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“A arte pode mudar o país”, opina Tarsila do Amaral no Segundou

Sobrinha-neta da artista homônima foi a entrevistada de Joca Guanaes no programa  

  • D
  • Do Estúdio

Publicado em 8 de novembro de 2021 às 23:15

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Foto: reprodução

Depois de uma pausa, o programa Segundou, apresentado semanalmente pelo publicitário e consultor Joca Guanaes no Instagram do Jornal Correio, retornou em nova temporada nesta segunda-feira (8), às 19h, tendo como entrevistada Tarsilinha do Amaral, sobrinha-neta da artista plástica, um dos principais nomes do movimento Modernista, que faz 100 anos em fevereiro de 2022.“Meu nome é exatamente igual e dela, o que pra mim sempre foi um prazer. Comecei a trabalhar com a obra dela primeiro com meu pai, que era o advogada dela, e conforme o tempo foi passando fui tomando conta de tudo”, disse a empresária.  “Hoje é uma responsabilidade muito grande porque minha tia se tornou gigante não só no Brasil, como lá fora também. Como eu tive o prazer de ter convivido com ela, visto na casa dela os quadros que hoje estão em exposição pelo mundo, para mim é uma honra enorme”, disse Tarsilinha.A entrevista deu start em uma série de encontros com nomes ligados às artes plásticas brasileiras, destacando um de seus momentos mais importantes: a Semana de Arte Moderna, evento que declarou a independência cultural do país ao defender um novo ponto de vista estético e que vai completar 100 anos em fevereiro de 2022.

No encontro com Joca, a convidada revelou particularidades sobre a grande artista e falou sobre como vem trabalhando para levar cada vez mais seus nome e obra para fora do país, um dos papeis que assumiu ao começar a gerir os direitos da obra de Tarsila do Amaral. A artista não chegou a participar da Semana de 22, mas tornou-se um símbolo do Modernismo no Brasil e criou com Oswald e Mário de Andrade, Menotti Del Picchia e Anita Malfatti, o Grupo dos Cinco, considerado a maior influência do movimento artístico no país.

Formada em Direito e em Museologia, Tarsila do Amaral e se tornou uma palestrante especializada na vida e na obra da tia-avó, além de autora de livros que aproximam o público da artista, como “Tarsila por Tarsila”, de 2004, e “Abaporu, uma obra de amor”, de 2015. . Atualmente é diretora Executiva da Tarsila do Amaral Empreendimentos, cuidando do legado da artista. Nesta função, tem realizado grandes feitos, como a realização da curadoria e consultoria de exposições como “Tarsila – Percurso Afetivo” no CCBB do Rio de Janeiro, em 2012, que teve mais de 220 mil visitantes e recorde mundial de público em um dia de exposição, e “Tarsila Popular” do MASP, em 2019, que também teve uma audiência espetacular.  

Conquista global Uma de suas missões é levar o nome de sua tia para fora do país. Em 2017, aconteceu a exposição “Tarsila – Inventing Modern Art in Brazil” no The Art Institute of Chicago, que seguiu para o MoMA, em Nova York no ano seguinte.  Em 2018, o MoMA adquiriu o quadro “A Lua” por 20 milhões de dólares. Foi o valor mais alto já pago por uma obra de arte brasileira. No ano passado, “A Caipirinha” foi leiloada por R$ 57,5 milhões, o maior valor já pago por uma obra brasileira em venda pública. Negociações como estas colocaram a obra da artista brasileira em outro patamar, onde só os grandes artistas estão, e globalmente. “Ela já entrou no hall das grandes vendas mundiais com “A Lua” e “A Caipirinha”. Tomando como um parâmetro, uma obra de Frida Khalo nunca foi vendida por mais de R$ 8 milhões. Ter um quadro de Tarsila do Amaral tão valorizado mostra o reconhecimento que ela está tendo lá fora e para mim é uma conquista. Tive a oportunidade de visitar museus pelo mundo e sempre sonhei ter obras dela nesses lugares, hoje uma realidade”, avaliou a convidada.Exemplo Mesmo com tanto reconhecimento, a empresária afirma que o fato de ser mulher fez com que a obra de Tarsila sofresse críticas mais severas do que a de artistas homens. “Isso foi mudando com o tempo. Um grande exemplo disso é a mudança da curadoria em museus do mundo, como o Masp, em São Paulo, e o Moma, em Nova York, que passaram a dar mais espaços às minorias, como as mulheres e os negros. Isso é um movimento muito importante”, avaliou.

Vida pessoal Tarsilinha revelou aspectos da vida pessoal da tia-avó, como a perda precoce da única neta, por afogamento, e da única filha, Dulce, em 1966, de um ataque de diabetes. Nesses tempos difíceis, Tarsila, que morreu aos 86 anos, em 1973, de causas naturais, se aproximou do espiritismo, particularmente do médium Chico Xavier, de quem se tornou amiga.  “Ele era uma pessoa iluminada que trazia muito conforto para ela. Um dia, achei uma caixa com um monte de cartas que Chico enviou para ela, sempre com palavras muito doces”, revelou.

Animação Previsto para estrear nos cinemas em 2022, a animação “Tarsilinha” levou 12 anos para ficar pronta. A ideia foi da empresária. “Vi o Senninha, na época, e pensei, por que não a Tarsilinha”, disse. A espera valeu a pena: a obra ganhou, por unanimidade do júri, o maior prêmio do 10º Festival Chilemonos, em Santiago, no Chile, na categoria longa-metragem latino-americano e espanhol. O evento é o principal festival de animação da América Latina.

Realizado pela produtora brasileira Pinguim Content, sob direção de Celia Catunda e Kiko Mistrorigo, a obra concorreu com outras 55 produções na mesma categoria e conta a história de uma menina de 8 anos que embarca em uma jornada fantástica em busca das memórias roubadas da mãe. “Quero ver a carinha das crianças assistindo à esse filme. É uma maneira de incentivá-las a gostar de arte. Eu acho que a arte pode mudar o país. É uma cultura que faz parte da formação de uma pessoa”, avalia.

100 anos Principal nome do movimento modernista hoje, o legado de Tarsila do Amaral ganhará ainda mais destaque no ano que vem por conta do centenário da Semana de 22. Além da estreia do filme de animação, serão lançados um musical e uma série. “Será um momento muito importante para nosso país”, acredita a entrevistada. “Vou aumentando minhas expectativas e quero realizar mais coisas. Saber que estou ajudando a arte brasileira como um todo me deixa muito feliz”.

No final do programa, Joca Guanaes perguntou a Tarsilinha o que ela diria à tia se pudesse. “Eu diria o quanto eu a amo e o grande orgulho que tenho. Gostaria de falar para ela que eu sinto essa responsabilidade e que eu penso nela em tudo que eu faço. Em cada pequeno gesto, eu estou pensando nela, eu pergunto para ela se ela aprova, pra ela me dar um sinal e eu já senti esse sinal várias vezes.

Tinha muita vontade de encontrar com ela de novo”, disse emocionada. “Eu tenho um amor por ela, pela pessoa que era, a bondade, a generosidade. Vivi esse amor enquanto ela estava viva e agora é esse amor que me carrega e me move para ter força de vontade a fazer cada vez mais”, completou.

O Segundou volta na próxima segunda-feira com Joca Guanaes entrevistando a galerista e a consultoria de arte Bianca Cutait.