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Corpo de aluno estrangeiro da Ufba está há um mês no IML: 'Cada vez mais difícil'

Delcio João Lopes Fernandes cursava mestrado em Direito e morreu no dia 19 de junho

  • Foto do(a) author(a) Maysa Polcri
  • Maysa Polcri

Publicado em 17 de julho de 2025 às 13:47

Não há prazo para que corpo de estudante deixe o IML
Não há prazo para que corpo do estudante deixe o IML Crédito: Reprodução

Um oceano separa a família de Delcio João Lopes Fernandes do corpo do estudante, que morreu em 19 de junho, vítima de hepatite. Após ficar internado durante 40 dias em Salvador, Delcio, que nasceu no país africano Guiné-Bissau, não resistiu às complicações da doença. O corpo foi levado ao Instituto Médico Legal (IML), mas, para ser liberado, a família precisa desembolsar cerca de R$ 50 mil

A maior parte desse valor, o correspondente a R$ 35 mil, será usada para o translado do corpo até o país de origem. De acordo com informações de colegas de Delcio que estão em contato com a família do africano, a Universidade Federal da Bahia (Ufba) teria dito que arcaria com os custos do transporte. Com isso, seria de responsabilidade dos parentes pagar as passagens para que alguém acompanhasse o translado, equivalente a R$ 15 mil. 

Nesta semana, a vaquinha feita por famílias e amigos ultrapassou a meta dos custos das passagens, alcançando o valor de R$ 21,2 mil (veja mais abaixo como ajudar). Porém, ao contatar a Ufba, a universidade informou que, por enquanto, não poderá custear o translado do corpo de Delcio João. Mas que segue tentando buscar maneiras de ajudar a família. O estudante cursava mestrado em Direito. "Agora, nós precisamos de um valor ainda maior para conseguir um enterro digno para o Delcio", lamenta um colega, que prefere não ser identificado por medo. 

Segundo os colegas, não há documentos que comprovem que a Ufba pagaria o valor do translado e, por questões burocráticas, não será possível ajudar com a viagem. "A universidade tinha se comprometido a arcar com os custos do translado. Mas, representantes da Ufba nos informaram que não poderiam investir nesse tipo de ação por não haver, no regimento interno, norma que possibilite os recursos", explica. A universidade estaria buscando alternativas para ajudar no processo de translado.

As tratativas, segundo um dos amigos, estariam sendo feitas por representantes da reitoria e do curso de Direito da universidade. Amigos e parentes correm contra o tempo para conseguir cerca de R$ 29 mil. A reportagem entrou em contato com a universidade, que até esta publicação não se manifestou sobre o translado do corpo do estudante. 

"Não sabemos até quando o corpo poderá ficar no IML aguardando o valor, e a cada dia fica mais difícil atingir a meta. Por isso, já pensamos na possibilidade de fazer o enterro em Salvador, o que não é o desejo da família", completa o colega. Enquanto isso, os parentes de Delcio aguardam com apreensão os próximos passos, sem ter dinheiro suficiente para viajar até o Brasil.

Procurado, o Departamento de Polícia Técnica (DPT) informou que não há prazo para que o corpo seja liberado. Um acordo foi feito entre a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) e a Secretaria de Segurança Pública (SSP) para garantir a salvaguarda do corpo até que o dinheiro fosse arrecadado. Em situações comuns, quando uma vítima de violência é encaminhada ao Instituto Médico Legal, o instituto aguarda, em média, um mês para que a família retire o corpo. 

O estudante africano Delcio João tinha o sonho de ser ministro da Justiça em Guiné-Bissau. Ele morreu no Hospital Roberto Santos, após mais de um mês internado em decorrência de uma hepatite. Em sua estadia em Salvador, ele teve apoio da Pastoral do Migrante, uma iniciativa da Arquidiocese de Salvador para acolher migrantes e refugiados na cidade. Interessados em contribuir com a vaquinha podem doar neste link.