Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Tharsila Prates
Publicado em 1 de maio de 2025 às 06:30
O pedido é para que baianos e turistas entrem e circulem pelos ambientes interligados. A sofisticação do Palacete Tira-Chapéu, na Rua Chile, pode intimidar um pouco, mas não paga para entrar. >
Em setembro de 2024, o histórico casarão restaurado reabriu as portas com uma Mostra de Arquitetura. Essa, sim, cobrava para entrar: R$ 80 a inteira. >
Passada a ação, qualquer pessoa pode conhecer gratuitamente do térreo ao rooftop, de onde se vê a cúpula do Palacete e o Palácio Rio Branco, do outro lado da rua, além da vista para a Praça Municipal e para a Cidade Baixa.>
Logo na entrada, à direita, está a Galeria de Arte, um espaço para a venda de peças artesanais, como cerâmicas, além de quadros do feirense Juraci Dórea, da pernambucana Marilene Gomes e fotos do baiano Armando Correa Ribeiro ou Armando CR, entre outros. Os artistas são da Bahia, especialmente do Recôncavo; de Pernambuco; Alagoas; Amazonas; Pará; Amapá; São Paulo; e do Ceará. A peça mais barata custa R$ 180, e a mais cara, R$ 225 mil. >
Ao lado da galeria, tem a loja Chocolat Du Jour, empresa de São Paulo que vende chocolates a partir da fabricação com o cacau produzido em uma fazenda de Ibirapitanga, no sul da Bahia. Mais à frente, a Jamm Cigar, uma charutaria, e um pub – tudo interligado e que recebe, sim, visitantes. Não precisa comprar para conhecer. Ainda no térreo, há os restaurantes Casaria e o da Preta, requintadíssimos. >
Ao subir a escadaria em uma área onde piso, parede e teto são tombados, o público conhece a Biblioteca da antiga Associação Comercial e que, hoje, abriga lançamentos de livros. É também pela Biblioteca, internamente tombada, que se acessa o Salão dos Fundadores, que, após a restauração, se tornou o Piano Bar. Tudo para não perder o glamour. É um espaço que pode ser alugado para todo tipo de evento, incluindo casamentos e aniversários. Informações neste link.>
Um olhar atento ao redor flagra as placas dos antigos consultórios e escritórios. É que, na época da Associação Comercial, funcionavam no local também clínicas odontológicas, escritórios de advocacia e farmácias. >
Mais curiosidades>
Para explicar o nome desse casarão histórico, há duas versões: uma oficial e outra popular. A primeira se justifica pela reverência que as pessoas faziam ao tirar o chapéu para as autoridades na época do Palácio do Governo. A popular surgiu a partir do hábito que os frequentadores tinham de segurar o chapéu para que ele não voasse com o vento canalizado que vinha de uma área do Palacete. Quem faz questão de contar a história é o sócio-diretor Paulo Marques.>
Enquanto marca, escreve-se Tirachapéu, assim juntinho. Gramaticalmente, tem hífen, assim como na localização geográfica: a Rua do Tira-Chapéu.>
“O prédio representa uma joia, uma pérola que poderia estar em qualquer lugar do mundo. É da Bahia e do Brasil”, comenta o CEO Marcelo Magalhães, mineiro que passa cerca de 10 dias por mês em Salvador, para cuidar dos negócios ligados ao Palacete, que quer se firmar como um centro enogastronômico de cultura e arte.>
Ao sair do Piano Bar, o visitante passa por um corredor que se tornou famoso pelas suásticas do piso de 1917. Trata-se, na verdade, de uma figura milenar que simboliza boa sorte – nada a ver com a suástica nazista. Há uma plaquinha dando as informações corretas sobre o assunto.>
Antes de pegar o elevador para o Pala 7 (restaurante e bar), de onde se vê a vista no rooftop, o público ainda passa por salas de dois prédios que foram integrados ao que antes era o Palacete da época da Associação. Agora, tudo é Palacete Tira-Chapéu.>
A restauração foi de responsabilidade da empresa Elysium Sociedade Cultural, com apoio da Lei Rouanet. Como contrapartida, o Palacete desenvolve ações gratuitas como a nova Escola de Restauro, com turmas de 150 pessoas e aulas até junho, e a parceria com o Instituto de Cegos da Bahia (ICB).>
Puro charme que pode ser visitado de segunda a sábado, até as 23h (exceto a Galeria de Arte e a Chocolat Du Jour, que funcionam até as 22h), e aos domingos, das 8h às 21h.>