Leão se nega a ser rebaixado. Mais uma vez, mesmo com uma temporada no Brasileirão desafiando a matemática, o rubro-negro baiano mostrou que a raça novamente falou mais que o dinheiro e escapou na reta final. O Leão é Série A 2026 ao vencer o São Paulo, num Barradão tradicionalmente lotado, por 1x0, com ajudinha da sorte: Ceará e Fortaleza perderam seus jogos. >
O risco de algum torcedor do Vitória ter um deslocamento de retina era grande na última rodada deste domingo (7), principalmente para quem estava no Barradão. Dividir a visão entre o jogo do rubro-negro e a olhada no celular para ver os demais resultados com toda certeza não seria recomendado pelos oftalmologistas. Mas era isso que restava ao torcedor, que já iniciou o jogo vendo o Ceará fazer o primeiro, diante do Palmeiras. Logo depois, o Fortaleza fez o dele e o Santos se manteve com o placar zerado. No Barradão, o Vitória tentava fazer sua parte. Diferente do vergonhoso jogo diante do Bragantino, o Leão dominava as ações, mas parava no chato goleiro Rafael, do São Paulo, que resolveu pegar tudo na última rodada.>
Quando o Santos fez o primeiro, nem adiantava vencer no Barradão. Mesmo assim, o Vitória não desistia. Erick já tinha tentado três vezes, Baralhas duas e Kayzer outras três, mas o goleiro se recusava a deixar passar. O São Paulo só assistia o espetáculo da torcida na arquibancada. >
Na segunda metade do primeiro tempo, o cenário começou a mudar. Botafogo empatou e o Palmeiras também. Só precisava o Vitória fazer o dele. Contudo, ao menos no Barradão, o script não mudava. Vitória arriscava, mas parava no empolgado Rafael. “Caprichar no último passe, Rafael é um grande goleiro, fez grandes defesas. Continuar se impondo para vencer”, disse Erick, no fim do primeiro tempo. O jeito era salvar o ano nos 45 minutos finais de 2025. >
O segundo tempo já começou com gol, mas do Botafogo. O Vitória agora sabia que só dependia dele para escapar do rebaixamento. Só um golzinho. O Inter também fez e saiu momentaneamente da zona. Enquanto isso, no Barradão, a torcida não parava de cantar. Jair Ventura fez duas mudanças no intervalo, colocando Dudu e Matheuzinho, sacando Cantalapiedra e Camutanga. Era tudo ou nada. >
É, mas as mudanças não surtiram efeito. Muito pelo contrário. O Vitória passou a levar sufoco do São Paulo, que só não fez o gol graças ao goleiro do Leão. O desespero era nítido e o tempo passou a ser inimigo. Nos outros jogos, tudo a favor. Palmeiras virou o jogo, Fortaleza só empatava. Mas no Barradão, pai, só vai quem acredita. Nada é fácil, mas também nada é impossível. Aos 22 minutos, em roubada de bola no campo de ataque, Kayzer toca para Fabri, que ajeita para Baralhas fazer o primeiro e talvez o gol mais importante do ano. >
Com o placar aberto, o Vitória naquela altura pulava para a décima quinta posição, empurrando o Inter e o Ceará para a zona. Bem que podia ampliar o jogo, aos 28 minutos, deixando o jogo mais tranquilo. Fabri deixou Renzo López de cara, mas só fez recuar para o goleiro do São Paulo. Jair Ventura chutou a placa de propaganda e quase quebrou o objeto, de tanta raiva. >
Foi drama. No final, o São Paulo avançou e o Vitória recuou. Já sabe. O desespero, mas a esperança de que tudo daria certo. “Fica Leão, na primeira divisão”. O grito que vinha da torcida ecoou no campo e o pedido foi atendido.>