ESPECIALISTA EXPLICA

Entenda a diferença entre a versão líquida e em gel do álcool 70%

Versão líquida do produto não poderá ser vendida em estabelecimentos comerciais a partir do dia 30 de abril

  • Foto do(a) author(a) Gilberto Barbosa
  • Gilberto Barbosa

Publicado em 30 de abril de 2024 às 06:45

Venda do álcool 70% está proibida a partir da próxima terça-feira (30)
Venda do álcool 70% está proibida a partir da próxima terça-feira (30) Crédito: Gilberto Barbosa/CORREIO

A partir do próximo dia 30 de abril, a versão líquida do álcool 70% não poderá mais ser vendido em estabelecimentos comerciais, como supermercados e farmácia. Quem utiliza o item deverá substituí-lo pela versão em gel ou por uma versão líquida com menor concentração.

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a proibição da venda ocorre devido ao caráter altamente inflamável do produto, que já havia sido proibido em 2002 após uma resolução do órgão apontar "os riscos oferecidos à saúde pública decorrentes de acidentes por queimadura e ingestão, principalmente em crianças".

O professor do Instituto de Química da Universidade Federal da Bahia, Martins Cerqueira, conta que o álcool líquido e em gel possuem a mesma eficácia para a desinfecção, porém a manipulação da versão em gel é mais segura.

“A principal diferença é a inflamabilidade. Na versão líquida, a chama é mais intensa, formando mais vapores e aumentando o risco de explosões. A versão em gel também pega fogo, mas não solta tanto vapor fazendo com que o risco seja quase inexistente”.

Martins explica que casos de acidentes envolvendo o uso do álcool 70% acontecem quando a garrafa é manipulada próximo ao fogo. O líquido com excesso de vapor leva as chamas até a garrafa causando a explosão

“No gel não tem esse caminho das chamas até a vasilha que causa a explosão porque não tem esses vapores e esse caminho de inflamabilidade. A chama é menos intensa, mas a temperatura é praticamente a mesma. Se você tocar no fogo com o álcool em gel na mão ainda tem risco de acidente, mas o risco de explosão quase inexiste”, continua.

Ainda segundo o professor, não há diferença de eficiência dos produtos quanto à limpeza de ambientes. O gel é mais seguro próximo a chama, mas o líquido teria vantagem quanto a praticidade no dia a dia.

“O álcool líquido é mais fácil de manipular em superfície. Você pode colocar em uma garrafa com spray e formar um aerosol para limpar uma mesa, por exemplo. Já no contato com a pele humana, o álcool em gel é melhor que o líquido porque resseca menos a pele, já que a substância que forma o gel também é hidratante, deixando-a menos exposta a agentes externos, como fungos e bactérias”, completa.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro