Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Millena Marques
Publicado em 13 de novembro de 2024 às 05:48
Caracterizada pela produção insuficiente ou má absorção de insulina (hormônio que regula a glicose no sangue e garante energia para o organismo), a diabetes atinge 9% da população de Salvador, o que equivale a 217 mil pessoas. Os dados são do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde, de 2023. >
Na capital baiana, as soteropolitanas são as mais afetadas: 11,2% das mulheres convivem com a doença, enquanto 6,4% dos homens receberam o mesmo diagnóstico. A busca por cuidados médicos e a gravidez são fatores que podem explicar a diferença da incidência entre os gêneros. Quem aponta isso é Odelisa Matos, médica endocrinologista e coordenadora de planejamento e ações estratégicas do Centro de Referência Estadual para Assistência ao Diabetes e Endocrinologia (Cedeba) e diretora da Sociedade Brasileira de Diabetes - Regional Bahia. >
“Primeiro que as mulheres buscam mais a cuidado médico, a consulta médica, do que os homens. Segundo a gravidez. A gestação predispõe a aparecer do diabetes, e cerca de 40% das mulheres que tiveram diabetes gestacional podem desenvolver diabetes tipo 2 no futuro”, explicou. >
São três tipos básicos mais comuns de diabetes. O tipo 1, que normalmente acomete crianças, adolescentes ou adultos jovens, causado por uma alteração imunológica, na qual há uma destruição das células do pâncreas que produzem a insulina. Já no tipo 2, que atinge 80% da população adulta e está relacionado com a obesidade, a insulina não age de forma correta nos tecidos. Por fim, a diabetes gestacional, que é diagnosticada no terceiro mês de gravidez. >
“Todas as mulheres devem fazer o teste de tolerância a glicose para rastrear o diabetes gestacional a partir da 24ª semana de gravidez. A gravidez, com a produção de hormônios que aumentam a glicemia, ela predispõe o aparecimento do diabetes”, pontuou Odelisa. >
Embora não tenha tido diabetes gestacional, a dona de casa Maria das Graças, 68 anos, convive com a diabetes tipo 2 há 25 anos. Ela foi diagnosticada durante uma consulta médica que foi marcada porque tinha o interesse de engravidar. Antes de conseguir gerenciar a condição, Maria contou que já viveu situações delicadas por causa da doença. >
“Tive um pico de açúcar que me deixou cega por mais ou menos cinco horas. Foi em uma época em que eu estava com familiares no interior e comi tudo que não deveria: mocotó, gordura e muita besteira”, relatou Maria das Graças, que tinha cerca de 47 anos quando enfrentou a cegueira temporária. >
Doença silenciosa >
A Sociedade Brasileira de Diabetes e a Federação Internacional de Diabetes estimam que 40% a 50% das pessoas com diabetes tipo 2 não apresentam nenhum sintoma. "O diabetes vem se instalando lentamente, a glicemia se eleva de forma lenta e muitas vezes não produz nenhum sintoma, o diagnóstico por vezes é feito através de uma complicação relacionada ao diabetes”, disse Odelisa. Por outro lado, no diabetes tipo 1 ou no tipo de instalação mais rápida, os principais sintomas são beber muita água, urinar bastante, fome intensa, perda de peso de forma inexplicada, fraqueza, dores nas pernas e mal-estar em geral. >
É por essa característica de ‘silêncio’ que especialistas alertam para uma atenção aos possíveis sinais e a identificação dos fatores de risco. “Para isso, é essencial manter uma rotina de checkups e visitas ao seu médico para, ao menor sinal de alteração, tomar as medidas necessárias”, orientou Douglas Barbieri, médico endocrinologista e diretor médico global da Divisão de Cuidados para Diabetes da Abbott, companhia norte-americana de produtos farmacêuticos e de cuidados com a saúde. >
Segundo Barbieri, o risco de diabetes aumenta substancialmente com a idade. “No início da doença, a maioria das pessoas não tem os sintomas clássicos. Por isso, o exame periódico deve ser considerado em pessoas assintomáticas com mais de 45 anos, adultos de qualquer idade que tenham excesso de peso ou obesidade e apresentem um ou mais fatores de risco adicionais”, explicou. >
A melhor forma de conviver bem com a doença é a junção entre a busca de informações confiáveis sobre a diabetes, o uso correto de medicamentos, a manutenção da glicemia controlada, a alimentação saudável e a prática regular de exercício físico.>
*Com orientação da subeditora Carol Neves>