Devotos fazem carreata em homenagem a Santo Antônio pelas ruas do Centro Histórico

A novidade implementada pelo padre Jailson Jesus reuniu 24 carros no percurso deste domingo (9)

Por levar o nome do santo, Fernando Antônio Reis, 46, é devoto desde os sete anos. Neste domingo (9), ele ficou responsável por organizar a carreata do nono dia da trezena em celebração a Santo Antônio e segurar uma das bandeiras que lideravam o cortejo que seguiu da Paróquia de Santo Antônio Além do Carmo em torno dos bairros ao redor da comunidade.

“É uma honra estar aqui nessa paróquia tão grande, são 430 anos de história e é muito gratificante. Esse ano pra gente é um pouco mais triste, pela falta do nosso pároco que faz um ano de falecido. Ainda sentimos muita falta dele, a trezena mesmo, a gente ainda voltar e não ver ele aí, é complicado, mas faz parte infelizmente”, expressa Fernando Antônio Reis.

Fernando se faz presente na paróquia como pode, pois já participou de catequese, grupo jovem, encontro de adultos e sempre pede para que Santo Antônio interceda pela sua saúde e que o guie. A primeira carreata da paróquia desde a pandemia reuniu 24 carros e seguiu pelos bairros do Barbalho, Baixa de Quintas e Macaúbas antes de retornar ao Carmo, esta foi uma das novidades da trezena implementadas pelo padre Jailson Jesus.

A missa iniciou às 8h, uma hora antes do horário comum aos domingos, para que a carreata acontecesse conforme o planejado. Diversos fiéis se reuniram em frente a igreja com seus carros para que exatamente às 10h10, o movimento tivesse início e a imagem do Santo Antônio rodeada de flores foi levada pelos bairros que compõe a comunidade da paróquia.

“Os fiéis estão acolhendo bem e alegres. A carreata que aconteceu no período da pandemia foi uma coisa urgente, agora ela entra na programação da festa e é importante, principalmente, por causa dos idosos e pessoas doentes que não vão poder vir para a igreja. Elas vão poder ver a imagem do padroeiro passando e assim também rezar e sair em comunhão com todos nós”, contou padre Jailson. 

Para o pároco, a implementação da novidade ocorreu pela sua experiência em outras paróquias, onde as carreatas acontecem para motivar e anunciar para os fiéis que a festa da trezena está chegando. Esta é a primeira vez em 21 anos em que a festa não foi organizada pelo frei Ronaldo Magalhães, falecido em junho de 2023. 

Com uma parada na gruta de Santo Antônio, onde a imagem do santo passava, ele tirava sorrisos e orações dos fiéis ao redor. Muitos com altares, outros com roupas que homenageavam o santo e uma pequena estatueta na mão, mas todos celebravam a imagem que circulava pelas ruas.

A companhia original de Isis Bispo, 42, tomou falta, mas isso não impediu a devota de participar da carreata. Em cima de uma caçamba, ao lado de outros fiéis, Isis celebrou o santo e pediu para que ele renovasse sua fé, além de um novo emprego.

“O que todo mundo pede é casamento, mas que não é o certo. Porque, na verdade, o santo casamenteiro é São José, ele foi o santo que casou. Não sei porque o pessoal ainda fica com essa lenda de querer pedir casamento a Santo Antônio. O que eu mais peço hoje é para que eu realmente siga os caminhos de Deus e que Ele renove a minha fé”, diz.

A relação com os casamentos, na verdade, não é atribuída diretamente à vida de Santo Antônio, mas surgiu porque, dentro do período da trezena, de 1° a 13 de junho, é celebrado o Dia dos Namorados, no dia 12. “Os namorados iam até a Igreja de Santo António e pediam benção de Santo Antônio pelo namoro e para que o relacionamento chegasse a um matrimônio, que o amor fosse confirmado. Daí veio a tradição”, diz padre Jailson.

Ao longo dos anos, a devoção tomou conta de todo o estado, sendo passada de geração em geração.

“Para Santo Antônio, eu sempre agradeço, como eu neste dia tanto agradeci a ele, pelo dia que ele está nos dando, lindo e maravilhoso. Acredito muito em Santo Antônio, tenho uma fé nele terrível”, diz Weine Christo.

Junto ao marido Renato Christo, 85, Weine, 80, conta que já frequenta a paróquia a 17 anos e sempre está organizando encontros de idosos. Mesmo sem atribuir um milagre ao santo, sua fé continua forte e ela sempre escuta relatos de outras pessoas nos encontros sobre milagres realizados pelo homenageado.

Foi em 1648 que a comunidade de Santo Antônio Além do Carmo se tornou paróquia. No entanto, a primeira capela em homenagem ao santo foi instaurada no bairro anos antes, em 1594, erguida por Cristóvão de Aguiar Daltro. Segundo o atual pároco da igreja Jailson de Jesus, o templo foi o primeiro atribuído à devoção a Antônio no Brasil. Naquele mesmo ano, os primeiros festejos foram realizados no mês de junho.

O ponto alto dos festejos será no último dia da trezena, nesta quinta (13). A data litúrgica de Santo Antônio terá homenagens desde às 6h com a alvorada, seguida de missas às 6h30, às 9h30, às 11h30 e às 16h30. A última será a consagração do novo altar da paróquia, onde terá a presença do Arcebispo de São Salvador da Bahia, Primaz do Brasil, Cardeal Dom Sergio da Rocha.

Às 18h haverá uma procissão pelas principais ruas dos bairros Santo Antônio Além do Carmo e Barbalho, saindo e retornando para a Matriz, onde, após a chegada dos fiéis, será celebrada a última noite do trezenário.

Outras novidades da trezena, implementadas pelo padre Jailson, serão a reza no 13º dia que ocorrerá a noite no Largo de Santo Antônio Além do Carmo, um pedido da comunidade. A vestimenta da procissão terá um novo item, além da camisa que pode ser comprada na secretaria da Paróquia por R$ 40, terá um chapéu de palha, em uma referência às grandes romarias feitas no passado. E os 13 meninos que irão se vestir como o padroeiro para participar da cerimônia em uma referência e homenagem ao protetor dos pobres e santo casamenteiro.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro