Com processo mais flexível, emissão de vistos para os EUA deve bater novo recorde no Brasil

Em conversa com o CORREIO, porta-voz da Embaixada norte-americana destacou relação histórica entre os países

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  • Saulo Miguez

Publicado em 27 de julho de 2024 às 07:48

Luke Ortega
Luke Ortega Crédito: Felipe Menezes/Divulgação

No ano em que se comemora o bicentenário das relações diplomáticas entre o Brasil e os Estados Unidos, um número recorde de brasileiros deve visitar o país da América do Norte. Nos três primeiros meses de 2024, o número de visitantes foi 20% maior em comparação ao mesmo período do ano anterior. Em 2023, foram 1,1 milhão de vistos emitidos no total.

O porta-voz da Embaixada dos Estados Unidos, Luke Ortega, conversou com o CORREIO e falou sobre a importância da Bahia no vínculo entre os países, democracia, relações econômicas, além das comemorações que celebram os 200 anos de diplomacia entre as nações.

Com grande experiência, o porta-voz já serviu como adido de imprensa e de Diplomacia Pública em La Paz, na Bolívia, adido de Diplomacia Pública para Assuntos do Hemisfério Ocidental, adido Político e Consular em Yaoundé, em Camarões, e adido de imprensa adjunto em Brasília.

Para celebrar o bicentenário, estão sendo realizados eventos que buscam refletir sobre as conquistas e as perspectivas futuras da união entre Brasil e Estados Unidos. "A gente valoriza muito essa relação porque ela tem na sua base os valores democráticos compartilhados e a amizade entre o povo brasileiro e o norte-americano", disse.

O porta-voz ressaltou que o calor da amizade entre os países é refletido entre norte-americanos e baianos. "A nossa Embaixada sempre trabalha para fortalecer os laços com a sociedade da Bahia, trazendo os oficiais dos Estados Unidos para conhecer essa terra e seu povo lindo".

Recorde de vistos

Perguntado sobre a reabertura do escritório da Embaixada dos Estados Unidos em Salvador para atender os pedidos de retirada de visto dos baianos, Ortega disse que, nesse momento, não há perspectivas para que isso ocorra. "A gente sabe que é muito chato quando você quer viajar ter que ficar na fila e ir para outro estado para tirar o visto. A gente entende essa preocupação", disse.

Apesar disso, sobretudo no último ano, a Embaixada norte-americana tem flexibilizado e aprimorado o processo de emissão de vistos para os brasileiros. Dentre as ações destacadas por Ortega, foi ampliada a equipe consular e, em certos casos, a emissão está sendo feita sem a necessidade de entrevistas.

Os resultados dessas mudanças são visíveis, por exemplo, na redução do prazo para conseguir o documento, que hoje é obtido em questão de semanas.

"Mudamos as regras para quem já teve visto nos últimos quatros anos tirar um novo documento sem fazer a entrevista. A gente tem feito muito para melhorar o processo e respeitar todos os pedidos de vistos dos brasileiros", disse.

Essa flexibilização é resultado da boa relação entre os países, que tem rendido outros frutos, como o programa de intercâmbio Jovens Embaixadores, que leva estudantes da rede pública para trocar experiências com os norte-americanos.

Ainda nesse contexto, em maio deste ano, no Rio de Janeiro, aconteceu a visita do porta-aviões George Washington, que foi uma forma de demonstrar solidariedade entre os povos, no que diz respeito à segurança, e ainda transportou equipamentos e donativos às comunidades do Rio Grande do Sul afetadas pelas enchentes.

Ortega destaca que os Estados Unidos são quem mais investem no Brasil, com cerca de R$ 1 trilhão aplicados. O comércio entre os dois países é responsável pela geração de mais de 500 mil empregos no nosso país e 100 mil nos EUA. Essa relação, aliás, segue em crescimento.

No primeiro semestre deste ano, houve um aumento de 5% no fluxo comercial entre as nações, com acréscimo de 12% nas exportações brasileiras, o que representa cerca de US$ 19 bilhões. Desse valor, US$ 14 bilhões são de produtos provenientes da indústria, ou seja, que têm valor agregado.

"Estamos falando de aviões, equipamentos de engenharia, suco de laranja, dentre outros. A gente percebe que o mercado norte-americano está interessado em produtos de alta qualidade feitos por mãos brasileiras", afirmou Ortega.

Eleições

Em ano de eleições nos dois países, Ortega reforça a importância do respeito ao processo democrático. Sobre os Estados Unidos, o atual presidente, Joe Biden, desistiu de tentar a reeleição. Além disso, o candidato do partido Republicano, Donald Trump, foi vítima de um atentado enquanto discursava no estado da Pensilvânia.

"No dia 5 de novembro, a democracia dos Estados Unidos estará em ação. Vamos exercer nosso direito fundamental de escolher nossos representantes, elegendo não apenas o presidente e o vice-presidente, mas também os 435 membros da Câmara, 33 senadores e vários governadores. Expressamos total confiança na integridade do processo eleitoral e na capacidade do povo norte-americano de eleger seus líderes de forma justa e transparente", afirmou Ortega.

Ao comentar o atentado contra Trump, Ortega destaca que é muito importante que todos condenem o ataque. "O presidente Biden deixou muito claro que a violência política não tem espaço e nem lugar na democracia norte-americana. Rejeitamos qualquer tipo de violência e condenamos esse atentado", afirmou.

Ortega reforçou que tanto Biden quanto Trump têm falado que o momento é de moderar o discurso, evitar o extremismo, a desinformação e continuar com a fé na legitimidade das eleições e processos democráticos. "Vamos decidir os nossos líderes através das urnas".

G20 e calendário de atividades

Em novembro deste ano, o Brasil vai sediar a 19ª Reunião de Cúpula do G20. O evento acontece nos dias 18 e 19, no Museu de Arte Moderna da cidade do Rio de Janeiro. Ortega destacou o apoio dos Estados Unidos aos objetivos do Brasil no encontro, especialmente no que diz respeito à transição energética, combate à fome e reforma das instituições internacionais para que o nosso país tenha mais representatividade. "Esperamos a visita do presidente Biden para a cúpula dos líderes", anunciou.

Até o final deste ano, deve acontecer no Brasil uma exposição que vai reunir obras de artistas afro-americanos e afro-brasileiros. Além disso, ainda em 2024, o Brasil vai receber a primeira partida de futebol americano da NFL em sua história, que vai acontecer no dia seis de setembro, em São Paulo. "Dá para ver que temos um calendário de atividades culturais emocionantes para todos os brasileiros", concluiu Ortega.