Dengue já matou 12 pessoas na Bahia

Taxa de letalidade da doença é de 1,58% no estado

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  • Millena Marques

Publicado em 9 de março de 2024 às 11:00

Aedes aegypti, vetor transmissor de dengue, zika e  chikungunya
Aedes aegypti, vetor transmissor de dengue, zika e chikungunya Crédito: Freepik

A dengue já matou 12 pessoas na Bahia em 2024. As últimas três mortes foram confirmadas pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) na última sexta-feira (8). Os óbitos ocorreram nas cidades de Jacaraci e Vitória da Conquista, ambas no sudoeste baiano. Não há informações sobre os perfis das vítimas.

Ao todo, sete municípios baianos registraram mortes pela doença viral: Jacaraci lidera a lista com quatro óbitos, seguido de Vitória da Conquista, que registrou três. Os municípios de Piripá, Barra do Choça, Irecê, Feira de Santana e Ibiassucê também registraram óbitos neste ano – uma vítima em cada cidade.

Em dois meses, a Bahia já havia registrado o equivalente a 36% de todas as mortes por dengue no ano passado. O último boletim da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep), publicado no dia 5 de março, indicou que a Bahia havia notificado 29.982 casos prováveis de dengue até o dia 2 de março. Esse número representa um aumento de 209,3% dos casos em comparação ao mesmo período de 2023.

Ao todo, 122 municípios baianos se encontram em epidemia, outros 51 estão em situação de risco e 34 em alerta. Neste momento, a taxa de letalidade da doença é de 1,58%. As explicações para o alto índice de casos de dengue na Bahia vão desde condições climáticas a consequências de um período de restrições em razão da pandemia da Covid-19.

O pico da dengue era esperado entre o final de março e o começo de abril, de acordo com a secretária de Saúde do Estado, Roberta Santana. No entanto, as condições climáticas favoreceram a antecipação. “Uma das suposições que nós temos são as condições climáticas. No estado da Bahia, por exemplo, nós temos municípios em estado de emergência por estiagem e outros por chuva”, afirma.

Por outro lado, o virologista Gúbio Soares, primeiro cientista a detectar o zika no Brasil, explica que os anos de pandemia da Covid-19 dificultaram o trabalho de combate ao mosquito da dengue.

"As pessoas estavam mais restritas por causa da Covid. Então, houve dois anos de abandono total do controle do mosquito. Em 2023, também não houve nem uma campanha para conter os mosquitos. O que aconteceu? Os mosquitos se proliferaram”, pontua.

No Brasil, oito estados e o Distrito Federal já declararam emergência em saúde pública por causa do avanço de casos de dengue. De acordo com o Ministério da Saúde, toda unidade federativa pode declarar situação emergência, com o objetivo de facilitar as medidas administrativas para conter o problema. A reportagem questionou à Sesab, via email, se o Governo da Bahia deve declarar emergência em breve, no entanto, não havia respostas até o fechamento desta matéria.

A reportagem também solicitou dados sobre os municípios baianos que haviam declarado epidemia por dengue nos últimos sete anos, com um recorte para cada ano, mas não obteve sucesso. O espaço segue aberto.

O médico infectologista Adriano Oliveira afirma que ainda não é o momento da Bahia declarar estado de emergência por dengue. “Ainda é cedo. A epidemia ainda não chegou para valer na Bahia. O estado de emergência é decretado quando os serviços de saúde saturam e não dão conta da demanda", pontua.

Para conter o avanço dos casos, o virologista Gúbio Soares afirma que a população precisa trabalhar com o Governo, especialmente porque o mosquito mudou os hábitos de pôr ovos. "O Aedes está pondo ovos em água parada, suja, água de esgoto, não só em água limpa. Isso já está provado cientificamente. O Aedes mudou a sua forma de sobrevivência, ele está pondo ovos em qualquer tipo de água parada”, explica.

Quando a dengue mata

Apesar de ser raro, os casos graves de dengue podem levar um paciente a óbito. A explicação é a seguinte: os quadros intensos da doença infecciosa causam sangramentos graves, choque e disfunção de múltiplos órgãos, como aponta a médica infectologista Clarissa Cerqueira, professora da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP).

A dengue tende a fazer com que o plasma e as células hemácias saiam dos vasos sanguíneos. “Não chega sangue nos órgãos do corpo, porque a pessoa está perdendo para o exterior, através de sangramento, ou também para dentro do próprio corpo”, explica.

Os casos mais graves de dengue podem ser identificados com os seguintes sinais de alarme: febre muito alta, muitas dores (especialmente dores abdominais fortes, que podem ser um sinal de acometimento hepático), vômito prolongado, olhos amarelos, urina escura, manchas vermelhas (sobretudo em áreas que são pressionadas) e confusão mental. Os pacientes com esses sintomas devem procurar a assistência médica de imediato.

Também existe um grupo de pessoas que estão mais propensas a casos mais graves e, consequentemente, é o público que corre maiores riscos. Compõem esse grupo: crianças de até cinco anos; idosos acima de 60; gestantes; pacientes com comorbidades ou insuficiência renal, insuficiência hepática e doença renal crônica. 

*Com orientação da subeditora Fernanda Varela