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Bruno Wendel
Publicado em 25 de dezembro de 2019 às 13:13
- Atualizado há 2 anos
Salvador, 24 de dezembro. Enquanto a maioria das pessoas celebrava o Natal, a família da camareira Daniela Santana Miranda, 40 anos, chorava a sua morte brutal. Ela foi assassinada a tiros no bairro de São Cristóvão durante a celebração com os vizinhos. A vítima foi socorrida, mas chegou já sem vida à emergência do Hospital Menandro de Farias, em Lauro de Freitas, Região Metropolitana de Salvador (RMS). >
Segundo informações de policiais civis que atenderam a ocorrência, Daniela foi baleada após uma discussão com duas mulheres. Durante a apuração, agentes do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) foram à UPA de São Cristóvão, onde estavam outras duas vítimas baleadas: Railda Mendes da Silva, 32, e Wesley de Freitas Correia, 18, ambas atingidas nas pernas. No entanto, os investigadores constataram que Railda e Wesley não estavam mais na UPA, pois deixaram a unidade às pressas sem receberem alta. >
Ainda segundo os policiais, não foi possível determinar autoria e motivação do crime. Isso por que, apesar de o fato ter ocorrido por volta das 21h30, os investigadores tiveram dificuldade para colher informações com os moradores da região.>
No entanto, o CORREIO apurou que pelo menos dois homens estão envolvidos no crime, ambos moradores da região. Um deles teria o parentesco com um dos baleados socorridos para a UPA de São Cristóvão. >
Já o outro, seria um homem ligado ao traficante conhecido como Tchaco, que há dias deixou o Complexo Penitenciário da Mata Escura. Tchaco teria dado uma ordem para que os moradores não comentassem nada sobre o crime como forma de evitar atenção da polícia e da mídia para o caso.>
Em nota, a assessoria da Polícia Civil informou que “equipes da 1ª Delegacia de Homicídios (DH- Atlântico) investigam a morte de uma mulher, vítima de disparos de arma de fogo, na noite de terça-feira (24), em São Cristóvão. Mais duas pessoas ficaram feridas e foram socorridos para uma unidade de saúde. Autoria e motivação estão sendo apuradas”. >
Já o Departamento de Comunicação Social da Polícia Militar informou que “uma guarnição da unidade foi acionada com a informação de três vítimas de disparos de arma de fogo na Rua São José, no bairro de São Cristóvão. No local, a guarnição confirmou o fato. As vítimas foram socorridas por populares. Foram realizadas rondas, mas até o momento nenhum suspeito foi localizado. O policiamento segue reforçado na região”. >
Crime Ao CORREIO, testemunhas disseram que o crime aconteceu na Travessa São José, quando famílias confraternizavam na porta de suas casas. Na praça Santo Antônio, que fica defronte ao local dos disparos, havia um culto evangélico. Após o crime, a delegada Maria Andrade, do DHPP, esteve no local. Peritos do Departamento de Polícia Técnica (DPT) recolheram munições de pistola calibre 380. >
Daniela estava em casa, cuidando do marido, que vive acamado por conta de um derrame vascular. “Mas ela resolveu sair para cumprimentar os vizinhos, afinal era Natal e todos vivem aqui há muito tempo. Muita gente nasceu aqui e mora até hoje. É natural que ela quisesse sair para falar com as pessoas, apesar de que vê-la conversando com os outros era algo raro por que ela dedicava a atenção ao marido, que vive numa cama após um derrame vascular”, contou um morador, que preferiu não revelar o nome por uma questão de segurança. >
Ninguém soube dizer ao CORREIO as circunstâncias do crime, mas disseram que um dos homens apontados como autor dos disparos nunca havia sido envolvido com a criminalidade. “Ficamos surpresos, pois ele é uma pessoa que, a princípio, não era envolvido com o tráfico e nem na prática de outros crimes. Até agora estamos todo sem entender. Já o outro tem todo envolvimento”, disse o morador. >
O CORREIO tentou falar com parentes de Daniela, mas ninguém quis responde rsobre o assunto. Daniela trabalhava como camareira em um hotel da orla de Salvador. >
Intimidação Ainda na manhã desta quarta-feira (25), era possível encontrar os vestígios do pânico. Marcas de sangue estavam no chão e nas portas de algumas casas. A grande maioria dos moradores dizia que nada sabia, que não estavam no local na hora dos tiros. Ainda durante apuração, o CORREIO conversava com algumas pessoas quando um rapaz desceu de um carro e se aproximou da equipe. Usando um boné, uma camisa branca e uma bermuda, e com as duas mãos sempre voltadas à cintura, calou e afastou as pessoas somente com um olhar sisudo e rosto franzido – claramente uma tática de intimidação. >
Apesar de o rapaz não aparentar um perigo iminente, O CORREIO preferiu continuar a apuração não mais ali. O mesmo olhar que afastou as pessoas, foi o mesmo que acompanhou o carro da equipe deixando a travessa. >