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Entenda como vai ficar o Teatro Vila Velha após a reforma anunciada pelo Município

Prefeitura vai ampliar o espaço e melhorar as condições internas

  • Foto do(a) author(a) Gil Santos
  • Gil Santos

Publicado em 4 de setembro de 2024 às 20:04

Teatro está sendo usado para ensaios Crédito: Ana Albuquerque/ CORREIO

O ano era 1964 e o Brasil havia acabado de sofrer um golpe de estado que deu início uma Ditadura Militar. Em Salvador, um grupo de artistas criava um espaço para por em prática as ideias e os ideais que contrariavam a cultura da época. Lá se vão 60 anos e o Teatro Vila Velha permanece de pé. Nesta quarta-feira (4), a prefeitura anunciou que vai requalificar e ampliar o espaço.

As intervenções incluem um novo sistema de ar-condicionado, a adequação do sistema elétrico do teatro, maior acessibilidade e Projeto de Combate a Incêndio. Haverá também um novo volume na cobertura, onde vai funcionar a área administrativa, qualificação dos ambientes internos e criação de depósito externo. Segundo o Município, o objetivo é garantir conforto, segurança e qualidade técnica dos espetáculos, aos frequentadores, artistas e trabalhadores do teatro.

A licitação para a reforma já tinha sido anunciada pelo prefeito Bruno Reis (União Brasil) em abril. "Nos próximos dias a gente vai lançar a licitação do novo Teatro Vila Velha. Esse ano o teatro completa 60 anos e a prefeitura vai praticamente construir um novo, que vai ficar muito bonito. Quando fizermos a intervenção no teatro, vamos também recuperar todo o passeio público", afirmou o gestor, na época.

Nesta quarta-feira, o projeto de intervenção construído pela Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF) foi apresentado a um público formado em sua maioria pela classe artística. O diretor do teatro, Márcio Meirelles, contou que a ideia da reforma surgiu de maneira inusitada, durante uma reunião na prefeitura para discutir um projeto do Município sobre cinema. O prefeito visitou o espaço e discutiu os problemas.

A última vez que o Vila Velha recebeu público foi no show de Bem Gil, em novembro de 2023. Desde então o teatro está sendo usado para ensaios. Meirelles afirmou que apesar disso a produção continua a todo vapor, contou que houve espetáculos em Lisboa (Portugal) e Londres (Inglaterra) e que no dia 12 de setembro será inaugurada uma exposição no Museu de Arte Moderna (MAM) que contará os 60 anos de história do teatro. Ela estará aberta ao público a partir do dia 13.

"O Vila Velha surgiu cinco anos antes do prédio. A Sociedade Teatro dos Novos que construiu o prédio começou a trabalhar em 1959, quando estrearam a primeira peça em Ilhéus, depois em Itabuna e em Salvador. Foi assim a história desse teatro, fora do prédio. O prédio foi criado para abrigar esse movimento, e a reforma é porque o Vila Velha é importante para a cidade e para a cultura brasileira", contou.

Com o passar do tempo o Teatro Vila Velha se tornou símbolo da contracultura, do Tropicalismo e da contestação que marcou a cena cultural brasileira durante a ditadura militar. O show de inauguração, intitulado "Nós, Por Exemplo", contou com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé, Gal Costa e Maria Bethânia. O secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Pedro Tourinho, que participou da reunião da qual saiu a proposta de reformar o Vila Velha explicou o motivo da intervenção do Município.

"Vamos requalificar, modernizar com novos equipamentos e oferecer mais acessibilidade, mas o palco é o palco do Vila Velha e é dele que a gente parte. É um teatro independente e da cidade. O Vila Velha é um dos pilares mais importantes da cultura brasileira que Salvador tem o privilégio de sediar, não só o teatro, mas também o grupo de artistas que construiu esse palco", afirmou Tourinho.

O secretário cobrou a participação das esferas estadual e federal, e da iniciativa privada para o desenvolvimento de projetos no Vila Velha. Ele explicou que o investimento do Município será de R$ 10 milhões na obra e está estimado em R$ 12 milhões em equipamentos. Durante o evento, uma maquete foi deixada em exposição sobre como o espaço vai ficar após a reforma.

O presidente da Fundação Gregório de Mattos (FGM) e artista, Fernando Guerreiro, contou que conheceu o teatro através do Vila Velha.

"Aos 14 anos eu estava vendo os espetáculos de João Augusto, foi onde comecei a me apaixonar pelo teatro. Fiz curso no teatro Gamboa e frequentava os dois espaços. O Vila Velha foi um grande polo de resistência a Ditadura Militar, um movimento muito importante durante a década de 1970. É um teatro que tem uma história forte com a cidade, artístico e político", afirmou.

Primeira Reforma

Trinta anos depois da fundação teve início uma reconstrução e revitalização do teatro. O ano era 1994. A iniciativa foi de um grupo de artistas, liderados por Márcio Meirelles, em parceria com a Sociedade Teatro dos Novos, e o projeto foi batizado de Novo Vila. Foi necessário mudar o prédio para que ele finalmente abrigasse integralmente o projeto político e estético original. A assinatura é do arquiteto e urbanista alemão Carl Von Hauenschild.

O Vila Velha se transformou em uma “caixa preta” com equipamentos cenotécnicos que permitem modelar o espaço e estabelecer uma dinâmica entre palco e plateia, criando possibilidades cenográficas e dramatúrgicas e impulsionando a linguagem cênica. Pelo palco passariam nomes como os atores Lázaro Ramos, Wagner Moura, Virgínia Rodrigues e Othon Bastos. Além de coletivos como Novos Baianos, Bando de Teatro Olodum, Viladança, Cia de Teatro Novos Noves e VilaVox.

As intervenções anunciadas pela prefeitura serão realizadas pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), pela Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF), pela Secretaria de Manutenção (Seman) e pela Superintendência de Obras Públicas de Salvador (Sucop).