'É um casamento que tem dado certo', diz técnico Léo Condé sobre relação com o Vitória

Técnico rubro-negro concedeu entrevista ao CORREIO após erguer a taça estadual

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  • Daniela Leone

Publicado em 8 de abril de 2024 às 05:00

Nos bastidores da Fonte Nova, jogadores do Vitória dão o tradicional banho de gelo no técnico Léo Condé
Nos bastidores da Fonte Nova, jogadores do Vitória dão o tradicional banho de gelo no técnico Léo Condé Crédito: PAULA FRÓES / CORREIO

Menos de cinco meses depois de conduzir o Vitória ao primeiro título nacional da história do clube, Léo Condé acabou com mais um jejum. Após sete anos, o rubro-negro voltou a erguer a taça de campeão baiano.

Na tarde de domingo (7), o Vitória usou a vantagem e comemorou na Fonte Nova após empate em 1x1. No primeiro jogo da final, já tinha vencido por 3x2, no Barradão.

Como também ganhou como mandante, pelo mesmo placar, na fase classificatória, o rubro-negro se sagrou campeão sem perder o clássico no Campeonato Baiano.

Sob o comando do treinador, o Leão superou dentro das quatro linhas o poderio financeiro do Bahia e festejou na Fonte Nova.

Eficiente e discreto, Léo Condé desbancou o status de Rogério Ceni e curtiu na sua timidez os festejos irreverentes dos jogadores.

Com um sorriso no rosto, o técnico memorizava as emoções, para contar todas elas por telefone à esposa Alexandra e aos filhos Gabriel, 11 anos, e Mariana, 16, que seguem morando em Juíz de Fora, em Minas Gerais.

Antes da ligação para a família, Léo Condé concedeu a entrevista a seguir ao CORREIO, com a medalha de ouro devidamente pendurada no pescoço.

O que esse segundo título com o Vitória representa?

Sinto uma satisfação e um orgulho muito grandes. É um clube de uma grande torcida e o trabalho é sempre desafiador. No futebol brasileiro, às vezes você está fazendo tudo certinho, mas não ganha e tem questionamentos. A conquista vem para, de uma acerta forma, validar o que você faz. Fico muito feliz. É um trabalho de todos, da comissão técnica, dos atletas, da direção, da sintonia com a torcida. Eu tenho sido importante para o Vitória, assim como o Vitória tem sido muito importante para a minha carreira. É um casamento que tem dado certo.

O que foi fundamental para o Vitória erguer a taça?

A gente apostou muito na continuidade do trabalho do ano passado. Chegamos sabendo que o rival tem um investimento muito alto e apostamos muito no nosso conjunto e unidade. Isso foi fundamental. Ao longo da competição, a gente sempre conseguiu fazer bons jogos, equilibrados e estruturados. A primeira vitória no Barradão foi um momento muito importante para que a gente pudesse ter confiança naquilo que a gente estava fazendo. Depois, a gente foi caminhando com um trabalho sólido para chegar bem preparados para a decisão.

O Vitória fez 21 contratações, mas você foi firma na manutenção da base do time do ano passado. De que forma isso contribuiu para o título?

A gente entende que o torcedor quer ver o fato novo. O torcedor brasileiro tem essa característica. Por isso há muitas trocas de treinadores e atletas. Ou você ganha muito ou sua cabeça está sempre sendo pedida. O torcedor fica ansioso querendo ver o atleta logo, mas a gente está no dia a dia e tem que ter o cuidado de preparar o atleta do ponto de vista físico. Ele tem que ter o entendimento tático e a gente também não pode perder o que construiu, que é o conjunto. A partir de agora, de uma forma gradativa, vamos lançar os jogadores que estão chegando e aí é merecimento. Aqueles jogadores que estiverem merecendo mais, naturalmente vão ter mais oportunidades.

Como você avalia as diferenças entre os elencos do Bahia e do Vitória?

Não é que o nosso time tenha mais vontade do que o do Bahia. São características diferentes. O Bahia apostou muito num time muito técnico, jogadores que se destacaram em outras grandes equipes. O Éverton Ribeiro é um jogador de extrema qualidade, com uma carreira vitoriosa. Dentro das condições financeiras da gente, o clube foi buscar jogadores com nível de força mais elevado, que querem buscar a camisa do Vitória para se destacarem ainda mais e se firmarem dentro do futebol brasileiro. Agora teve a chegada recente de atletas já um pouco mais renomados, mas que vão ter que incorporar essa maneira nossa de jogar, de ser um time que compete o tempo inteiro, independentemente de jogar em casa ou fora. Em cima disso, a gente conseguiu equilibrar forças com o adversário.

O que esse título estadual sinaliza para você sobre o Brasileirão?

Futebol é feito de confiança. A gente vai ter uma parada duríssima pela frente, um campeonato em que as equipes têm investido muito, mas a conquista de um título mostra para o mercado que a gente também não vai ser mero figurante dentro da competição. A expectativa é de fazer um campeonato consistente e equilibrado para que o Vitória possa brigar nas primeiras posições.