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Gil Santos
Publicado em 10 de dezembro de 2023 às 13:19
Uma enfermeira foi assassinada a tiros pelo ex-marido em Mussurunga, em novembro. Um mês antes, uma cantora gospel foi morta em uma emboscada. O marido é o principal suspeito e está preso. Em setembro, uma comerciante foi morta a golpe de faca pelo então companheiro, em Massaranduba. O filho dela, um garoto de 11 anos, ficou ferido. Entre janeiro e 5 de novembro deste ano, a Bahia registrou 78 casos de feminicídio, de acordo com a Polícia Civil. O número é equivalente a 7,8 assassinatos de mulheres por mês. >
Neste domingo (10), foi realizada a 6ª edição da Caminhada pelo fim da violência contra Mulheres e Meninas, do Largo do Farol da Barra até a região das Gordinhas, em Ondina. A ação é uma mobilização internacional e foi realizada em outras cidades do Brasil e do mundo. A líder do grupo Mulheres do Brasil – Núcleo Salvador, Isabel Guimarães, disse que são 116 núcleos no país e em 38 cidades estrangeiras.>
“É uma luta contra todos os tipos de violência, a violência física, psicológica, patrimonial e, não podemos esquecer, do feminicídio. Nós precisamos fazer essa luta o ano inteiro e diariamente. Hoje, temos aqui uma congregação das várias instituições públicas, privadas e organização da sociedade civil dizendo que só vamos combater e conseguir o fim da violência contra mulheres e meninas oferecendo essa grande rede de apoio”, afirmou. >
Isabel frisou a importância da participação dos homens nessa luta. O professor Daniel Ribeiro, 44 anos, concorda. “Mulheres são agredidas e violentadas, porque existem homens que as agridem e as violentam. Nós, enquanto homens, somos parte desse problema e precisamos trabalhar essas questões em casa e com nossos amigos”, disse. >
O grupo começou a ação com uma atividade de alongamento e, em seguida, caminharam com faixas, cartazes e palavras de ordem pela Avenida Oceânica. Segundo a Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres, Infância e Juventude (SPMJ), em 2022, Salvador registrou 21 crimes de feminicídio e 119 casos de estupro. A titular da pasta, Fernanda Lordelo, participou da caminhada.>
“Percebemos aumento nas denúncias de importunação sexual e isso tem um aspecto positivo quando a gente fala em denunciar, porque antes as mulheres não denunciavam e muitas admitem que estão sendo mais encorajadas com base nas informações da rede de enfretamento do município, do estado e da polícia. Em outubro, realizamos 53% de atendimentos a mais que o registrado em 2022. Já batemos a marca de 10 mil ações realizadas com mulheres vítimas de violência”, explicou a secretária. >
O grupo vestiu a camisa do evento, com a tonalidade laranja, a mesma cor dos anos anteriores, e pediu pelo fim da violência. Pedestres e banhistas aproveitaram para registrar o ato em fotos e vídeos. A presidente da Associação Mulheres que Empodera Mulheres (Amem), Mércia Tavares, fez uma observação. >
“As mulheres não querem mais ser submissas, estão buscando a igualdade e os homens não estão sabendo lidar com esse empoderamento feminino. O que vemos com frequência é que eles não aceitam, por exemplo, o término do relacionamento e querem se apossar das mulheres. Nesta semana, uma dona de casa me pediu socorro, porque estava presa, o marido não a deixava sair. A gente luta contra esse e todos os tipos de violência”, contou. >
A violência contra as mulheres pode ser denunciada através do telefone 180. >