'Não tem nada escondido', diz Jerônimo após governo ser acusado de favorecer BYD

Governador se mostrou desconfiado com a ação do empresário Flávio Figueiredo Assis, que no prazo final se mostrou interessado na área da antiga fábrica da Ford

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Publicado em 1 de março de 2024 às 15:48

Governador Jerônimo Rodrigues
Governador Jerônimo Rodrigues Crédito: Paula Fróes/Correio

O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), declarou, nesta sexta-feira (1º), que “não tem nada escondido” após o governo estadual ser acusado pelo dono da Lecar, o empresário Flávio Figueiredo Assis, de favorecer os chineses ao conceder a área da antiga fábrica da Ford para a BYD.

O petista ainda afirmou que a Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE) da Bahia está analisando os documentos apresentados pela Lecar, que quer o terreno para produzir veículos elétricos no estado. Segundo ele, uma reposta deve ser dada ao empresário até a próxima segunda-feira (4).

“Eu não sofro com isso. Não vou sofrer com isso. Se ele está disposto a investir aqui, ele vai ter todo apoio nosso. Neste caso, nós fomos públicos com todos vocês. (...). Não tem nada escondido, não sou desses que esconde as coisas e faz as coisas pela metade. Até demoramos (neste processo para trazer a BYD para a Bahia), porque a BYD estava exigente. Nós também”, afirmou o governador.

Jerônimo se mostrou desconfiado com a ação de Flávio Figueiredo Assis, que no prazo final se mostrou interessado no espaço. "Tem quanto tempo que a Ford saiu da Bahia? E por que só agora?", questionou o petista. Em outro momento da entrevista coletiva, o governador afirmou: “Me causou ao mesmo tempo surpresa. Queria entender o que o empresário quer, se ele quer conversar conosco. Ele fez isso através da SDE, fez um documento que está sendo analisando”, afirmou.

O governador assegurou que o projeto da BYD na Bahia está garantido. Também afirmou que o governo tem conversado com os chineses para “tranquilizar” que, segundo ele, o projeto está dentro do “padrão legal e jurídico”. “Está garantido (...) A BYD está dentro do padrão. Nós seguimos todos os regramentos com a PGE (Procuradoria Geral do Estado), com a (Secretaria da) Fazenda, com o governo federal, dando alvo. Não há nada fora da lei”, acrescentou.

Proposta 

O empresário capixaba diz que, no plano, vai oferecer melhores contrapartidas que as apresentadas pelos chineses. Ele, porém, não revelou sua oferta, alegando que itens como investimento e geração de empregos devem ser mantidos em sigilo pois são critérios avaliados para a SDE escolher o vencedor. A BYD anunciou publicamente, inclusive com cerimônia no Farol da Barra com a presença do governador Jerônimo Rodrigues, a aplicação de R$ 3 bilhões em cinco anos e abertura de 5 mil vagas.

“Posso dizer que vou investir pelo menos R$ 4 bi só para começar e que vou gerar três vezes mais empregos que a BYD porque eu vou fabricar. Eles vão trazer os componentes fabricados da China e apenas montar aqui”, comparou. “Está claro que a estratégia deles é de uma operação CKD (de apenas montar as peças que vêm de fora). Os equipamentos da Ford estão novos e poderiam ser usados. Ninguém começa uma fábrica de automóveis do zero só com R$ 3 bilhões em 5 anos”, criticou Assis.

A BYD foi procurada pelo CORREIO e repetiu que não vai se pronunciar sobre a questão.

*Com informações do repórter Gilberto Barbosa com orientação do editor Rodrigo Daniel Silva