Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Bruno Wendel
Publicado em 10 de outubro de 2025 às 05:00
Embora a circulação de viaturas, isso não foi suficiente para garantir a sensação de segurança no Complexo do Nordeste de Amaralina, que foi palco de protestos de moradores após um menino de nove anos ter sido baleado numa ação policial. Nesta quinta-feira (09), as 10 escolas municipais não funcionaram. Ou seja, 2.547 alunos ficaram sem aula. A grande maioria das unidades já aplicava uma programação especial para o Dia da Criança, neste domingo (12). >
“Era para ser uma semana de alegria. Desde a segunda-feira (06), a escola onde meu filho estuda está com uma série de atividades recreativas devido ao Dia das Crianças. Isso é muito triste porque os alunos sentem que a violência tem tirado o direito deles de estudar. Não é a primeira vez que as aulas são suspensas por causa de tiroteio, de gente, pessoas inocentes baleadas”, disse uma mãe, que tenho o filho estudando na Escola Municipal Santo André, na Santa Cruz, um dos bairros que fazem parte do complexo. >
Para outra mãe ouvida pela reportagem, que tem dois filhos na Escola Municipal Vale das Pedrinhas, a suspensão das aulas é uma medida necessária. “Nenhuma mãe quer que o filho fique sem estudar, mas numa situação como esta? O menino foi baleado quando estava com o pai a caminho da escola. Meus filhos estavam animados com a semana da criança, porque estava tendo várias brincadeiras. Mas ficar em casa ainda é a solução até a poeira baixar”, declarou ela, que faz referência ao episódio do menino baleado. Segundo parentes, a criança corre o risco de ter um dedo amputado.>
“Quarta estive no hospital (HGE) e fui informado de que o menino passava por exames, que não tinha nenhum projétil alojado e que estava estável”, declarou o tenente-coronel Cristiano Paraíso, comandante do 30º Batalhão da PM (Nordeste de Amaralina).>
Além da Santo André e da Vale das Pedrinhas, as escolas que não abriram foram: Neusa Nery, Artur de Sales, Teodoro Sampaio, José Calazans, Pedro Nolasco, Vale das Pedrinhas, Zulmira Torres e Comunitária Cristo Redentor, onde estuda a criança baleada, segundo a Secretaria Municipal de Educação (Smed). >
Já na rede estadual, a Secretaria da Educação do Estado da Bahia (SEC) informou que os colégios localizados na área do Vale das Pedrinhas estão abertos. “No entanto, registram baixa frequência no início da manhã desta quinta-feira (9)”, diz a nota. No perfil do atribuído ao Colégio Estadual Polivalente de Amaralina, uma postagem diz que “os (as) alunos (as) que não se sentirem seguros (as) para vir ao colégio não serão prejudicados (as). Nosso compromisso é pela segurança, o cuidado e o respeito a toda comunidade escolar”. >
Protesto foi registrado após menino ser baleado
Sem ônibus >
Desde a noite de quarta, os ônibus deixaram de circular no Complexo do Nordeste de Amaralina, formado pelos bairros de Nordeste de Amaralina, Chapada, Santa Cruz e Vale das Pedrinhas, com uma população superior a 76 mil habitantes. “Acabei de voltar do médico. Fui de Uber, mas estou voltando a pé, porque o dinheiro não dá. Quero ver sexta como vai ser”, declarou a auxiliar administrativa Rosimari Gomes, enquanto caminhava para o final de linha do Vale das Pedrinhas. >
O comércio funcionou pela manhã e tarde nas vias principais. “Mas na Rua do Gás, onde o menino baleado morava, parte das lojas abriu pela metade. Como há muita viatura subindo e descendo, as pessoas têm medo de um novo confronto e, com isso, mais inocentes baleados”, declarou uma moradora. >
Segundo o tenente-coronel Cristiano Paraíso, o policiamento na região segue reforçado. “Nós estamos com o policiamento reforçado, com várias unidades e o Graer (Grupamento Aéreo), além de equipes nos principais acessos, fazendo bloqueios, com o intuito de as abordagens impedirem o acesso de drogas e armas”, declarou. >
Na noite de quinta-feira (9), a segurança foi ainda mais reforçada com a presença de dois blindados da PM. Um estava estacionado na Avenida Juracy Magalhães, próximo à entrada do Vale das Pedrinhas, e outro estava em frente ao Quartel de Amaralina. >