CULTURA

Fenaba: primeira edição de feira nacional de artesanato é realizada em Salvador

260 artesãos apresentam suas peças no evento, que segue até o próximo domingo (19) na Arena Fonte Nova

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  • Gilberto Barbosa

Publicado em 17 de maio de 2024 às 22:18

Feira de Artesanato vai até o próximo domingo (19)
Feira de Artesanato vai até o próximo domingo (19) Crédito: Ana Albuquerque/CORREIO

Quem estiver em busca de uma programação diferente para fazer em Salvador neste final de semana, vale dar uma passada na Feira Nacional de Artesanato da Bahia (Fenaba), que acontece até domingo (19), na Arena Fonte Nova, com entrada gratuíta. Ao todo, são 200 artesãos de todo o estado expondo suas peças. Na abertura do evento, nesta sexta-feira (17), o público presente acompanhou ainda um show da cantora Mariene de Castro. Neste sábado (18), a atração será o cantor e compositor Paulinho da Viola.

Três andares da área interna do estádio foram ocupados pela feira. No primeiro pavimento, estão expostos os trabalhos de 260 artesãos de diversas regiões da Bahia. Entre 235 estandes, o visitante poderá encontrar diversas opções de itens como esculturas, roupas, itens de decoração feitos a partir de materiais como madeira, cerâmica, palha, entre outros. Os preços dos produtos variam de 10 até 8 mil reais.

Mestres artesãos se misturam aos mais jovens, como o feirense Matheus Guimarães, 27 anos, que há cinco anos começou a dar seus primeiros passos no artesanato. "Está sendo uma experiência incrível. Eu já participei de algumas feiras menores, mas não era como esse evento. Eu pensava como conseguiria conhecer essa quantidade de pessoas tão diferentes num único dia. É uma oportunidade única conhecer os processos de cada um", afirmou.

Além da comunidade do artesanato baiano, outros nove estados foram representados na Arena Fonte Nova. Um deles foi o Espírito Santo, que esteve presente através do mestre Domingos do Congo, de 66 anos, que há 54 anos trabalha com a produção de casacas, instrumento musical feito a partir da madeira, também conhecido como reco-reco.

“A casaca é um patrimônio do estado do Espírito Santo. Ela é feita de madeira e eu faço de forma manual, com a mesma técnica que usava há 40 anos. É muito gratificante ter sido convidado como um mestre da cultura popular do meu estado e representar o povo capixaba. Pelo primeiro dia do evento, está superando outros que já passei”, explicou.

No segundo pavimento, o espectador é apresentado aos trabalhos de 20 mestres artesãos do estado. Uma delas é Maria do Carmo Amorim, 76, que há 69 anos trabalha com a produção de tecidos em renda de bilro. Natural de Saubara, no Recôncavo baiano, ela coordenou a equipe de rendeiras responsável pela produção do vestido de casamento usado pela personagem Santinha, que integrou a novela Renascer, da TV Globo.

"Nós produzimos as peças e eles montaram o vestido, que foi um sucesso absoluto. A Globo fez questão de exaltar o trabalho das rendeiras de Saubara e eu fiquei muito feliz com esse gesto. Sempre desejei ver esse tipo de feira aqui na Bahia, que é um berço da cultura e ver a felicidade dos meus colegas me deixa muito satisfeita", contou.

Junto aos mestres, o artesanato indígena e quilombola compõem o ambiente do espaço. Uma das artesãs é Lenilda Maria, 62 anos que recebeu o título de mestra das mãos da ministra da Cultura, Margareth Menezes. Com 54 anos dedicados a produção em cerâmica, a indígena da etnia Kiriri, foi a primeira do seu povo a receber a honraria. "Eu me sinto muito feliz. Minha mãe e minha avó não receberam esse título e hoje eu estou aqui por causa delas e da minha arte. A cerâmica é o meu trabalho do dia a dia e é passado de geração em geração", disse.

A Fenaba foi lançada em janeiro pela Secretaria do Trabalho Renda e Esporte (Setre). A organização do evento ficou sob responsabilidade da Coordenação do Fomento ao Artesanato (CFA). O evento estava previsto para ser realizado nas ruas do Centro Histórico, mas foi transferido para a Arena Fonte Nova. O coordenador da CFA, Weslen Moreira avalia o resultado da feira.

"Esse é um processo que foi construído de forma coletiva. Uma construção longa, mas o resultado foi produtivo. Essa feira é a consolidação de 80 anos de política de fomento ao artesanato. Nós temos mais de 17 mil artesãos no estado, dos quais selecionamos os 260 que estão presentes aqui hoje. O evento de hoje demonstra que o artesanato baiano tem prestígio e espero que as próximas sejam ainda maiores”, relatou.

A cerimônia de abertura contou com a presença de autoridades estaduais e da ministra Margareth Menezes, que discursou para o público presente. "Estamos vivenciando uma nova oportunidade para esse setor que tem tudo a ver com a economia criativa da arte e da cultura", celebrou no palco.

*Com orientação da subeditora Fernanda Varela