Em dez dias, pelo menos quatro pessoas foram espancadas em Salvador e RMS

Caso mais recente aconteceu no domingo (2)

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  • Raquel Brito

Publicado em 4 de junho de 2024 às 06:15

Fal Silva, guitarrista da Afrocidade, morreu nesta sexta-feira (24)
Fal Silva, guitarrista da Afrocidade, morreu na sexta-feira (24) Crédito: Reprodução

O espancamento de um policial aposentado no bairro de São Cristóvão, em Salvador, na noite de domingo (2), se junta a pelo menos outros três casos de agressão apenas nos últimos dez dias na capital baiana e região metropolitana.

Na madrugada do dia 28 de maio, o corpo de Rodrigo Amorim de Souza, de 26 anos, foi encontrado na Estrada do Arenoso, na cidade de Simões Filho, com sinais de espancamento.

No dia 27, uma mulher identificada como Sione Matos dos Santos, de 46 anos, morreu após ser agredida em um bar no Bairro da Paz. O agressor é dono do estabelecimento, onde Sione entrou para comprar cigarros. O motivo da agressão teria sido uma discussão por conta de futebol. 

Dois dias antes, a morte do guitarrista da banda Afrocidade, Flávio de Oliveira Silva, de 32 anos, conhecido como Fal Silva, chocou a Bahia. Ele foi espancado até a morte por quatro homens no bairro Novo Horizonte, em Camaçari, no dia 25 do último mês. O mandante da morte de Fal já foi identificado pela polícia.

Na noite de 22 de maio, o presidente da Câmara Municipal de Santo Antônio de Jesus, Francisco de Assis Lima Damasceno, conhecido como "Chico de Dega", foi espancado durante um assalto em Salvador.

Segundo a Polícia Civil, a vítima foi abordada por dois homens armados na Avenida Octávio Mangabeira, no bairro Boca do Rio. A dupla entrou no carro do vereador e o lesionou no rosto. 

Segundo Horacio Nelson Hastenreiter Filho, professor do Mestrado em Segurança Pública, Justiça e Cidadania da Universidade Federal da Bahia (Ufba), as situações de espancamento relatadas em Salvador têm caráter bastante diverso entre si.

“Há desde situações de violência extrema como resposta à violência, como espancamentos que se sucedem a assaltos. Há, ainda, nos casos menos frequentes entre os relatados, mulheres como vítimas. No primeiro grupo, pode-se verificar um sentimento de cansaço e descrença na segurança pública, que leva vítimas de violência a buscarem justiça com as próprias mãos. No segundo caso, há de se compreender o nível de reação esboçado pela vítima”, diz.

O especialista afirma que a violência contra a mulher deve ser avaliada no contexto do acirramento de uma visão conservadora da sociedade, que questiona os direitos adquiridos pelas mulheres. E a insatisfação dessa camada conservadora é manifestada em agressões às mulheres que buscam efetivamente usufruir dos seus direitos.

A reportagem pediu à Polícia Civil o número de ocorrências de lesão corporal registradas em 2024, mas a instituição respondeu que precisa de ao menos cinco dias úteis para obter os dados. 

*Com orientação da subeditora Monique Lôbo.