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Maysa Polcri
Publicado em 12 de junho de 2025 às 17:39
Uma decisão da Justiça determinou a interdição da cozinha da Penitenciária Lemos de Brito, localizada no Complexo Penitenciário da Mata Escura. A determinação atende a um pedido do Ministério Público da Bahia (MP-BA) e deve ser cumprida em até 30 dias. As condições da Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) foram consideradas insalubres por laudos da Vigilância Sanitária e Corpo de Bombeiros. >
A análise do espaço identificou problemas como vazamento de gás, risco de superaquecimento de equipamentos, falhas nos sistemas elétrico e hidráulico, alagamentos, além de incêndio em uma das caixas de força. "Tais condições foram classificadas como insalubres e incompatíveis com as normas mínimas de segurança e saúde", diz o Ministério Público. >
Uma ação civil pública foi ajuizada em março de 2022 pela promotora de Justiça Andréa Ariadna, titular da Promotoria de Execuções Penais da capital. A decisão também obriga o Governo do Estado a providenciar, de forma imediata, uma alternativa externa para o preparo e fornecimento das refeições destinadas aos internos, em local adequado, com alvará sanitário e em conformidade com a legislação sanitária vigente.>
A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), que informou não ter sido notificada sobre a decisão. Na ação, o Ministério Público também solicitou informações atualizadas sobre o andamento das obras de construção de novas cozinhas em unidades prisionais sob responsabilidade da Secretaria de pasta, bem como medidas paliativas enquanto a reforma definitiva não for executada.>
Segundo o Ministério Público, a interdição só deverá ser suspensa caso novo laudo que comprove a regularização integral das inconformidades apontadas seja apresentado. >
Em janeiro deste ano, o CORREIO revelou que casos de torturas como sessões de espancamentos, choques elétricos, uso gratuito de spray de pimenta e violência psicológica contra presos foram identificados pela Frente Estadual pelo Desencarceramento, o Desencarcera Bahia. >
Uma inspeção na unidade em 2023 de um órgão ligado ao Ministério dos Direitos Humanos já denunciava o problema. Parentes dos internos apontaram que os torturadores são policiais penais, que agiriam com o consentimento da direção. O relatório diz ainda que presos são recrutados para exercer as funções de segurança e vigilância com policiais penais e punem outros presidiários na PLB.>