Adolescente consegue autorização para cultivar maconha medicinal na Bahia

Jovem sofre de problemas de saúde mental

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Publicado em 18 de abril de 2024 às 14:30

Planta de maconha
Planta de maconha Crédito: Shutterstock

Um estudante da cidade de Conceição do Coité foi autorizado pela Justiça a cultivar cannabis com finalidade medicinal. A decisão atende a um pedido da Defensoria Pública da Bahia e visa garantir tratamento para as questões de saúde mental apresentadas pelo jovem.

No ano passado, o beneficiário da decisão chegou a ser internado em clínica psiquiátrica por conta do quadro. De acordo com os relatórios médicos apresentados no processo, o tratamento convencional tem apresentado “resposta terapêutica insatisfatória e/ou intolerância aos efeitos colaterais”.

“Sempre tive ansiedade e episódios de depressão, mas a internação foi o ápice do quadro de saúde. Fiquei 30 dias em tratamento e precisei trancar a faculdade”, conta o estudante. Mesmo fazendo uso de medicamento convencional, ele apresenta sintomas de ansiedade e insônia.

Ele já tinha autorização da Anvisa para importação de um medicamento à base de canabidiol que custa em torno de R$ 2 mil/mês. Contudo, sem condições financeiras para a compra, buscou auxílio da Defensoria. Antes da judicialização, a instituição buscou o fornecimento através do Sistema Único de Saúde.

“Temos um fluxo de obtenção de medicamentos à base de canabidiol para crianças com epilepsia via Secretaria Municipal de Saúde. Nesse caso, não tivemos sucesso, o medicamento não foi aprovado para a patologia”, conta o defensor público Rafael Couto, que atuou no caso.

Como o cultivo da planta é proibido pela legislação brasileira, foi ajuizado um pedido de Habeas Corpus Preventivo para anular o risco de prisão caso o estudante seja encontrado com as plantas em sua residência. Apesar da ausência de regulamentação, diversas jurisprudências em todo o país têm estabelecido que o plantio pode ser autorizado sem criminalização do indivíduo.

Conforme prevê a Lei 11.343/06, que institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas, a União pode autorizar o plantio, a cultura e a colheita de vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas ou produzidas drogas, “exclusivamente para fins medicinais ou científicos, em local e prazo predeterminados, mediante fiscalização”.

Segundo o defensor público Rafael Couto, em casos como esses, após deferimento de decisão judicial, uma perícia poderá verificar a quantidade de plantas necessárias para extração do óleo necessário à produção caseira de medicamentos.

Maconha medicinal no estado

No ano passado, foi apresentado na Assembleia Legislativa da Bahia um projeto de lei que propõe a criação de política estadual de fornecimento gratuito de medicamentos de derivado vegetal à base de canabidiol. Diversos municípios, a exemplo de Salvador, já têm sancionadas leis que garantem a distribuição gratuita de cannabis medicinal no SUS.

Em âmbito estadual, já existem leis autorizando a distribuição de medicamentos à base da planta cannabis sativa no Acre, Alagoas, Amapá, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Paraná, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima, São Paulo e Tocantins. Na América Latina, o uso da maconha e seus componentes para fins farmacológicos é regulamentado no Chile, Colômbia e Uruguai.