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Maria Raquel Brito
Publicado em 30 de setembro de 2025 às 06:00
O fim do ano chega acompanhado de uma preocupação a mais para os pais de crianças e adolescentes: o reajuste na mensalidade escolar. Este ano, o aumento em Salvador deve ser de, em média, 9%, de acordo com um levantamento da Lumni Educação. >
Ainda de acordo com a pesquisa, que é atualizada conforme as escolas disponibilizam seus dados para a consultoria, a média na Bahia está em 12% e em 9,7% no Brasil.>
O aumento previsto para Salvador é mais que o dobro da inflação prevista para este ano pelo Boletim Focus, do Banco Central, que é de 4,83%. A inflação aparece como uma das principais justificativas para os reajustes das mensalidades, ao lado da atualização dos custos educacionais. >
É o caso dos colégios Módulo e Bernoulli, ambos do grupo mineiro Bernoulli Educação, que apresentam a maior variação até o momento, um aumento de 11,5%. Em nota, a assessoria das escolas afirmou que as duas mantêm vigentes políticas de descontos para as famílias.>
Colégios terão reajustes nas mensalidades
O Miró, colégio focado em Educação Infantil e Ensino Fundamental, também já está com ajuste definido. Em 2026, as mensalidades ficarão 7,4% mais caras, chegando a R$3.564 no 9º ano, última série da escola. >
Wilson Abdon, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado da Bahia (Sinepe-BA), explica que todos os custos de um centro educacional entram no cálculo dos reajustes. >
“Tudo que opera a escola. Folha de pagamento, custo com inclusão, com estagiários, com AT [atendentes terapêuticos], custo de manutenção, custo de materiais pedagógicos... Água, luz, telefone, novas sedes, reforma da escola, publicidade, inadimplência, tudo que a escola gasta no dia a dia e gera custo para ela durante o ano vai para a planilha, e eles fazem uma projeção de um ano para o outro mediante a inflação”, diz.>
O Sinepe não tem um indicador padrão de variação das mensalidades, mas dá algumas orientações aos colégios. A principal é que as planilhas de custo sejam preenchidas com todos os gastos e novos investimentos do ano, conforme a lei 9.870/99, que trata das anuidades escolares. É a partir daí que deve ser calculado o aumento do ano seguinte. >
“Cada escola tem uma realidade, um público, um grau de investimento e uma estrutura. E cada uma deve dar seu reajuste de acordo com a planilha de custo, que é como está na lei”, defende. O reajuste deve ser apresentado ao consumidor até 45 dias antes do último dia de matrícula. >
Na casa da empresária Carla Matos, 44, a estratégia foi se preparar com antecedência. A escola dos seus filhos ainda não divulgou o reajuste para 2026, mas a economia começou cedo. “Consideramos trocar de escola, mas eles já estão acostumados com aquele ambiente, então a solução é economizar em outros campos para se preparar para o baque”, diz. >
A preocupação de Carla se repete em muitas outras famílias soteropolitanas. Os reajustes são esperados por pais e responsáveis, mas o receio é que a porcentagem seja desproporcional à renda da casa. >
Por isso, caso não concordem com as mensalidades praticadas ou considerem o ajuste abusivo, pais e responsáveis podem solicitar a descrição dos valores e buscar a Superintendência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon).>
“A porcentagem passa a ser abusiva quando não tem uma justificativa A gente já teve inúmeras discussões sobre padronização de índice. A escola não pode simplesmente estipular um índice de 15%, por exemplo. Se a inflação foi 9%, você está botando 15 por quê? A escola não pode simplesmente reajustar com um índice aleatório”, afirma Iratan Vilas Boas, diretor do Procon na Bahia.>
Ele salienta que não basta que as escolas apresentem essas planilhas de custo aos pais quando requisitadas, e sim que fiquem expostas em locais visíveis das instituições de ensino durante o período de matrícula. “Isso vai oportunizar o pai a dizer: ‘eu concordo, vou matricular’ ou ‘eu não concordo, eu não vou matricular’.”>
Além de Bernoulli, Módulo e Miró, a pesquisa do CORREIO contatou outras 12 instituições. O Lince foi o único além dos quatro que divulgou o ajuste para 2026, um aumento de 6% que fará com que as mensalidades cheguem a R$1.812 no colégio. Veja a lista completa abaixo.>
Módulo: 11,5% >
Bernoulli: 11,5%>
Miró: 7,4%>
Lince: 6%>
Vitória-Régia: ainda não fez o reajuste. Segundo um funcionário do colégio, as mensalidades costumam variar de 5% a 10% >
Antônio Vieira: ainda não fez o reajuste. Segundo um funcionário do colégio, o aumento é sempre entre 9% e 11%>
Anchieta: atualizou os preços, mas não divulgou a porcentagem do reajuste >
São Paulo: atualizou os preços, mas não divulgou o reajuste >
Omega: atualizou os preços, mas não divulgou o reajuste>
Portinari: ainda não fez o reajuste>
Villa Global Education: ainda não fez o reajuste>
Salesiano: ainda não fez o reajuste>
Maple Bear: ainda estão avaliando o cenário para definição do percentual de reajuste, segundo assessoria>
Sartre Escola SEB: não divulga preços via telefone>
Colégio Resgate: não divulga preços via telefone>
*Colaborou Thais Borges>