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Larissa Almeida
Publicado em 21 de agosto de 2024 às 05:30
A chegada do envelhecimento costuma impor desafios que vão desde o aparecimento de problemas físicos até a limitação de atividades antes comuns no cotidiano. É nessa época que muitas pessoas decidem parar de trabalhar para viver da aposentadoria, mas essa realidade não apenas não é a única possível, como também tem sido deixada de lado por uma parcela significativa dos baianos. Não à toa, entre o início de 2022 e agosto de 2024, 63.531 empresas chefiadas por empresários acima dos 50 anos foram abertas na Bahia, de acordo com dados que são atualizados mensalmente pela Junta Comercial da Bahia (Juceb). >
Somente neste ano, 14.984 empresa chefiadas por empresários acima dos 50 anos foram abertas no estado. Um dos motivos para a inserção tardia no empreendedorismo tem relação com o próprio envelhecimento da população e aumento da expectativa de vida. Atualmente, a população idosa da Bahia corresponde a 10,6% do total de aproximadamente 14,1 milhões de pessoas, segundo dados do Censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em números absolutos, a quantidade de idosos baianos praticamente dobrou em relação ao Censo de 2010. >
Rosa Correia, CEO do Instituto Amadurecer – iniciativa baiana que prepara adultos para o amadurecimento –, aponta que, frente a esse cenário de envelhecimento populacional, já não cabe às pessoas com mais de 50 anos a conformidade com a aposentadoria. “As pessoas vão precisar complementar renda porque a pirâmide inverteu. Nós temos menos pessoas jovens ativas bancando a Previdência e muito mais pessoas inativas aposentadas recebendo essa Previdência”, constata. >
Se por um lado a perspectiva de não poder envelhecer com a garantia de sustento após anos de trabalho é negativa, o que resta de lado bom é a possibilidade se manter ativo. Isso porque, conforme afirma Rosa, a saúde das pessoas mais velhas depende também da capacidade de realização de atividades. “A saúde física, mental e integral só funciona se a pessoa estiver ativa. Colocar alguém nos aposentos e limitar ela apenas a envelhecer vai gerar vários vácuos nesse ser humano, como vazio existencial e falta de permeabilidade na sociedade”, diz. >
Para conseguir complementar a renda ou simplesmente manter o dinamismo diário, mais de 250 mil pessoas acima de 50 anos se inscreveram no banco de cadastro da Maturi, empresa paulista que capacita esse público para o mercado de trabalho. O CEO e fundador Mórris Litvak conta que, no primeiro momento, são procuradas vagas em empregos formais, mas durante o processo de capacitação, quem é +50 percebe sua própria possibilidade de gerir um negócio próprio. >
“Tem muita gente está numa fase de transição para entender o que é empreender nessa idade e como fazer isso. São pessoas que [receberam recusa em vagas formais e] sofreram preconceito etário, que querem ir atrás de um sonho, ter mais flexibilidade e fazer algo com mais propósito. [...] Junta tanto a necessidade quanto essa vontade por essas novas possibilidades, por isso a procura por empreender nessa fase tem crescido”, ressalta.>
O Agenda Bahia é uma realização do Jornal Correio com patrocínio da Tronox e Unipar, apoio institucional da FIEB, Sebrae e apoio da Bracell, Grupo Luiz Mendonça - Bravo Caminhões e Ônibus e AuraBrasil, Plano Brasil Saúde, Salvador Bahia Airport, Suzano, Wilson Sons e parceria da Braskem.>
*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo>