Núcleo de Atendimento à Criança e Adolescente com TEA é inaugurado com 200 vagas para atendimento gratuito

Com foco em uma metodologia transversal integrada, o local traz um programa com reabilitação, educação inclusiva e promoção social

  • Foto do(a) author(a) Yasmin Oliveira
  • Yasmin Oliveira

Publicado em 19 de abril de 2024 às 14:15

O centro fica localizado na Travessa Alto de Ondina, nº 160 (Comunidade Rua do Corte Grande)
O núcleo fica localizado na Travessa Alto de Ondina, nº 160 (Comunidade Rua do Corte Grande) Crédito: Yasmin Oliveira/CORREIO

Foi inaugurado nesta sexta-feira (19), no bairro de Ondina, o novo Núcleo de Atendimento à Criança e Adolescente com Transtorno do Espectro Autista (TEA), que ofertará 200 vagas de atendimento gratuitamente. O espaço foi criado durante a ampliação do Núcleo de Atendimento à Criança com Paralisia Cerebral (NACPC).

Com uma metodologia transversal integrada, o local traz um programa com reabilitação, educação inclusiva e promoção social, além de contar com um atendimento individualizado. “Ganhamos dois grandes laboratórios de reabilitação com equipamentos inovadores de integração sensorial, além dos outros equipamentos convencionais. Uma área, que é só de atendimento pedagógico especializado, informática e comunicação, e uma outra área para os atendimentos individualizados”, conta a diretora técnica do NACPC, Daniela Caribé.

O novo espaço funciona nas instalações do Centro Integrado de Apoio à Criança e ao Adolescente (CIAC) e pode ser acessado tanto pelo telefone do NACPC (71 99376-8140) quanto presencialmente na recepção da instituição. O atendimento também pode ser encaminhado pelas redes de saúde primária nos bairros de Salvador na lista única de atendimento criada no Sistema Único de Saúde (SUS).

Atualmente, a equipe multidisciplinar do espaço conta com profissionais das áreas da saúde, educação e promoção social, dentre eles fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, médicos, professores, professores de informática, psicopedagogos, professor de educação física, psicólogo, enfermagem e serviço social. Com as novas vagas, o espaço passará a atender 713 pessoas e possuindo previsão de realizar mais de 10 mil atendimentos por mês.

Para Tatiane Souza, de 26 anos, mãe de Nairobi Souza Moura, criança de cinco anos e autista de nível dois de suporte, a abertura do novo espaço é uma alegria. “É na infância e adolescência que temos os maiores avanços por conta da neuroplasticidade. Isso é um avanço importante para nossa comunidade, pois queremos que nossos filhos sejam adultos funcionais e que tenham habilidades para serem o que quiserem. Fico emocionada ao saber que nossa luta de mães atípicas está dando resultado”, conta a presidente do Centro Palmares de Estudos e Assessoria por Direitos e idealizadora da ação coletiva de Autismo para conseguir as terapias das crianças e adolescentes autistas.

A única preocupação de Tatiane é que a iniciativa não é suficiente para dar conta da alta demanda do atendimento das crianças com TEA. Segundo ela, apenas em Salvador, são mais de cinco mil diagnósticos. “O atendimento individualizado é importante, pois cada autista é único, e precisam de estratégias diferentes”, finaliza.

O local ainda conta com uma parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) que realiza processos de formação com as famílias para que enquanto os filhos passam por tratamento, possam fazer cursos profissionalizantes enquanto esperam. De acordo com a diretora técnica Daniela Caribé, estão disponíveis os cursos de corte e costura, doceria e culinária.

“Enquanto as crianças e os jovens estão em atendimento, essa família também é acolhida nesse propósito de a gente tentar levar a saúde para a comunidade, para a casa dessas pessoas, para que elas consigam, na verdade, entender que a reabilitação precisa ser um modelo encarado pela sociedade e não dentro do centro de reabilitação”, conta Daniela.

O auxiliar de farmácia Gabriel Santos, conta que a comunidade autista ainda sofre muito com a dificuldade de acesso a um acompanhamento de qualidade, e acredita que a abertura do espaço possa trazer mais acesso e visibilidade aos que precisam. “Eu vejo como um passo importante, mas para um começo, tendo em vista que a fila do SUS para atendimento em média de um ano a um ano e meio de espera. Ter uma criança independente e pronta para o mundo é o sonho de qualquer pai ou mãe com filho atípico”, conta o pai de Pietro Miguel.

O novo espaço fica localizado na Travessa Alto de Ondina, nº 160 (Comunidade Rua do Corte Grande) e é fruto de uma parceria entre a Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social (Seades) e o NACPC, que já funciona desde março de 2001. A inauguração aconteceu na manhã desta sexta-feira (19), onde a pretensão é um aumento no número de atendimentos, entre terapias físicas e ocupacionais, acompanhamento psicológico, apoio educacional personalizado, orientação familiar e encaminhamento para outras formas de suporte comunitário.

“Quando a gente fala de TEA, a gente fala de pessoas com paralisia cerebral também, com síndrome de Down, etc. Para todos eles, independente do diagnóstico clínico, quanto antes eles tenham acesso à reabilitação especializada, que é a nossa proposta, mais possibilidades de independência e de autonomia eles têm para que eles sejam livres no que eles quiserem fazer”, finaliza Daniela Caribé.

Para a secretária da Seades Fabya Reis, a parceria é para que seja trabalhado todas as perspectivas da reabilitação e do acolhimento. “Sem dúvida as mães que são o público maior direcionado deste cuidado e desta proteção. A gente reafirma aqui o nosso compromisso de seguir construindo políticas públicas na perspectiva do direito e de garantir portão por respeito à dignidade das pessoas com deficiência”, diz.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro