Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Pombo Correio
Publicado em 5 de junho de 2025 às 09:50
A Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap) informou que a nomeação de Sátiro Cerqueira Júnior ao cargo de diretor do Presídio Salvador foi tornada sem efeito na edição desta quinta-feira (5) do Diário Oficial do Estado (DOE). A nomeação de Sátiro, que responde em liberdade por uma acusação de tentativa de homicídio e já esteve preso no próprio Presídio Salvador, foi criticada por servidores penitenciários e contestada por pelo menos um parlamentar baiano. >
Funcionário da Seap desde 2015, ele foi nomeado ao cargo, que tem salário de R$ 11 mil, no último dia 29. A Associação dos Agentes Socioeducadores e Monitores Penitenciários (AASPTE) emitiu uma nota de repúdio ontem, classificando a decisão do governador Jerônimo Rodrigues (PT) como "um desrespeito inaceitável" aos servidores da segurança pública.>
Sátiro foi preso em flagrante em 2019 após atirar em um vizinho durante uma discussão por causa do volume alto de música. O Ministério Público enquadrou o caso como tentativa de homicídio qualificado por motivo fútil. Ele cumpriu prisão preventiva no Presídio de Salvador até receber alvará de soltura e responde pelo crime em liberdade. >
A nomeação foi criticada pela associação, que afirmou que a medida "fere os princípios da moralidade e impessoalidade" e representa "uma afronta direta à categoria e à população baiana". O deputado estadual Leandro de Jesus (PL) também entrou na Justiça afirmando que a nomeação poderia ser ilegal, já que o cargo exige "idoneidade moral", incluindo boa reputação e ausência de antecedentes criminais.>
"É inadmissível que o governador nomeie para um posto que requer reputação ilibada alguém acusado de um crime tão grave", afirmou Leandro de Jesus. O parlamentar vinculou a decisão ao cenário de insegurança no estado: "Não é à toa que a Bahia tem duas cidades entre as mais violentas do mundo. Ações como essa mostram o descaso com a segurança pública".>
O cargo exige auxílio na gestão organizacional e manutenção da ordem no presídio, destacou o parlamentar. A Lei de Execução Penal (7.210/1984) estabelece como requisito para a função a "idoneidade moral", incluindo boa reputação e ausência de antecedentes criminais. >
O caso ocorre em meio a uma crise no sistema prisional baiano. Recentemente, o governo federal interveio no Conjunto Penal de Eunápolis após fugas em massa e denúncias de falhas na segurança. Dos 16 detentos que escaparam em dezembro, 15 continuam foragidos. Inspeções do Tribunal de Contas e do Ministério Público também revelaram problemas estruturais em presídios como o de Salvador e Itabuna, incluindo irregularidades na manutenção e suspeitas de má gestão.>