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Caminhão comprado com dinheiro da Secult-BA está há sete anos abandonado em Salvador

Pasta estadual afirma que faltam documentos para que titularidade seja transferida à secretaria

  • Foto do(a) author(a) Maysa Polcri
  • Maysa Polcri

Publicado em 10 de junho de 2025 às 05:00

Caminhão foi comprado com recursos de edital e abandonado em 2018
Caminhão foi comprado com recursos de edital e abandonado em 2018 Crédito: Reprodução

Dizem que quando um problema está escancarado, mas nenhuma providência é tomada para resolver, trata-se de um 'elefante na sala'. Em Salvador, a metáfora é parecida, salvo algumas correções. Ao invés de bicho, veículo. No lugar de cômodo, o terreno de um bem tombado. Um caminhão baú comprado com recursos de edital da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult-BA) amarga abandono há sete anos no Centro Histórico de Salvador. 

Não se sabe ao certo a data que o caminhão modelo Cargo, da Ford, foi comprado por um agente cultural através de um edital do Fundo de Cultura, da pasta estadual. Fato é que o veículo foi deixado no terreno do Forte de Santo Antônio Além do Carmo depois que o vencedor do edital assinou a rescisão do termo de acordo, em 2018. De lá para cá, passaram-se sete anos sem que o veículo ganhasse nova função. 

Ao ser adquirido, o caminhão passou por alterações físicas para que se transformasse em um palco. O vencedor do edital da Secult-BA, que não teve a identidade revelada, pretendia utilizar o veículo em apresentações musicais no interior da Bahia. Ele, no entanto, desistiu do projeto e o veículo foi levado ao Forte - bem tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 1981. 

Uma foto tirada recentemente mostra que o caminhão tem sido engolido pela vegetação. Funcionários do Forte de Santo Antônio denunciam o abandono e temem que o veículo vire foco de dengue devido ao acúmulo de água.

"Quando fizeram uma fiscalização, descobriram que o caminhão estava sendo utilizado para outros fins que não os estabelecidos pelo edital. O caminhão foi tomado, trazido para Salvador, e decidiram colocá-lo no Forte, com a justificativa de esperar a atualização da documentação", diz uma pessoa incomodada com a situação, que prefere não se identificar.

Foto tirada de cima mostra caminhão abandonado no Forte de Santo Antônio
Foto tirada de cima mostra caminhão abandonado no Forte de Santo Antônio Crédito: Divulgação

Procurada, a Secult-BA confirmou que o veículo foi entregue à pasta depois que o agente cultural assinou a rescisão do termo. A secretaria afirma, no entanto, que não foram entregues todos os documentos que possibilitam a transferência da titularidade e, por isso, o veículo ainda não é oficialmente da pasta (veja a nota completa abaixo). 

Pesquisas em sites de compras de veículos apontam que o caminhão modelo 2018 custa, em média, R$ 250 mil. Ao longo dos anos, peças foram retiradas, segundo conta a fonte. "O caminhão foi depredado, tiraram peças, e até hoje fica abandonado", completa.

Construído no século 18 com objetivo de proteger a cidade de Salvador das invasões holandesa e espanhola, o Forte de Santo Antônio agora abriga o retrato do abandono de bens públicos. De acordo com a pasta estadual, o caso é acompanhado por técnicos da Secult-BA. 

O Forte de Santo Antônio guarda parte importante da história colonial de Salvador. Durante a ditadura militar, funcionou como cadeia que recebia presos políticos. A fortificação foi esquecida pelas autoridades após o período de repressão até que em 1985 foi ocupado por grupos de cultura popular de Salvador.

Em 2006, foi reaberto como Forte da Capoeira – Centro de Referência, Pesquisa e Memória da Capoeira da Bahia. Funcionários, no entanto, dizem que são poucas as ações da pasta para movimentar o equipamento cultural. 

Posicionamento da Secult-BA sobre o abandono do caminhão

"A Secretaria Estadual de Cultura (SecultBA) informa que o veículo estacionado em terreno ao lado do Forte de Santo Antônio Além do Carmo, em Salvador, é propriedade de um agente cultural contemplado por meio de edital. O veículo fazia parte do projeto desenvolvido pelo agente cultural ao ser contemplado pelo edital, porém, foi entregue à SecultBA depois que esse agente cultural assinou a rescisão do termo de acordo e compromisso firmado.

No entanto, não foram entregues todos os documentos que possibilitam a transferência da titularidade e, com isso, o veículo ainda não é oficialmente da secretaria. O caso é acompanhado pelos técnicos da SecultBA até que a regularização documental permita que a SecultBA descarte o veículo em conformidade com as normativas do Estado."