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Da Redação
Publicado em 12 de outubro de 2014 às 05:23
- Atualizado há 3 anos
“Quem você acha que vai cair?”. Há mais de um mês, essa é a pergunta que mais escuto dos meus amigos ou de quem sabe que trabalho com esporte. Jornalismo é informação e exercício da crítica; não é futurologia. Não aposto na loteria esportiva.>
Se estivesse em Minas, com o Cruzeiro líder e o Atlético-MG em 6º lugar ao começar a 28ª rodada, talvez quisessem palpite para o título. Mas aqui a realidade é outra, com o Bahia em 16º e o Vitória como 18º no início da rodada. O Brasileiro chegou à fase da contagem regressiva. A bipolaridade do é 8 ou 80 vai invadir as arquibancadas. A imprensa não pode espalhar o vírus.“Falta muito campeonato” é a minha resposta padrão. Não é comodismo para ficar em cima do muro, mas incapacidade de cravar rebaixados com dois meses para o fim do Brasileiro.>
Duas semanas atrás, acreditava que eram oito clubes para quatro vagas na Série B. Viraram nove: o Atlético-PR, definitivamente, entrou na concorrência. Goiás e Flamengo, apesar da crise de identidade, estão um degrau acima do purgatório.>
O Botafogo, time de meu avô materno, é quem está mais perto do rebaixamento. É quase o autor do “manual do rebaixado”: salários atrasados, calote proposital ao governo, renda penhorada, jogador se desvinculando na Justiça (Lucas) e líderes do vestiário afastados do elenco (Emerson Sheik, Bolívar, Edílson e Júlio César). Ontem, mandante, escolheu jogar contra o Corinthians, em Manaus, onde a torcida do adversário é maior.>
O capitão Jefferson, convocado por Dunga para a Seleção e de perfil equilibrado, afirmou publicamente que o elenco só conta com a comissão técnica e a torcida para reagir. Estão rachados com a diretoria. Não há confiança. Como se superar?>
“Há coisas que só acontecem ao Botafogo” é uma das frases famosas do futebol brasileiro. O tom costuma ser depreciativo e serve para ilustrar as tragédias e fracassos do clube de Garrincha. Mas só algo extraordinário - e pouco provável - será capaz de salvar o Botafogo.>
As torcidas de Figueirense, Palmeiras, Chapecoense, Atlético-PR, Bahia, Coritiba, Vitória e Criciúma também têm motivos para acreditar no rebaixamento e na salvação. Para sentirem medo. Para nutrirem esperança. >
Os mais críticos ou pessimistas vão apontar as armas para os erros cometidos durante o ano e vão descarregar munição a cada derrota. Na parte de baixo, perder faz parte da rotina. >
O papel de blindar o elenco é da diretoria; e não do torcedor ou da imprensa.Já aqueles que são mais otimistas ou esperançosos vão, a cada rodada, enxergar sintomas de melhora no time que torcem, a cada resultado interessante, mesmo sem bom futebol. Os olhos vão amplificar os erros dos adversários para alimentar a fé na salvação. Quem não pode se iludir é gestor profissional, que é contratado para dar resultado. Alguns gestores não se iludem. São cínicos mesmo. Estão preocupados com a própria sobrevivência. Olhar por si, e não pelo clube, é o capítulo que abre o “manual do rebaixado”.>
Times O time base do Bahia campeão Baiano em abril era: Marcelo Lomba; Diego Macedo, Demerson, Titi e Guilherme Santos; Fahel e Uelliton; Maxi, Lincoln e Rhayner; Talisca. Seis meses depois, mudou mais da metade dos titulares, além do técnico Gilson Kleina substituir Marquinhos Santos. Quem tem dois ou três times por temporada não tem time algum.No Vitória, Ney Franco já montou e desmontou quantos times? Perdeu Victor Ramos, Renato Cajá, Maxi, Marquinhos e Caio. A lesão e cirurgia no joelho afastaram Escudero por seis meses. Voltou, mas o Escudero que a torcida quer só em 2015, o que é compreensível. Hugo, contratado para ser o camisa 10, durou o estadual. Souza passou a chuva. As trovoadas seguem na Toca.>