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Priscila Natividade
Publicado em 19 de março de 2018 às 06:15
- Atualizado há 2 anos
Elas podem até ser impactadas pela tecnologia, mas não serão substituídas pela automatização. Um levantamento feito pela a plataforma de busca de empregos Indeed identificou cinco áreas de atuação que, ao contrário de outras, não correm risco de terem trabalhadores trocados por máquinas. Segundo a Indeed, as profissões que vão continuar existindo envolvem gestão de pessoas, trabalho criativo e habilidades de cuidado e tratamento. >
O estudo listou as carreiras ligadas a culinária, recursos humanos, saúde, marketing e comunicação, como destaca o vice-presidente de Vendas do Indeed para Brasil e Ásia Pacífico, Chris McDonald. “É fato que haverá automação em diversos setores, mas algumas profissões dependem muito do fator humano e do seu talento. São áreas em que os profissionais poderão prosperar e crescer junto com elas”.>
Aliada>
No entanto, o fato de não correr risco de desaparecer não exime o profissional de se adaptar a mudanças. Para garantir o seu lugar, o trabalhador vai ter que se reinventar. “O profissional precisará ser cada vez mais especializado, estratégico e tecnológico”, diz McDonald.>
O diferencial para permanecer no mercado é focar, desde agora, nas relações e habilidades humanas, entre elas a criatividade, a liderança e a comunicação. “O fator humano terá um papel estratégico para os negócios, contando com o apoio de tecnologias na execução e operação”, analisa o especialista. >
O chef de cozinha e proprietário da Cantina Du Vini e do restaurante Ko Phai, Vinicius Figueira, não nega que um dos principais motivos que o fizeram optar pela carreira foi o de não ter que disputar vaga com uma máquina. “Na gastronomia, até na parte da criatividade, você faz tudo com muito sentimento. É uma profissão muito artesanal”. >
Formado há nove anos, desde o inicio ele viu a tecnologia muito mais como uma aliada do que uma inimiga. “Hoje existem máquinas que modelam rapidamente 50 mil salgados, um ultracongelador que permite o congelamento sem água e evita que esse mesmo salgadinho estoure na fritura. Se o cozinheiro for resistente a isso vai ficar para trás. Uma coisa acompanha a outra”, diz. >
Chance>
Quem quer agarrar uma boa oportunidade em uma dessas áreas de atuação (e permanecer nela) tem que sair da zona de conforto. A dica é da responsável pelo escritório da Lee Hecht Harrison (LHH) no Nordeste Mariângela Schoenacker. A empresa é especializada no desenvolvimento de talentos e transição de carreira.>
“Não espere a tecnologia avançar demais na sua área para então compreendê-la, senão você perde o trem. O que o mercado quer é que o profissional busque novos aprendizados, trabalhe em equipe, tenha capacidade de resolver problemas complexos de maneira colaborativa, inspire pessoas para a ação e crie soluções”, orienta.>
Outro ponto importante é ter fluência no uso de dispositivos móveis. Cultura digital e conhecimento de análise de dados são mais diferenciais. “Não cabe mais responder ‘faço isto, por que sempre foi feito assim’. Quanto mais tecnologias, mais são requeridas as habilidades humanas”, acrescenta. >
ÁREAS TAMBÉM SÃO PROMISSORAS NA OFERTA DE VAGAS>
As áreas que não serão ocupadas por robôs no futuro já são, no presente, muito promissoras. Segundo dados da pesquisa, no setor de cozinha, por exemplo, o Indeed registrou aumento de mais de 66% no número de vagas abertas em 2017 comparado com 2016, ao mesmo tempo em que observou uma queda de mais de 70% na procura por postos feitas pelos profissionais do setor. >
Ou seja, têm mais vagas sendo ofertadas pelas empresas que procuradas pelos trabalhadores. Em outras palavras: a oferta existe, mas falta quem se encaixe nos requisitos da vaga. Isso porque a posição de líder de cozinha teve um crescimento anual de 96%, o que coloca o profissional na lista dos cargos mais difíceis de preencher. >
Outra profissão que está com boas perspectivas é a de recrutador, que cresceu 193% em número de vagas publicadas na plataforma entre 2016 e 2017. As áreas de Marketing Digital e Relações Públicas também experimentam um crescimento significativo. >
Saúde e educação não ficam atrás. O volume de vagas ligadas à educação cresceu quase 10%. Por outro lado, a busca por esse tipo de emprego por parte dos trabalhadores caiu 15%. A área de saúde é mais uma que apresenta dificuldades em contratar: mais de 10% das vagas em áreas como enfermagem levam mais de 60 dias até serem preenchidas.>
Para o vice-presidente de Vendas do Indeed para Brasil e Ásia Pacífico, Chris McDonald, o cenário reforça a necessidade de qualificação. “Isso mostra que por mais que o mercado oferte as vagas é possível que falte capacitação por parte de quem busca um emprego”, pontua McDonald.>
EM UM FUTURO NÃO TÃO DISTANTE>
Recursos humanos A estratégia de RH orientada em cima de dados já existe, mas não diminui a necessidade do julgamento humano para uma tomada de decisão assertiva. No entanto, o profissional de RH do futuro vai precisar combinar suas habilidades interpessoais e inteligência emocional com experiência em software e capacidade de análise.>
Marketing e comunicação A inteligência social e a alfabetização de novas mídias são habilidades fundamentais a serem cultivadas por quem quer trilhar o caminho na área. >
Educação e treinamento A demanda continua forte justamente por conta da explosão da aprendizagem online e da educação continuada, o que abre grandes possibilidades para o setor. >
Profissionais da saúde A expectativa de vida longa da população também tem favorecido a atuação no campo da saúde. Segundo o Indeed, a atividade está longe de se tornar automatizada por estar quase sempre atrelada a habilidades interpessoais.>
Culinária Algumas coisas nunca irão mudar: a refeição vai sempre exigir criatividade, personalidade, sensibilidade e conhecimento. Apesar de serem capazes de produzir em grandes quantidades, as máquinas não vão mandar na cozinha nem no paladar. >