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Maysa Polcri
Publicado em 15 de julho de 2025 às 15:53
A família de Igor Sandro, de 21 anos, denuncia que o jovem foi vítima de tortura durante uma abordagem policial em Dias D'Ávila, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), no último domingo (13). Segundo relatos de parentes, o jovem foi confundido com um traficante e levado até uma localidade conhecida como 'Pinho', onde foi agredido e ameaçado. No dia seguinte, a casa da família, no bairro Santa Terezinha, foi invadida pelos agressores. >
Igor Sandro caminhava em direção à casa onde mora quando teria sido abordado por policiais da 36ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM) e levado até uma área de mata. "Mergulharam a cabeça dele no rio, bateram nele e até quebraram uma faca na cabeça do meu primo. Ele está todo machucado e, com medo, saiu da cidade", conta a prima do jovem. Um vídeo gravado pelos familiares mostra o corpo do jovem com diversas marcas de arranhões na região do abdômen, costas e pernas. >
Após as agressões, Igor Sandro voltou para casa e contou as violências que sofreu para os familiares. Segundo o jovem, os policiais tomaram os documentos de identidade e da moto dele. Os parentes contam que o jovem teria sido apontado como traficante por um outro homem que foi abordado pelos policiais. "Mas ele é um menino trabalhador. Trabalha com reciclagem, nunca teve envolvimento com nada e fizeram isso com meu filho", desabafa a mãe de Igor. >
Quando a família já estava assustada com o ocorrido e achava que a situação não poderia ficar pior, a casa onde Igor Sandro mora com a mãe foi invadida por quatro homens, sendo dois policiais fardados. "Entraram na casa, xingaram todo mundo, quebraram portas e destruíram a televisão e o fogão. Reviraram a casa toda", conta a prima. A mãe relata que o filho, um dia após a agressão, foi novamente ameaçado quando os homens entraram na casa. Os homens fardados foram identificados, pela família, como Pedro Henrique e Patrick. >
Família denuncia que jovem foi agredido e casa foi revirada em Dias D'Ávila
"Comecei a me desesperar porque eles arrombaram a casa e levaram meu filho para os fundos. Achei que fossem matar meu filho", conta a mãe, que precisou sair de casa com medo de novos episódios de violência. O jovem também deixou a cidade. A família acredita que a invasão foi uma forma de intimidar os parentes a não denunciarem o caso. Apesar disso, a família tentou prestar queixa na delegacia da cidade, mas teria sido convencida a não registrar o episódio. >
A reportagem entrou em contato a Polícia Militar da Bahia, que, em nota, respondeu que não há registro de atendimento desse caso.>
"A PM-BA reafirma seu compromisso com a legalidade, a ética e o respeito aos direitos individuais e destaca que qualquer conduta irregular, uma vez formalmente denunciada, será rigorosamente apurada, com observância ao devido processo legal", informou a corporação.>
"A instituição se coloca à disposição para o acolhimento de denúncias formais através da Ouvidoria da PM (0800-284-0011) ou da Corregedoria Geral, localizada na Rua Amazonas, nº 13, bairro da Pituba, em Salvador", finaliza a nota.>