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Perla Ribeiro
Publicado em 11 de junho de 2025 às 08:43
Mães que enfrentam condições especiais com seus filhos, que podem incluir deficiências físicas ou questões ligadas a neurodivergência, podem contar com atendimento psicológico gratuito em Salvador. Como forma de acolher esse público de forma profissional e humanizada, a Faculdade Unime Anhanguera de Salvador, localizada no Shopping Paralela, está com um grupo terapêutico aberto para orientar essas mães. O serviço gratuito, que foi idealizado por quatro alunas do curso de Psicologia, é realizado semanalmente às segundas-feiras, a partir das 18h. As interessadas podem realizar a inscrição pelo link. >
De acordo com a neuropsicóloga e coordenadora acadêmica da instituição, Anna Rubia Pirôpo, que é uma das supervisoras do projeto, a iniciativa visa promover o acolhimento, a escuta clínica, o compartilhamento de vivências, saúde e bem-estar, sobretudo às famílias que, além de passarem pelos desafios que envolvem o cuidado de uma criança, muitas vezes não são ouvidas e não podem pagar por um serviço de saúde especializado. “Os atendimentos são feitos de forma humanizada a partir de nossos alunos e alunas, sob a supervisão de docentes. Não apenas visa gerar transformação e dar esse apoio emocional as famílias dos pacientes, mas ajudar na formação acadêmica”, explica.>
Criado no segundo semestre de 2024 por quatro alunas do curso de Psicologia da Unime Anhanguera, Yane Karine dos Santos Benvindo, Maria Vitória Oliveira de Souza, Jeane Souza de Santana e Luzicléia Batista da Silva, o projeto Cuidar de Quem Cuida surgiu a partir de uma inquietação compartilhada entre as estudantes em atividades de estágio: a carência de suporte psicológico acessível para mães de crianças atípicas — mulheres que frequentemente enfrentam sobrecarga emocional, social e uma rede de apoio limitada.>
"É um espaço seguro e acolhedor para que as mães de crianças atípicas possam expressar suas emoções, dúvidas e angústias. Muitas vezes, elas estão tão focadas nos cuidados que seus filhos precisam que esquecem de cuidar de si mesmas. O projeto permite que elas se sintam vistas, ouvidas e apoiadas, contribuindo para o fortalecimento emocional e o bem-estar dessas mulheres tão fundamentais, diz Yane.>
Já a estudante Maria Vitória destaca que o projeto é fundamental por oferecer suporte psicológico gratuito para mães que enfrentam uma sobrecarga intensa no dia a dia, muitas vezes sem acesso a serviços especializados. "Além de promover a saúde mental dessas mães, o projeto fortalece vínculos sociais e cria uma rede de apoio, o que pode refletir positivamente na qualidade de vida das famílias como um todo", avalia.>
Apoiadas, incialmente pela preceptora do curso, Milena Evangelista, as quatro estudantes levaram o projeto adiante, que em seguida, foi prontamente acolhido institucionalmente pela Unime Anhanguera. De acordo com as estudantes, além do apoio institucional da Unime, onde o projeto é desenvolvido, o Cuidar de Quem Cuida ainda está em fase de articulação e em busca de possíveis parceiros externos, como organizações não-governamentais e instituições educacionais inclusivas, com o objetivo de expandir a rede de apoio e fortalecer o impacto social do projeto.>
"Vejo o projeto como uma resposta necessária a uma demanda real e muitas vezes invisibilizada: a necessidade de acolhimento emocional para mães que cuidam de crianças atípicas. O “Cuidar de Quem Cuida” oferece não só um espaço de escuta, mas também de compartilhamento de experiências, onde as mães podem se fortalecer e encontrar estratégias para lidar com os desafios cotidianos", destaca a estudante Luzicléia. Já a colega Jeane pontua que a inciativa visa sistematizar um cuidado contínuo e humanizado para mães que enfrentam inúmeros desafios emocionais e sociais. "Ao acompanhar os casos e organizar os atendimentos, percebo que esse suporte terapêutico é um alicerce essencial para que essas mulheres possam manter sua saúde mental, o que impacta diretamente na qualidade do cuidado que oferecem aos seus".>
O diretor da Unime Anhanguera, Mauro Araújo reforça ainda que, nessa linha de buscar apoio ao projeto, a Instituição conseguiu uma aproximação junto à Prefeitura de Salvador, haja vista que a iniciativa das alunas está alinhada com um projeto semelhante da Secretaria de Promoção Social Combate à Pobreza Esporte e Lazer (Sempre), da Diretoria da Pessoa com Deficiência, que tem Daiane Pina como diretora, uma entusiasta natural da temática. "Essa conexão se fez lógica e compartilhamos imediatamente o link de inscrição com todas as Associações de Mães de crianças atípicas ligadas ao projeto da Prefeitura, o que certamente contribuiu com o sucesso inicial do projeto das alunas, que acredito, crescerá exponencialmente, pela nobreza e paixão das envolvidas”, destaca Mauro.>
De acordo com Daiane, da diretoria SEMPRE, a proposta do projeto da Prefeitura é justamente fazer este tipo de atendimento psicopedagógico de forma qualificada e profissional, o que corrobora com a ação das alunas e Unime Anhanguera. "Trata-se de uma abordagem coletiva que visa contribuir com a saúde mental desse público e promover acolhimento. A proposta traz essa ideia de cuidado, que impacta não só as mães, mas a sociedade como um todo. O nome inicial do projeto da Prefeitura foi Florescer, Cuidar de Quem Cuida”, explica.>