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Gabriela Araújo
Publicado em 28 de julho de 2025 às 06:00
O Dia do Produtor Rural, celebrado nesta segunda-feira (28), reforça a importância dos homens e mulheres que trabalham diariamente para garantir a produção de alimentos no campo. A data destaca o papel essencial do setor agropecuário, responsável por movimentar a economia, gerar empregos e garantir o abastecimento de feiras e mercados dentro e fora do Brasil. >
Na Bahia, a expansão da agricultura e da pecuária tem sido um dos principais motores do desenvolvimento econômico no interior do estado, impulsionando a geração de renda, o consumo local e a instalação de novos negócios. À medida que grandes polos de produção se consolidam, como o Vale do São Francisco e a Chapada Diamantina, surgem também melhorias em infraestrutura, investimentos públicos e privados, além de maior circulação de capital. >
Esse avanço contribui diretamente para o fortalecimento das economias municipais e para o aumento da qualidade de vida da população. De acordo com a economista Bárbara Cordeiro, especialista em Agronegócio e Gestão de Pessoas, o setor apresenta uma contribuição significativa para o Produto Interno Bruto (PIB) estadual, representando mais de 22,5% do total. Essa participação é impulsionada principalmente pelo desempenho da produção de grãos, pecuária e café, adicionado à produção, a comercialização e distribuição. >
“O agronegócio se destacou também, em 2024, na pauta de exportação do Estado, alcançando as expressivas cifras de US$ 6,7 bilhões, participando com 57% das exportações totais do Estado. Entre os produtos exportados se destacam: papel e celulose, soja e derivados, algodão e subprodutos e cacau e derivados”, afirmou. >
Ainda segundo a economista, o impacto no mercado de trabalho é expressivo, tanto de forma direta, com a contratação de trabalhadores para as atividades agropecuárias, quanto indireta, com a geração de empregos nos setores de logística, comércio, transporte e serviços ligados à cadeia produtiva. >
Esse crescimento também tem exigido mão de obra mais preparada, fator que impulsiona a qualificação profissional no campo. Tecnologias como agricultura de precisão, sistemas de irrigação inteligentes e softwares de gestão agrícola transformaram os perfis de muitas vagas de emprego, demandando trabalhadores capacitados em operação de máquinas, análise de dados e gestão ambiental, por exemplo. >
Em entrevista ao CORREIO, a produtora rural Carminha Missio, eleita pela Forbes Brasil uma das 100 mulheres mais influentes do Agro, reconheceu que, hoje, produzir bem não é mais só questão de experiência, é também de conhecimento. >
“A gente precisa entender de solo, de clima, de manejo, de gestão, de mercado, de sustentabilidade e de pessoas. E quem não acompanha esse ritmo, acaba ficando para trás. Eu mesma voltei a estudar depois de adulta, porque entendi que o futuro do agro passa pela educação. E falo isso com orgulho: o campo de hoje exige cabeça aberta e capacitação constante. O produtor rural precisa ser cada vez mais um gestor, um líder e um agente de transformação”, pontuou. >
Nesse contexto, a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (FAEB) tem investido em estratégias e programas para impulsionar a qualificação da mão de obra no setor, como programas de capacitação técnica, ensino à distância e ações presenciais que abrangem desde práticas agrícolas e pecuárias até gestão e empreendedorismo rural. Segundo Humberto Miranda, presidente do Sistema Faeb/Senar, essas ações acontecem por meio da Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) da instituição, quando, uma vez por mês, um técnico realiza uma visita de quatro horas à propriedade e ensina o produtor a trabalhar com a gestão produtiva, zootécnica, agrícola e econômica da sua atividade. >
“Os resultados têm sido visíveis. A partir do momento em que o produtor tem acesso à informação e aprende a aplicar tecnologias e boas práticas, a produtividade naturalmente cresce. Com a Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), por exemplo, temos visto a produtividade dos assistidos aumentar em, no mínimo, 15% na produtividade e 15% na margem bruta, sem falar na redução do custo de produção. Temos observado também um aumento significativo no uso de tecnologia nas propriedades, o que, irremediavelmente, melhora os índices de eficiência, redução de desperdícios e também a qualidade dos produtos, além do alcance de novos mercados”, explicou. >
Outro aspecto que tem ganhado cada vez mais espaço no setor agropecuário é a sustentabilidade, com produtores adotando práticas que conciliam produtividade e responsabilidade ambiental. Em território baiano, diversas atividades de adaptação e mitigação climática já vêm sendo adotadas, com destaque para a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), especialmente na região Oeste, promovendo o uso eficiente da terra, sombreamento para o gado e melhoria da fertilidade do solo. >
“A recuperação de pastagens degradadas é outra prática amplamente difundida, tanto em áreas de pecuária intensiva quanto extensiva, com suporte do Plano ABC e da assistência técnica. A agricultura de baixo carbono tem avançado com o uso de plantio direto, adubação orgânica e uso racional da água por meio de tecnologias de irrigação localizada no semiárido. Há ainda experiências crescentes com sistemas agroflorestais em assentamentos e propriedades familiares, além do uso de bioinsumos e biogás, principalmente em empreendimentos de médio porte na bacia do São Francisco e regiões leiteiras”, detalhou Bárbara Cordeiro. >
Para 2026, as expectativas da FAEB são positivas, com um crescimento médio do setor agropecuário de 4% a 5%. Entre os principais vetores desse crescimento, estão o fortalecimento da cadeia produtiva de grãos e fibras no Oeste, a expansão da fruticultura irrigada no Norte e o crescimento da pecuária com uso de tecnologias sustentáveis. Além disso, o avanço das energias renováveis no meio rural e o fortalecimento do cooperativismo também podem favorecer esse cenário. >
“Nosso agro não apenas alimenta o Brasil, como também se consolida cada vez mais no mercado internacional, contribuindo para o equilíbrio da balança comercial brasileira”, destacou Humberto Miranda. >
O Projeto Dia do Produtor Rural é uma realização do jornal Correio com apoio da Fazenda Progresso e do Sistema Faeb/Senar. >