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Wendel de Novais
Publicado em 16 de abril de 2025 às 11:17
Quando perguntados sobre a recorrência de tiroteios na Rua Amparo do Tororó, em Salvador, os moradores são unânimes na resposta: “Aqui? Não! De ano em ano que acontece”, fala um homem que prefere não se identificar, mas resume o relato dos moradores ouvidos pela reportagem. Apesar disso, quem vive no local está assustado com os reflexos da guerra entre o Bonde do Maluco (BDM) e Comando Vermelho (CV), que levou um homicídio por delivery e uma ‘chuva de disparos’ para a rua. >
O caso em questão é a execução de um homem que deixou marcas de tiros nas casas e até em veículos na madrugada da terça-feira (15). “A gente ficou completamente assustado porque foram muitos tiros, mais de 100 com toda a certeza. Foi por volta das 3h30 que mataram, mas, antes, às 22h da segunda-feira (14), eles já tinham feito chover bala aqui na rua sem matar ninguém”, explica uma moradora do local, que fica a cerca de 450 metros da Avenida Joana Angélica e é considerado calmo. >
A execução no local é um resultado de um confronto que ainda não tinha chegado às ruas principais do Tororó, como explica uma fonte policial, que terá nome e cargo preservados. “O que temos no bairro é uma guerra entre o BDM e o CV pela boca de fumo. Os confrontos têm acontecido, na maioria das vezes, na região do Vale do Tororó, onde já registramos mortes e tiroteios intensos. Dessa vez, a coisa se moveu para as ruas principais”, explica. >
A fonte explica ainda que o morto da terça-feira foi levado para o local, que tem atuação do BDM, por traficantes do CV. “Nossas informações apontam que a vítima foi levada por um grupo para ser morta no local. Esse homem teria sido tirado da Federação e executado em uma ‘entrega’ de morte do CV, o que já é comum entre as facções que agem para chamar a atenção da polícia em territórios rivais”, completa o policial, destacando que os mais de 100 tiros servem como afronta no crime. >
Apesar da suspeita de que o crime envolve a guerra de facções, os moradores afirmam que a área onde foi registrado não tem forte atuação de grupos criminosos. “Esse negócio de facção não tem muito aqui, é mais para o lado lá do Vale [do Tororó]. Lá a coisa está pegando fogo, mas aqui é muito incomum, na verdade”, conta outro morador, sem falar o nome. Ele não sabe, no entanto, explicar como há pichações em referência ao BDM no local. >
Sobre a execução da terça-feira, a Polícia Militar da Bahia (PM-BA) confirmou que foi acionada, através da 2ª Companhia Independente (CIPM) para verificar a ocorrência de disparo de arma de fogo na Rua Amparo do Tororó. Chegando ao local, os PMs foi encontraram a vítima caída ao solo com as mãos amarradas e com perfurações no rosto. A Polícia Civil da Bahia, por sua vez, informou que o caso será investigado pela 3ª Delegacia de Homicídios (DH/BTS). >