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Raquel Brito
Publicado em 10 de janeiro de 2024 às 06:30
Extrovertido, prestativo e um jogador nato de futebol: é assim que familiares e amigos se referem a Thiago Henrique Lopes Ferreira, jovem de 24 anos que foi morto a tiros por um vizinho após quase atropelar um de seus cachorros na tarde de segunda-feira (8). Filho caçula, pai de quatro filhos e torcedor do Palmeiras, Henrique, também conhecido no esporte como Marreta, tinha o sonho de ser atleta profissional. >
A prima Paula Fabiane afirma que a família coleciona medalhas e troféus que o jovem conquistou em campeonatos. “Ele joga desde muito cedo. O plano dele realmente era ser jogador de futebol, não tinha outro. Ele mesmo dizia que, se não fosse jogador de futebol, ele não iria ser mais nada. Mas esse infeliz acabou ceifando o sonho dele”, lamenta. “Agora, a família está comprometida em tentar achar uma solução, achar esse culpado. Nada trará ele de volta, mas pelo menos nos conforta saber que o responsável vai pagar”, adiciona ela.>
Diquã Lopes, 26, irmão da vítima, conta que Henrique era dono de um talento que usava para o bem. “Ele jogava na várzea e o dinheiro que conseguia [em campeonatos] ele trazia para dentro de casa, ajudava a gente. Meu irmão era uma pessoa muito querida, muito abraçado por todo mundo. Ele era incrível, alegre e estava seguindo a vida dele em paz, mas esses crimes acontecem. É o Brasil, né?”, diz. >
De acordo com ele, era comum que Henrique chegasse de moto nos jogos semanais, que aconteciam às 18h num campo perto de sua casa. Na segunda-feira, os cachorros do vizinho se espantaram e avançaram. >
“Ele ainda pediu desculpa ao rapaz, falou que ia evitar discutir com ele, porque o vizinho é senhor de idade. Disse: 'me desculpe, os seus cachorros que vieram para cima' e tudo mais, e estacionou a moto. O vizinho foi em casa, voltou e desferiu três disparos fatais no peito dele, infelizmente”, relata.>
Colega dos campos de várzea, Tauã Andrade, de 22 anos, conhecia Henrique há cinco anos. Jogaram juntos em times nos bairros de Castelo Branco, Jardim Santo Inácio e Cajazeiras, e voltaram a se encontrar em Canabrava e Nova Brasília, jogando em times diferentes. >
“Nas poucas oportunidades que tive o prazer de passar alguns domingos com ele, eram sempre domingos de muita alegria e diversão. Ele era muito brincalhão e sorridente, com um talento indiscutível no futebol. Infelizmente foi um sonho interrompido. Quando jogávamos juntos ou até em times diferentes, ele sempre era muito alegre e respeitador”, relata.>
Segundo uma vizinha e dona de uma lanchonete na região, que preferiu não se identificar, Henrique era um rapaz tranquilo, que nunca teve confusão com outros moradores. Ela conta que era comum que ele e a mãe comprassem refrigerantes na sua loja. “Eu o conheci pela fama de bom jogador. Eu assistia Marreta jogar porque meu neto também joga. Ele era muito bom mesmo”, afirma. >
A comerciante disse ainda que o neto, de apenas 14 anos, presenciou o momento da execução, voltando para casa em choque. Além dele, ela diz que outra criança, de 12 anos, também presenciou o momento.>
Em nota, a Polícia Civil informou que a investigação do caso está em andamento e que detalhes não serão divulgados para não atrapalhar as investigações.>
O enterro de Thiago Henrique está previsto para esta quarta-feira (10), no Bosque da Paz.>
*Com orientação de Fernanda Varela.>