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Maysa Polcri
Publicado em 1 de agosto de 2025 às 14:01
Após um dia de greve, cerca de 500 médicos de cinco hospitais da rede pública localizados em Salvador decidiram retomar as atividades. A medida foi anunciada pelo sindicato da categoria nesta sexta-feira (1º). A greve chega ao fim após uma decisão liminar do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) decretar a suspensão de atendimentos ilegal e estipular multa de R$ 50 mil por dia. >
A restrição de atendimentos e procedimentos eletivos ocorreu no Hospital Geral do Estado (HGE), Instituto de Perinatologia da Bahia (IPERBA), Maternidade Albert Sabin (MAS), Maternidade Tsylla Balbino (MTB) e no Hospital Geral Roberto Santos (HGRS). O Sindicato dos Médicos da Bahia (Sindimed) afirma que a greve não colocou em risco a vida dos pacientes. >
"Os médicos tiveram o máximo de cuidado com os pacientes, evitando qualquer prejuízo à vida dos usuários do sistema. Foram restringidas apenas fichas verdes e azuis, além de procedimentos e atendimentos eletivos, sem risco à vida. Pacientes internados foram atendidos. Diante dos fatos, em atendimento à decisão do TJ-BA, o movimento está suspenso", afirma. >
O sindicato que representa a categoria diz ainda que busca medidas para atender as reivindicações dos profissionais. Os médicos decidiram entrar em greve em protesto à mudança de vínculo de trabalho. Cerca de 500 médicos que atendem nas unidades de saúde vão perder seus contratos regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) após o fim da parceria entre a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) e Instituto Nacional de Tecnologia e Saúde (INTS).>
"Como anunciado na liminar — já que o Governador afirma manter diálogo com a classe (embora nenhum contato tenha sido feito pela SESAB desde 24.07.25) — o Sindimed propõe: que os 529 médicos que estão perdendo seus vínculos CLT assinem um contrato REDA provisório ou CLT com terceirizado, até que as licitações anunciadas aconteçam de fato", completa a nota do sindicato. >
Hospitais onde médicos perderão vínculo CLT
Em nota, o Sindimed propõe que os médicos afetados assinem contratos em Regime Especial de Direito Administrativo (Reda) provisório ou como CLT terceirizado. Os profissionais temem o fim de direitos trabalhistas conquistados com os contratos CLT, como férias remuneradas e licença maternidade. >
A Sesab afirma que a liminar concedida ao Governo do Estado confirma que o movimento configura risco inaceitável à saúde pública. "A Sesab lamenta que, mesmo diante da clareza dos fatos e do diálogo institucional promovido na reunião do último dia 24 de julho com o Ministério Público do Trabalho e a Procuradoria Geral do Estado, o Sindimed tenha optado por disseminar a insegurança e a desinformação", pontua. >
Os médicos declararam estado de greve durante uma assembleia realizada no dia 10 de julho, em protesto ao fim dos regimes CLT de cerca de 500 profissionais. Com o fim do contrato com o INTS, o governo do estado não ofereceu o mesmo vínculo de trabalho aos profissionais. Eles, agora, estão sujeitos à contratação via PJ, que não oferece benefícios como 13º salário e licença-maternidade. >
As cinco unidades de saúde são de extrema importância para a capital e interior do estado. Os hospitais são de alta complexidade, recebem pacientes de todo o estado e realizam, juntos, mais de 82 mil atendimentos por ano. O HGRS é, inclusive, o maior hospital público das regiões Norte e Nordeste.>
Para Rita Virgínia, presidente do Sindimed, o contrato PJ representa a precarização dos médicos baianos. O movimento conhecido como "pejotização" é frequente entre os profissionais, segundo ela. "Os médicos se queixam disso diuturnamente. Com a precarização, vem a insegurança, atrasos constantes e até ausência de pagamentos. Existem empresas que promovem rotatividade, que mudam os contratos a cada seis meses. É uma grande angústia entre os profissionais", afirma. Entre os profissionais que decretaram greve estão anestesistas, médicos obstetras, neonatologistas e cirurgiões pediátricos.>