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Georgina Maynart
Publicado em 11 de abril de 2019 às 07:00
- Atualizado há 2 anos
A vigilância e a fiscalização agropecuária estão sendo reforçadas na divisa da Bahia para evitar a entrada de animais com peste suína clássica no estado. A Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB) vai aumentar a fiscalização depois que um foco da doença foi identificado no Piauí semana passada. No Ceará, o número de casos saltou de 1 para 41 entre outubro e março deste ano, e a situação já é considerada de emergência no estado. >
Os fiscais e técnicos de defesa agropecuária da Bahia estão sendo orientados a intensificar a fiscalização e a reforçar os cuidados com o trânsito de animais nas 10 barreiras sanitárias mantidas na área de divisa com outros estados do Nordeste. >
“Para a Bahia, que é zona livre de peste suína clássica, essa medida é muito preocupante. Nós já vínhamos reforçando a vigilância, mas vamos aumentar a fiscalização nas barreiras fixas, nos postos móveis e nas propriedades rurais para garantir que a doença não chegue aqui no estado" , afirma Rui Ferreira Leal, médico veterinário e Diretor de Defesa Animal da ADAB. "E vamos continuar fazendo os frequentes exames de sorologia nas granjas, principalmente naquelas próximas das divisas do Piauí, Alagoas e Pernambuco, onde há maior movimento, para dar maior garantia da sanidade do rebanho baiano”, completa. >
A Bahia tem o certificado nacional de zona livre da doença desde 2001. Em 2016 obteve também o reconhecimento da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). Para reforçar ainda mais as barreiras baianas, desde 2015 é proibida no estado a entrada de suínos de outras partes do Nordeste. Também não é permitida a compra da carne ou de qualquer outro produto derivado de suínos de rebanhos nordestinos. A comercialização de suínos em feiras livres também é proibida, independente da origem do animal. >
“Temos que garantir, com maior ênfase, que nossas barreiras são confiáveis. Por isso, nós intensificamos a vigilância também nos matadouros, e orientamos os nossos agentes a reforçar a atenção no pré-abate, que é a fase em que é possível perceber alguma mudança de comportamento do animal”, acrescenta Rui Leal.>
Em setembro do ano passado, o Ministério da Agricultura já havia divulgado a intensificação da vigilância nos aeroportos, portos e fronteiras do Brasil para evitar o ingresso de outra doença, a peste suína africana, que vem se alastrando pelo leste da Europa, África e Ásia. Fiscalização está sendo reforçada nas barreiras fixas e postos móveis de defesa agropecuária nas divisas da Bahia com estados do Nordeste. (Foto: Adab) >
A doença>
De acordo com o Ministério da Agricultura, a Peste Suína Clássica não é uma zoonose, ou seja, não pode ser transmitida aos seres humanos e não traz riscos a população. Mas a doença tem um alto poder de contagio e de mortalidade entre os animais, sendo considerada um problema econômico pelas autoridades agropecuárias. Só em novembro do ano passado os cearenses tiveram que sacrificar mais de 500 animais para evitar que a doença se alastrasse ainda mais. >
Entre os principais sintomas, o animal doente apresenta febre alta e manchas avermelhadas em várias partes do corpo, falta de apetite, frio, corrimento nasal e conjuntivite. Depois de infectados, os animais morrem em pouco tempo.>
Vacina>
Existe vacina, mas a utilização do medicamento é proibida nas zonas livres da doença no Nordeste, no centro-oeste, sudeste e no sul do Brasil. Nos locais onde há foco, a vacina só pode ser aplicada em casos extremos. >
Segundo os especialistas, quando a vacina é usada, os laboratórios não conseguem identificar se o animal está doente ou se simplesmente tem os anticorpos da doença, por isso ela é evitada, para não causar confusão na interpretação dos resultados dos exames. >
“Ela só pode ser utilizada emergencialmente ou em situação de descontrole da doença. Como já ocorreu em 2010 no Rio Grande do Norte. Com a vacina não dá para saber se o anticorpo é uma reação da vacina ou se é uma reação por contato com a doença. Por isso ela não pode ser aplicada em zonas livres, para garantir ao mercado internacional que não houve contato com a doença”, completa o diretor de defesa animal da ADAB.>
Como medida de prevenção, a ADAB também garante que faz exames de sorologia a cada dois anos nas propriedades rurais mais próximas das zonas urbanas e dos lixões. Os representantes da agência adiantaram que novos exames serão feitos ainda este ano, entre os meses de agosto e setembro. Já nas granjas suínas comerciais, os exames são feitos regularmente pelos próprios produtores, com monitoramento dos técnicos de defesa animal. A Bahia é considerada zona livre desde 2001. Estado quer continuar preservando sanidade do rebanho. (Foto: Adab) Rebanho baiano>
A Bahia possui apenas oito grandes granjas de suínos cadastradas e certificadas pelo Ministério da Agricultura. O rebanho soma cerca de 500 mil cabeças registradas, produzidas de acordo com normas internacionais de higiene, alimentação e reprodução.>
Mas se estima que outros 400 mil suínos são mantidos em pequenas unidades de subsistência, a maioria de forma improvisada. >
O consumo de carne suína é alto no estado. Sem produção interna suficiente, a Bahia ainda importa a maior parte do que consome. Geralmente as matrizes baianas e os produtos derivados de suínos vem dos estados de Santa Catarina, Paraná e Minas Gerais, zonas livres da doença com certificados internacionais. >