Acesse sua conta
Ainda não é assinante?
Ao continuar, você concorda com a nossa Política de Privacidade
ou
Entre com o Google
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Recuperar senha
Preencha o campo abaixo com seu email.

Já tem uma conta? Entre
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Dados não encontrados!
Você ainda não é nosso assinante!
Mas é facil resolver isso, clique abaixo e veja como fazer parte da comunidade Correio *
ASSINE

‘Me deu autonomia’, diz paciente do Instituto de Cegos da Bahia

Instituição de 90 anos realiza 250 mil atendimentos anuais e está em campanha para ampliar capacidade

  • Foto do(a) author(a) Gil Santos
  • Gil Santos

Publicado em 21 de setembro de 2023 às 05:30

Sessão foi marcada pelas homenagens
Câmara realizou sessão especial Crédito: Arisson Marinho/ CORREIO

Há quatro anos André França dos Santos, 39, teve um deslocamento da retina provocado pelo diabetes e perdeu a visão. Ele estuda música no Instituto de Cegos da Bahia (ICB) e contou que a instituição o ensinou a ter autonomia para fazer atividades que ele considerava ser incapaz. Nessa quarta-feira (20), uma sessão especial na Câmara Municipal de Salvador marcou os 90 anos do Instituto.

A unidade atende cerca de 56 mil pacientes, realiza 250 mil procedimentos por ano e tem uma fila de espera que alcança até três meses. Atualmente, está em campanha para arrecadar fundos para a ampliação do centro de atendimento. Os serviços são oferecidos gratuitamente, para todas as idades, com foco na reabilitação dos pacientes e no acolhimento das famílias. 

André disse que ainda recorda quando tudo começou. “Meu primeiro dia no Instituto já foi ótimo. Conheci o pessoal e lembro que eles me deixaram à vontade, me incentivaram a ser quem eu sou. O Instituto é nota mil, porque me deu autonomia. Eles passaram para mim a confiança de que eu posso sair e fazer coisas que eu pensava que não seria capaz, como contar dinheiro, passar cartão e digitar senha. Aprendi muitas coisas”, disse.

Ele faz aulas de música todas as quartas-feiras. A presidente do Instituto, Heliana Diniz, explicou que a instituição oferece tratamento para os mais diversos diagnósticos, disse que a maioria dos pacientes tem baixa visão e que o acompanhamento e reabilitação são fundamentais, além do acolhimento das famílias. São 120 profissionais atuando no local.

“Nós ensinamos tudo. Os nomes das coisas, o braile, a matemática e atendemos também os familiares, porque quando nasce uma pessoa cega, isso traz um luto para a família. Ensinamos que é uma deficiência, mas que essa pessoa pode ter uma profissão. Porém não é só trabalho, temos também diversão e arte. Temos esporte, música, canto e informática. Estamos muito felizes com essa homenagem”, afirmou.

Diagnóstico precoce

Heliana frisou ainda que é importante fazer o diagnóstico precoce e recomendou que as pessoas façam consultas com um oftalmologista pelo menos uma vez ao ano. Na Bahia, não existe censo sobre a quantidade de pessoas cegas ou com baixa visão. 

A sessão especial desta sexta-feira começou com uma apresentação da estudante Manuela Dourado, 15 anos, que tem deficiência visual desde o nascimento. Ela cantou o Hino Nacional.

“Fiquei sabendo na semana passada que fui escolhida para cantar o hino e fiquei muito emocionada porque é um momento muito legal presenciar os 90 anos do Instituto. Gosto muito do local, porque convivo com pessoas iguais a mim e aprendo a ser independente”, contou.

A apresentação provocou aplausos prolongados, e Manu, como é conhecida, voltou a se apresentar no final da sessão. Durante o evento foi exibido um vídeo institucional com colaboradores da unidade e com o depoimento do músico e cantor Carlinhos Brown, padrinho do ICB. O vereador Alberto Braga (Republicanos), propositor da sessão, disse que a homenagem pode incentivar mais doações e fez um apelo para que as pessoas ajudem a instituição.

“É uma justa e merecida homenagem. São 90 anos de muito serviço e trabalho em prol de toda a Bahia, transformando vidas, não somente das pessoas com deficiência visual, mas também das famílias. O Instituto tem diversos braços na área de esporte, lazer, cultura e tecnologia. A ideia dessa homenagem é que a gente possa trazer mais parceiros e amigos para colaborar com essa instituição”, afirmou.

O ICB segue com a campanha de arrecadação para ampliação da estrutura física e da capacidade de atendimento. O projeto contempla a construção do novo Centro Médico Oftalmológico, a ampliação do Centro de Reabilitação Visual, com sete novas salas de terapia ocupacional, psicologia e serviço social, além da reforma do Centro de Atendimento Educacional Especializado, a requalificação da Biblioteca Acessível, do Laboratório de Inclusão e do Centro Esportivo.

O Instituto conta com apoio da Prefeitura, através da Secretaria Municipal de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esporte e Lazer (Sempre). O titular da pasta, Júnior Magalhães, esteve na sessão representando o prefeito. “Temos uma parceria que possibilita atendimentos pela Sempre e renovamos por mais quatro anos. Conseguimos a doação de um veículo para o Instituto e vamos reformar a quadra”, disse.

A primeira sede do Instituto de Cegos da Bahia começou a funcionar em 30 de abril de 1933, em um casarão no Barbalho. A unidade foi ampliando os serviços e passou a oferecer internato e escola primária, até que em 1959 teve início a construção do prédio maior. A partir de 1961 as crianças deficientes visuais começaram a ser alfabetizadas e integradas às classes regulares, filosofia que permanece até os dias atuais.

Quem deseja fazer doações ou está em busca de atendimento a recomendação é acessar o site do Instituto. A direção frisou que qualquer valor é bem-vindo.