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Raquel Brito
Publicado em 8 de setembro de 2023 às 08:06
Batidas na mesa, cartões vermelhos e verdes, brincadeiras com o ‘Zé’: Raimundo Varela criou sua identidade e tornou-se um ícone da televisão baiana. Varela, que morreu aos 75 anos, teve vários trabalhos antes de entrar na comunicação, mas foi nessa área que se consolidou, após mais de 40 anos de dedicação. >
Unindo assuntos sérios da cidade com os famosos cartões inspirados pelo esporte, outro interesse seu, Varela trazia a dimensão lúdica dos bordões para as notícias difíceis que relatava. Falas emblemáticas pelas quais ficou conhecido e que foram parte de homenagens feitas nesta quinta-feira (7), após sua morte. >
“O dono de diversos bordões da mídia televisiva baiana se calou hoje, 7 de setembro, e deixou por aqui um jeito independente de fazer Jornalismo, sua marca”, escreveu o senador Otto Alencar (PSD) em suas redes sociais.>
Para quem o assistia, esse era um dos motivos do sucesso. “Ele era aquele amigo próximo, que eu nem precisava ver pessoalmente, mas fazia parte da minha vida. Cartão vermelho, cartão verde! Aquele último bordão que ele fazia com a Tiale Acrux também, 'vamos para frente que atrás vem gente'. Tudo isso eu curtia”, contou Georgina Alvim, de 62 anos, que não perdia um dia da programação com Varela.>
Para os políticos, a linguagem direta de Varela era motivo de atenção. Com os cartões, ele avaliava episódios e situações. Segundo o prefeito de Salvador, Bruno Reis, Varela tinha um jeito próprio de ser e de se expressar, o que o tornou um patrimônio da cidade e do estado. “Ele era uma pessoa marcante, de posições firmes, e amado por todos. Sem sombra de dúvidas, prestou relevante serviço para todos nós”, disse.>
Técnico de som agora aposentado, José Serra foi motivo de bordões como “bota o fone, Zé!” e “Zezinho da Ribeira” para Varela. Os dois trabalharam juntos por mais de duas décadas e, para José, as falas marcadas na memória do público expressam o quão emblemático o apresentador se tornou. “Ele foi um ícone, um exemplo. Sabia falar com o povo baiano”, disse.>
O apresentador Raimundo Varela morreu nesta quinta-feira (7) em Salvador. A causa do falecimento não foi divulgada até o momento, mas, de acordo com o filho mais velho do comunicador, Gel Varela, a família acredita que o motivo seja o debilitamento natural do corpo após o bitransplante que fez em 2006. >
Na época, problemas renais e de diabetes fizeram o apresentador ser internado no Hospital Aliança em Salvador, às pressas. Depois, foi transferido para o Hospital Osvaldo Cruz, em São Paulo. Três meses depois, foi submetido a um transplante de fígado e rim. >
Varela estava internado desde 23 de agosto em uma clínica de reabilitação na região de Nazaré. "A vida tem seus limites, descansou, a gente orou muito", diz o filho, Gel Varela. O comunicador completaria 76 anos em 30 de novembro. Ele deixa sete filhos. >
*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro>