Autora do bestseller 'Preciosa', Sapphire marca presença na Flica

Americana participou de uma das mesas da Festa Literária Internacional de Cachoeira

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  • Roberto Midlej

Publicado em 18 de outubro de 2015 às 08:19

- Atualizado há um ano

As mesas de discussão da Festa Literária Internacional de Cachoeira tiveram ontem um tom fortemente político e a presença de uma das convidadas mais esperadas desta quinta edição do evento: a americana Sapphire, autora do bestseller Preciosa, que deu origem ao filme homônimo, vencedor do Oscar de melhor roteiro em 2010. A poetisa baiana Lívia Natália também participou da mesa, intitulada Em Trânsito. Sapphire defendeu um estilo negro na escrita: “As mulheres de ascendência afro-americana têm uma maneira específica de se expressar”. Lívia Natália disse que se preocupa com uma produção engajada e que poesia não deve ser sempre doce. “Não espere que eu vá falar do barquinho ou coisas assim. Eu sou negra e sou feminista e essas questões atravessam o tempo inteiro a minha escrita”, disse a poetisa, conquistando os aplausos da plateia, uma das maiores desta Flica.Sapphire (esq.), e a poetisa baiana Lívia Natália (dir.) discutiram o papel das autoras negras (Foto: Egi Santana/Divulgação)Sapphire falou sobre a popularidade que o livro Preciosa ganhou após virar filme. “Muita gente não consegue ler nem escrever nos Estados Unidos, então muita gente se identificou com a protagonista do romance. Tive controle sobre o filme, que começou no circuito independente e depois foi para as grandes redes. Quando chegou às maiores salas, não permiti que nada fosse alterado e foi por isso que o filme foi um sucesso. É que ele chegou de uma maneira profunda e real. A história é crua, rude, mas mostra a verdadeira face do país”, afirmou. Lívia Natália criticou a maneira como os autores negros eram apresentados aos alunos na época em que ela era estudante. “Cruz e Sousa e Lima Barreto eram apresentados como loucos e alcoólatras. E o nosso maior escritor, Machado de Assis, recentemente esteve representado numa propaganda da Caixa Econômica, que é do Estado, mas não aparecia como negro. Depois que os moviemtnos negros reclamaram, eles mudaram”, disse.A mesa das 14h, com o baiano José Carlos Limeira e o nigeriano Helon Habila, também teve as questões da negritude como destaque. Habila criticou a colonização do pensamento: “Na colonização física, pegam sua terra. E isso aconteceu na África e nos países latino-americanos. Mas a colonização mental, que é esse novo colonialismo, é ainda pior. Precisamos descolonizar nossas mentes e acreditar na liberdade”. A Fliquinha, com programação dedicada ao público infantil, promoveu, no Cine Theatro Cachoeirano, um bate-papo com autores como Cau Gomez e Iray Galrão. Os palhaços do Grupo Nariz de Cogumelo e o grupo musical Canela Fina também se apresentaram.  A Flica é uma realização conjunta da iContent (empresa da Rede Bahia) e da Cali (Cachoeira Literária).Meg: da Disney para a Flica (Foto: Divulgação) Meg Cabot, do Diário da Princesa, se apresenta hojeÚltimo dia  Hoje, a escritora americana Meg Cabot, autora da série O Diário da Princesa, livro que foi adaptado para o cinema pela Disney, estará na mesa que encerra a programação. Divide o espaço com ela  a brasileira Paula Pimenta, que também se dedica ao público juvenil. Tem também apresentação do Coro Juvenil e oficina de musicalização infantil, a cargo da orquestra Neojiba.